Editorial

DE COMO UM ‘SIM’ PODE DESENCADEAR GRANDES SARILHOS
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Zita Leal

Já vos estou a imaginar “ sins! “ em bocas sorridentes à beira de altares. Também esses e especialmente esses deveriam ser mais cautelosos quando saem risonhos de bocas felizes de noivos apaixonados. Mas a história agora é outra.

Quase meia noite, olhos piscos a pedir cama e um telemóvel a cair de velho a dar sinal de mensagem. Apresso-me com pressentimento de desgraças que os tempos ainda são de covid e leio um recadinho do 2424: daí a dois dias uma nova dose me esperava. Necessário confirmar com Sim ou Não. Fácil, já se vê. Fácil se eu não fosse analfabeta nestes caminhos novos da comunicação mas… De repente vieram-me à lembrança os bilhetinhos de amor em que só precisávamos de dobrar um cantinho de papel para o colega de carteira perceber se aceitávamos namorar com ele. E não fui de modas: carreguei no Sim. Num ápice (é só para demonstrar a mim própria que não sou 100% analfabeta) recebo uma mensagem a sossegar-me “ A sua mensagem foi enviada para A….” Este amigo de quem omito o nome para não o  comprometer mais acabara de receber no seu telemóvel um SIM. Não sabendo desfazer o engano corro ao quarto de dormir , acordo o meu homem já nos braços de Morfeu e peço ajuda. Imaginam a reacção… Não solucionou o problema, nem quis saber das possíveis consequências conjugais que poderiam estar a acontecer no outro casal, queria era que o deixasse sossegadinho no quente dos lençóis. Fiquei danada a ruminar vinganças e o almoço irá ter peixe cozido no prato.

Faço votos para que a esposa do meu amigo não goste de passar os olhos pelo telemóvel, caso contrário ele não vai saber explicar a razão daquele SIM. É de desconfiar, não acham? Pelo sim, pelo não, escrevi no “mensageiro” a explicação mas como já passaram três dias e não obtive resposta, receio que o meu amigo ainda não tenha ido ao face e por isso se esteja a ver em palpos de aranha para justificar um Sim comprometedor.

Vou dizer só mais uma coisa: a maior parte dos idosos como eu, não sabe movimentar-se bem nestes meios novos de internetes e afins. Alguns nem telemóvel terão. É bom que o SNS encontre modo de comunicar connosco sem estes meios de comunicação para os quais não estamos preparados.

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