Editorial

Depois
Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

Estamos numa época em que a falta de tempo nos obriga permanentemente a adiar a resolução de alguns problemas. Deixamos por vezes, para depois, aquilo que mudaria radicalmente a nossa qualidade de vida.

O dia, a semana, o mês e o ano, passaram rapidamente e de repente encontramo-nos com 60 ou 70 anos sem aproveitarmos corretamente esse tempo.

Como sabemos que o tempo não para, temos que tomar as nossas opções. Ficamos presos assim, a assuntos que deveriam ter sido resolvidos anteriormente. Por isso, naquele momento, vamo-nos desviar dos valores da família ou do lazer além ficarmos em “stress” desnecessário.

Eles, por verificarem o nosso desinteresse, pensaram que não queríamos mais pertencer a esse ciclo de amizades. Quando nos apercebemos, até o amor das nossas vidas nos deixou porque desleixamos a preferência da sua presença. Mas o tempo não recua e aquela mágua fica para sempre.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Nunca evite fazer aquilo que lhe dá prazer por falta de tempo. Não deixe de viver a solidão ou partilhar a vida com alguém só porque não é oportuno.

Mais tarde ou mais cedo, a família ficará reduzida porque os seus filhos também desejaram ter o seu lar. No futuro ficará certamente mais só, logo, deve preocupar-se com o seu próprio tempo sem o deixar para depois.

A palavra “depois” deve ser eliminada. Deriva do latim de + post e do galego/português medieval “depoys”. É um advérbio de tempo ou de lugar. Mas é mais o tempo que nos perturba a vida.

https://dicionario.priberam.org/depois

– Depois telefono-te;

– Depois vou fazer;

– Depois digo-te;

– Depois modifico;

– Depois paro para pensar nisso.

O pior é que depois:

– A prioridade muda;

– Perde-se o encanto;

– É tarde;

– As coisas mudam;

– Os filhos crescem;

– As pessoas envelhecem;

– Esquecem-se as promessas;

– E a vida acaba.

Já agora lembramos:

Fernando Pessoa disse: “Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois poder. Quem quer nunca há de poder, porque se perde em querer.”

Para Confúcio: “A nossa maior glória não reside no facto de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.”

Será que o grande problema dos nossos governantes é: “deixarem para depois aquilo que já hoje é urgente?”

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