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Damião Porto: uma obra que ultrapassa certos limites!

Pintor Damião Porto

Caminhense, Damião Porto desde cedo mostrou a sua capacidade para o desenho.  Já na escola participava em inúmeras iniciativas em que a arte fosse mote. Cresceu e tornou-se um artista consciente do que faz e quer transmitir ao público. Minho Digital nesta sua iniciativa de divulgar e dar a conhecer artistas do distrito, foi ao seu encontro.

 

Como te definirias como artista?

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Como “artista”!…  Prefiro antes falar da minha obra; ela já por si define o que faço.

O que fundamenta geralmente o meu trabalho, tanto nas pinturas como nos desenhos é uma forte presença figurativa e, simultaneamente, persegue os limites do expressionismo chegando próximo do informal, ou seja, a neofiguração.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Por um lado, procuro questionar as linhas de força que atravessam esse campo figurativo (quer na pintura ou desenho), e por outro, pretendo explorar o sentido de certas formas visuais derivadas de uma estética (neo) realista, aliada à desmontagem de um certo tipo de imagens do cinema/teatro ou fotografia. No fundo, interessa-me uma obra aberta cuja liberdade de expressão me faz ultrapassar certos limites, momentos episódicos ou capítulos temáticos que no dia-a-dia me passam pelas mãos.

Qual a tua aposta no que crias?

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Diria antes, o que me faz pintar ou ter vontade de desenhar não é pelo facto de querer mostrar/expor aqui ou ali. Faço-o da mesma forma que escrevo. A pintura é uma viagem sem fronteiras, onde tiver que parar para ser vista e dialogada, ela fá-lo por si. A “minha aposta” ou interesse está naquilo a que nós chamamos “carreira”. Estou mergulhado nela, resta-me esperar que a minha obra seja um motor que faça andar o público atrás dela, independentemente do espaço.

Existe alguma mensagem que esteja subjacente e que queiras transmitir nas tuas obras?

No fundo, a mensagem é sempre uma (parte desse principio), embora com as diferentes mudanças temáticas ou o interesse por este ou aquele “assunto” não difere as suas interpretações. As sensações que aparecem, sinto-as e estou consciente como acontecem, tudo sucede naturalmente. Daí dizer sempre que a minha obra só fica completa quando encontrar o diálogo com o seu público. O espectador tornar-se ativo, a inventar os seus próprios discursos e histórias pela pintura feita.

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A minha obra existe para lá do objecto que é a suporta. Se quero o Circo, pinto o Circo. Se me apetece um gigante, faço um gigante. Se me apetece um anão, faço um anão. Interessa-me, e parece-me que volta a ser interessante, esse lado da pintura: a pintura sem escala, a pintura como janela. E aí posso fazer os jogos conceptuais que me interessam.

É talvez este o convite mais importante que a minha obra pode trazer, uma obra aberta.

 

                          Rei Lear, William Shakespeare

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                          Hamlet, William Shakespeare

                           Silvia vs Lissete, O Jogo do Amor e do Acaso, Marivaux

                          A Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente

Como tem sido a tua vida em termos de exposição de trabalhos?

Bom, nos últimos anos tem sido um contra-senso. Sinto-me no papel de artista-professor* e claro, determino (de forma limitada) o tempo entregue à minha arte. Embora pense que as minhas obras merecem uma atenção redobrada, julgo que esta aproximação entre os dois saberes (artístico e pedagógico) foi e é importante para minha carreira.

Propriamente à questão, considero que vou mostrando o meu trabalho (individual e coletivamente) em diferentes espaços/galerias e locais com alguma referência nacional.  Leciono Artes Visuais no Colégio do Minho (Viana do Castelo) e no Colégio Didálvi (Barcelos), além da formação artística – ALVO (desenho e pintura) onde sou co-fundador.

 

Em Caminha um artista tem caminho a percorrer?

Em qualquer local, um artista pode iniciar o seu “caminho” mas se procura fazer carreira, não me parece que em Caminha o faça! Deve sair, e levar consigo novas questões, novas ideias, novas criações para a sua obra; e isso só se faz lá fora (exterior) e com muito esforço, onde a arte salta e “arde” de oportunidades sem fim. Foi o que fiz, enquanto adolescente não tinha qualquer noção do que significava realização pessoal. Mas comecei a perceber que podia “remar” mais longe e precisava dar inicio a uma carreira fora de casa. Acreditei e fui em frente…

 

Que apoio, se existe, das entidades públicas aos artistas do concelho?

Vou acreditar que há um conjunto de alicerces (apoio) das entidades públicas inerentes aos/para os “artistas” do concelho. Neste momento estou um pouco “desvinculado” do que se faz por cá, mas do que oiço parece-me pouco. Existem poucos artistas, no termo da palavra, e acho que deviam convidar e promover a Arte ao nosso concelho, com outros intervenientes, projetos, etc. Entendo que  as entidades públicas têm que fazer o trabalho delas. Porque também são agentes culturais e no meu entender nem sempre o fazem bem (ou melhor, fazem-no para alguns, os mesmos de sempre. Não deveria ser!).

Existem espaços que têm que estar abertos todo o ano e que precisam de apoios sustentados, de apoios diferentes daqueles que um artista necessita para elaborar um projeto pontual. Necessidades diferentes necessitam apoios diferentes. É fundamental!

 

Aqui ficam patentes  alguns trabalhos de Damião Porto, naquela que  foi a sua última mostra coletiva: “Telling Stories”, Hotel Conrad,  Algarve (a convite da Private Gallery).

 

O reconhecimento e honroso convite da consagrada Private Gallery 

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