A demagogia dos factos no seu esplendor

José Adriano Alves

Deputado Municipal e Militante do PS/Monção

Confesso que tive imensa dificuldade em escolher um título para o artigo de opinião que se segue. Não por falta deles, mas porque a variedade era tanta, e todos sugestivos, que me dificultaram a escolha.

Temos assistido nos últimos tempos em Monção, por parte do PSD local, a um desfilar de (no entender deles) factos, que da forma como são relatados, poderia levar os eleitores a pensar que Monção esteve nos últimos quatro anos a ser governado por este partido.

Nada mais errado. O PSD de Monção, ao longo dos últimos quatro anos não votou favoravelmente um único orçamento municipal. Ora votou contra (por duas vezes), ora se absteve. Por isso reivindicar factos revela uma extrema demagogia. Desde logo, quando se aproveitam do trabalho realizado pelos outros, neste caso pela governação do Partido Socialista.

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Neste processo de reivindicação dos factos, é penoso o comportamento do PSD, que os leva até a considerar-se responsáveis pelo corte dos arbustos na rotunda do “centro de saúde” e pela “remoção das bolas” num estacionamento!

Pena é que este PSD, na sua ânsia desmesurada de assumir para ele o que outros realizaram, não tenho referido por ex. a questão das escolas de Monção. Aquilo que na altura, (eleições legislativas) dava como resolvido, afinal, como as pessoas informadas sabiam, não estava nada. Existiam processos a decorrer em tribunal, por isso o problema não estava resolvido, enquanto não fosse conhecida a sentença. Mas, o PSD, não se coibiu de “enganar” a comunidade educativa de Monção, em troca de alguns votos nas eleições legislativas.

Assim como não refere, apesar de agora se mostrar muito interessado nas associações e coletividades, que em 2014, pelo menos por duas vezes, não participou na votação que permitiu a autorização do pagamento das transferências (duodécimos) a essas mesmas instituições.

Também não refere, o seu sistemático voto contra os pedidos de empréstimo a curto prazo, sendo o CDS-PP a viabilizar as propostas.

O PSD é, utilizando aquele conhecido provérbio, apologista do “querer sol na eira e chuva no nabal”.

O PSD de Monção, saudosistas do “orgulhosamente sós”, também nada refere, no seu elenco de factos, talvez porque lhe interessa esquecer, que na reunião de Câmara, a propósito da inauguração do Museu do Alvarinho, o seu vereador, candidato a presidente da Câmara, disse que “viu serem servidos vinhos de Melgaço, aceitando que lá estivessem, mas que não deveriam ter sido servidos”.

Assim, como nada refere, mas que era importante para os eleitores decidirem em consciência e de acordo com a realidade dos factos, que a propósito da operação de loteamento com obras de urbanização, onde hoje está localizado o “Rio Park” tenha, através de dois dos seus vereadores dito que “não viam no empreendimento uma mais valia para o concelho”, “nem viam de onde viria a gente para dinamizar e desenvolver este tipo de negócio, pelo que não estavam dispostos a aprovar este projeto”.

Poderia igualmente o PSD dizer à população de Monção e concretamente à Banda Musical de Monção que o edifício onde hoje está localizada a sua sede, nunca partiu da vontade dos vereadores do PSD, que na altura (junho de 2015) pela voz do seu líder, referiu, “nunca foi favorável à construção da sede da banda naquele local, situação que lhe parece um erro crasso”.

Também poderia dizer à população de Monção, nomeadamente às associações, coletividades e juntas de freguesia, que foi o PSD, aliado ao CDS-PP que aprovaram uma proposta de atribuição global de trinta mil euros a uma ZIF, criando um precedente grave, representando um tratamento de privilégio, comparativamente às regras a cumprir pelas restantes associações e coletividades para receberem transferências do município, assim como as juntas de freguesia, que são feitas por duodécimos.

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Mas, como é fácil adivinhar, estes “factos” não interessa divulgar. O PSD, interessa-lhe os factos que “colem” com a realidade que criou para que os eleitores menos atentos os aceitem. Também foi assim com a famigerada governação nacional do “defunto” governo PSD/CDS-PP. E deu no que deu.

Nota: Durante a Assembleia Municipal de Monção onde estes e outros factos foram por mim referenciados fui alvo de ataque pessoal por parte de um infeliz deputado, “camaleão” que até já militou no Partido Socialista. Posteriormente nas redes sociais e caixas de comentários da rádio Vale do Minho, sob a forma de anonimato os energúmenos voltaram a atacar. Mas, factos são factos. Esses não conseguem desmentir. Por muito que tentem, não me conseguem calar. Ao longo do meu mandato como deputado, nunca tive “papas na língua”. Mesmo quando me referi, em alguma situação, à gestão do meu partido em termos pouco simpáticos. Fui eleito para representar os eleitores de Monção. Outros apenas vestem a camisola partidária, ficando sentados nos seus lugares a apupar os que fazem deste lugar um espaço de debate democrático, ou a “fugirem” da sala porque o que é dito não serve os seus interesses particulares ou políticos. A política não é isto. A política deve ser feita com elevação. É essencial, mas que esta gente não entende. Por isso devemos eleger pessoas com qualidade, interventivas, defensoras das suas terras e das suas gentes e não “marionetas”. Quem não quiser fazê-lo ou não souber, resta-lhe as redes sociais e o anonimato. Aí podem denegrir e “lavar a roupa suja”. É apenas para isso que servem. Comigo não contem para esse papel. Apesar de, aparentemente, parecer mais cómodo, porque não nos sujeitamos a “arranjar mais uns inimigos” nem a ser atacados na nossa honra pessoal.

Pela “amostra”, os próximos tempos eleitorais adivinham-se conturbados. Não se olham a meios para atingir os fins. Os “cães de fila” estão aí prontos a morder nos que têm ideias e pensamento próprios. Deixemo-los apenas a salivar.

José Adriano Alves

Deputado municipal e militante do PS

 

 

 

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