Editorial

Desfruta o dia até que um imbecil tu arruíne
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

Esta citação do Woody Allen lembra algumas peripécias que vão acontecendo no nosso país.

Estamos na época da fraternidade, da amizade e da família, o Natal. Por isso acontecem imensos eventos com objetivos comuns de apoio aos mais desfavorecidos.

Embora o vulgar cidadão seja fortemente motivado para essa colaboração nesta época do ano, os nossos deputados, o Governo do Estado português e algumas empresas de topo, permanecem insensíveis a toda e qualquer ação de bem-fazer.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Depois de lermos um texto de autor desconhecido, enviado por um amigo, resolvemos investigar e divulgar o escândalo que está a passar-se nestas campanhas de solidariedade.

Existem lapsos dos nossos legisladores que os colocam muito mal nesta e noutras situações.

Quem doar algo para uma instituição de solidariedade social, não está a colaborar apenas com essa instituição mas também a pagar uma parte ao Estado e outra boa percentagem para a empresa que coordena a operação.

Ou seja, está a pagar IVA (Imposto de Valor Acrescentado) tal como se comprasse um objeto de luxo ou para consumo próprio.

Mas se comprarmos bens alimentares para serem entregues aos mais desfavorecidos ou fizermos telefonemas de valor acrescentado com idêntico fim, essas empresas não abdicam do seu lucro habitual.

Quer isto dizer que ao contrário do que se passa noutros países, aqui em Portugal, os nossos legisladores, pensamos que por simples lapso ou desatenção, fazem destas situações um negócio com largos proveitos para o Estado e para as empresas intervenientes.

Isto identifica de forma muito feia a postura dos políticos portugueses perante a solidariedade. Já que solidariedade é uma atitude nobre de colaboração entre Seres Humanos ou entidades que o representem. Implica: cooperação, bondade, identidade, simpatia com interesses e propósitos mútuos.

Quem pratica a solidariedade é solidário. Do latim “solidus” = “firme, inteiro, sólido” e do Francês “Solidaritè” = “responsabilidade mútua”.

Dá a sensação de que estamos a lidar com a vulgar “esperteza saloia” que nem respeita os mais necessitados, perdoem-nos os respeitáveis saloios.

Na campanha da “Luta contra a fome”, segundo os órgãos de informação, foram apuradas cerca de 2644 toneladas de alimentos. Então, segundo um ensaio do autor do texto que consultamos, atribuindo 0,50 euros por quilo de alimentos, resulta em 1.322. 000 euros faturados pelos supermercados colaborantes. Se o IVA fosse todo a 23%, o Estado apuraria 304. 000 euros e os supermercados, a 30% de lucro resultariam 396. 600 euros.

Mesmo que estes cálculos estejam com uma margem de erro elevada, demonstram que os pobres a quem é dedicada toda a tarefa, estão a perder por subtração moralmente errada e antissocial, cerca de 700. 000 euros.

Vamos a outro caso.

Devem lembrar-se que o peditório para auxílio às vítimas do temporal na Madeira rendeu 2. 880. 000 euros de onde foram entregues apenas 2.000. 000 porque 880. 000 foram desviados:

– 17% para a PT que representam 0,10 euros, diferença dos 0,50 para 0,60 euros em cada chamada telefónica;

– 20% para o Estado, também por cada chamada, subtraindo 0,12 euros,  valor do IVA sobre 0,60 euros.

Esta operação é simples:

– As pessoas generosas e de boa-fé entregam 0,72€ por cada chamada telefónica, 0,60€ mais IVA, como ato de solidariedade para com os seus compatriotas;

– Os madeirenses, vítimas da desgraça, apenas recebem 0,50€ porque cerca de 30% são desviados aos pobres para somar aos desperdícios e aos lucros de quem é insensível a estas coisas.

Demonstram assim o respeito que lhes merece o dinheiro, “mola real da vida”, mas também o desrespeito pelo mal que estão a fazer aos seus próprios compatriotas/vítimas da desgraça causada pela natureza.

Não importa de onde vem esse dinheiro, é fundamental que ele apareça.

Para quê e porquê? Cada um conclua como entender.

Será que existe tanta gente sem escrúpulos a ver apenas um cifrão em cada Ser Humano?

Haverá algo que justifique este desvio de verbas a pessoas tão destruídas pelas desventuras da vida?

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