Jorge VER de Melo
Professor Universitário
(Aposentado)
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A população portuguesa anda toda excitada pelo facto de o Governo começar a falar em desconfinamento. Mas a realidade é que o cidadão comum já desconfinou em pelo menos 75% das famílias. Só falta poderem ir trabalhar pois existem alguns problemas relacionados com transportes, ensino e disciplina.
Mas a questão está muito além da vontade de todos nós.
Começa a notar-se uma descontração especial das pessoas jovens que assusta os mais cuidadosos.
O facto de todos estarmos ansiosos pela anterior liberdade de circulação e por um cotidiano considerado normal, não é suficiente.
Além de perigoso, como foi provado pelas liberdades anteriores, pode precipitar a paz conquistada em novo terror com recuperação ainda mais demorada do que essa.
A realidade dos factos diz-nos que em princípio nem necessitaríamos de tanto desconfinamento, mas a irreverência e a indisciplina até agora demonstradas por muitos cidadãos, obrigam a que o Governo imponha esta situação também por falta de capacidade para uma vigilância mais musculada e acompanhada de eficiente número de penalizações.
Infelizmente o povo latino tem o vício do incumprimento, dá-lhes um certo prazer!…
Agora, temos que mudar, estamos a tratar de questões relacionadas com a vida ou a morte e com isso não se brinca. Que se saiba de fonte segura, todos temos um tempo para viver neste planeta, devemos aproveitar esse tempo da melhor forma possível e não precipitar um fim precoce à nossa existência.
Volto a frisar, tudo teria sido mais fácil com um sério contributo disciplinar:
- Só há poucos dias começaram a cumprir aquilo que vinham afirmando, “testar, testar, testar”;
- Todos sabemos que é urgente “desinfetar, desinfetar, desinfetar;”
- Utilizar um valor máximo de defesas como o distanciamento;
- Insistir no isolamento sempre que possível;
- E o já habitual uso da máscara com as devidas regras porque sem elas apenas serve para atrapalhar;
- Claro que com as vacinas e os novos medicamentos tudo melhorará.
Podemos ainda verificar que um grande número de pessoas procede como se a pandemia só existisse para os outros e se algum dia tiverem problemas será porque “os outros não se portaram bem”.
Já falam numa nova vaga espalhada pelo planeta, os números e as variantes assim o confirmam. Mas as pessoas continuam a querer desconfinamento já. Ele até deveria estar implementado se não fosse a irreverência da maioria das pessoas.
Todos sabemos que:
- Os estabelecimentos poderiam perfeitamente funcionar se todos cumprissem as regras;
- Todos poderíamos trabalhar se os transportes coletivos funcionassem com o distanciamento obrigatório;
- Seria simples frequentar restaurantes, cafés, etc., se a higiene e o distanciamento fossem cumpridos;
- Todas as crianças poderiam frequentar as escolas com uma testagem permanente e vigilância séria ao distanciamento;
- Poderíamos frequentar as praias se cumpríssemos as regras sanitárias incluindo a colocação das máscaras no lixo e não no chão;
- Poderíamos frequentar ginásios, piscinas e eventos culturais se todas essas regras fossem permanentemente cumpridas, etc.
Apenas queremos salientar que se estamos nesta situação tudo se deve ao mau comportamento do Ser Humano.
E se as atitudes Governamentais que até agora andaram a ver se conseguiam poupar algum dinheiro passarem a tentar poupar mais vidas?
Talvez, com estas condições, consigam acabar com o raio da pandemia!…