Editorial

Dias difíceis
Picture of Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Partilhar

Nestes últimos tempos o país passou dias difíceis, há que recordar, mas ainda não encontramos uma única confissão de culpa dos nossos Governantes no que diz respeito à falta de competência ou de preparação para o estabelecimento de regras, ordens ou coordenações dos graves problemas surgidos nos últimos anos.

Encontramo-nos num país entregue a políticos isentos de culpa em todas as asneiras que cometem.

Tanto faz tratar-se da esquerda, da direita ou do centro. Não interessa a catalogação dos políticos, mas na verdade eles nunca se apresentam como culpados seja do que for.

Há sempre um desgraçado que por cumprir ordens mal dadas, acaba por carregar com as culpas sem direito a defesa pois se o fizer ou acusar quem lhe deu tais ordens, acaba mais penalizado ainda pois quem manda está devidamente equipado com regras e processos que não só os ilibam de todas as patetices cometidas como ainda lhes oferecem poder para agredir quem queira defender-se.

Senão vejamos:

Incêndios florestais agora em julgamento;

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Agressões policiais nos bairros pobres de Lisboa e Porto;

Excessos e limitações em tempos de pandemia;

Orientações e desorientações no ensino e na investigação;

Aplicações erradas ou mal justificadas dos dinheiros públicos;

Crimes graves de influência política nos negócios e empréstimos que se encontram em incumprimento;

Prejuízos fabulosos que levaram o país à banca rota, sem avaliação da justiça, etc.

Estes são apenas alguns dos mais conhecidos indicadores.

Restam-nos os bons serviços prestados pelo Contra-Almirante Gouveia e Melo na coordenação da vacinação contra a pandemia. Certamente, os nossos Governantes nem pensaram o quanto útil seria essa pessoa nesta tão difícil situação.

Na desorientação dos desastres e incapacidade política provocados pelos incêndios florestais quem é que foi agora chamado a tribunal? Presidentes de Câmara, Comandantes de Bombeiros, etc. Claro que todos sabemos, tanto uns como outros atuam conforme o dinheiro e as condições de trabalho que o Governo lhes faz chegar.

Quanto às agressões policiais nos bairros pobres de Lisboa e Porto está tudo errado. Não conseguem demonstrar verdadeira distinção entre quem anda a prejudicar a sociedade ou quem pretende defendê-la.

As forças policiais não sabem se devem defender a justiça ou o próprio corpo, assim como a população que é toda considerada fora da Lei. Assim, as pessoas sérias ficam no dilema de saber se devem defender a justiça ou defender-se da justiça, pois quem continua a dar lérias naquelas zonas são os políticos e a malandragem de quem todos têm medo.

As políticas dos excessos e limitações em tempos de pandemia têm-nos levado, por vezes, a perigosas situações de vida ou de morte, “sem culpados.”

Poucos são os casos que chegam a tribunal em que a responsabilidade da aplicação dos dinheiros públicos foi posta em causa. Mas o dinheiro, onde está? Como é possível não se conhecer o rasto de verbas tão elevadas? Será falta de competência? Por onde passou tanto capital? Estavam todos distraídos? Dará jeito a alguém que as coisas funcionem assim?

Como é possível levar um país inteiro à banca rota e ninguém ser neste momento politicamente culpado, mesmo fazendo vida de milionário?

Aqui parece-nos ser assim:

Quando as coisas correm bem, todos os políticos estiveram presentes e contribuíram até com o seu trabalho, mas se correm mal arranja-se um culpado.

E os Governantes? Vão continuar a funcionar ao abrigo de uma Lei de proteção política que a maioria dos países civilizados já aboliram?

Valha-nos o ato eleitoral! Enquanto existir…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas