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Diretor do CENFIM-Arcos defende “partilha” de alunos e de recursos na rede de cursos profissionais

É preciso acabar com os interesses corporativos que não são os da comunidade. O diretor do CENFIM-Núcleo de Arcos de Valdevez reclama uma “partilha” de formandos e de recursos (humanos e físicos) para redimensionar o ensino profissional em torno do estabelecimento de parcerias e do trabalho colaborativo.

O desafio que António Luís difunde em entrevista ao Minho Digital parece um “sonho difícil de concretizar”, como o próprio acaba por admitir, mas, sem as barreiras existentes, seria precursor ver um aluno de Mecânica frequentar a componente teórica em contexto de sala no Agrupamento de Escolas de Valdevez (AEV) e, complementarmente, fazer prática simulada nos espaços oficinais do CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica.

Ora, segundo o diretor do CENFIM de Arcos de Valdevez, a evolução da economia, associada a problemas regionais (que são nacionais e europeus também) como a baixa natalidade, exige um trabalho conjunto das instituições que têm na sua oferta formativa o ensino profissional. “O que acontece é que há uma grande mudança no tecido económico, com investimento estrangeiro, pelo que era ajustado e interessante, em termos de sustentabilidade futura, que todos percebessem que nós, mais do que tirar pessoas/alunos, poderíamos ser parceiros e fazer a parte científico-tecnológica e de prática simulada dos cursos em colaboração com o AEV ou a EPRALIMA”, diz.

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O diagnóstico, portanto, está feito. “A visão de cada um no terreno ou de cada instituição prova que a gestão dos recursos humanos no território nem é sistémica nem deve ser vista à luz corporativa da instituição X ou Y”. E o que se ia ganhar com uma conjugação de esforços? “Ao atuar em conjunto com eles [AEV e EPRALIMA], teríamos, com certeza, uma partilha dos mesmos formandos e, no final dos cursos profissionais, ter-se-ia uma empregabilidade mais ajustada para radicar cá os jovens, aumentar a natalidade a prazo e melhorar a economia em termos globais”, aponta.

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Sob o “chapéu” do desígnio nacional, António Luís adianta que não há razão para não se olhar, por exemplo, para os Açores, “que tem menos probabilidades de futuro para as suas gentes”, da mesma maneira que “França, Suíça e Alemanha fazem connosco: tentar chegar às comunidades, dar-lhes oportunidade, instalar cá as pessoas, formá-las e dar-lhes um futuro na região”, preconiza.

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Ação de cariz social beneficia menino Dinis

O CENFIM-Núcleo de Arcos de Valdevez promoveu uma campanha de recolha de tampas plásticas nos 13 núcleos da instituição para ajudar a custear os tratamentos do menino Dinis, de Cabreiro, vítima de um severo traumatismo cranioencefálico quando tinha dois anos.

A cerimónia de entrega das tampinhas, sob o mote “Força, Dinis”, ocorreu no dia 8 de fevereiro, na presença do rapaz de 11 anos e da mãe, que agradeceu a coleta de 300 kg de material (o equivalente a 150 euros). Para além de comparticipar um pouco nas despesas relativas ao tratamento prescrito por uma equipa médica cubana, esta iniciativa vincou a importância da sustentabilidade ambiental.

António Luís lembra que “o CENFIM é certificado segundo cinco referenciais normativos, um deles referente à responsabilidade social e, através da nossa comunidade, sejam alunos, professores e colaboradores, devemos refletir isto numa ação autêntica no terreno. Esta diligência deu muito trabalho, embora os valores materiais envolvidos não sejam significativos. Demonstra, acima de tudo, uma postura de serviço à comunidade e a pensar naqueles que mais precisam”.

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Seis questões a António Luís, diretor do CENFIM-Núcleo de Arcos de Valdevez

“É sinónimo de emprego ter formação em profissões do setor da metalomecânica”

1. Que aspetos destaca da nova oferta formativa do CENFIM?

[…] Pretendemos responder às necessidades das empresas do nosso setor. Estamos a fazer divulgação para começar com três ou quatro ações. Veremos a adesão dos Centros de Emprego.

Este ano, o CENFIM não tem as cativações que teve no ano passado, pelo que vamos estimular mais a adesão às nossas ofertas formativas através de incentivos como bolsas, subsídios de transporte e alimentação, mesmo para os ativos que façam mais de cem horas (ações qualificantes).

2. A que públicos pretende chegar o CENFIM?

Podemos atuar, justamente, sobre pessoas que estão a trabalhar nas empresas e que precisam de especialização ou aquisição de mais competências, fazendo percursos em horário pós-laboral, sem encargos para os empregadores. Também podemos ‘pegar’ em pessoas indiferenciadas que trabalham noutras áreas, com ordenados baixos […], para depois se candidatarem a empregos nas empresas do nosso setor e terem uma perspetiva de carreira mais sustentável (e mais bem remunerada).

E, também, pretendemos trabalhar com pessoas desempregadas de mais longe. Já temos a possibilidade de fazer formação em sala em Vila Nova de Cerveira e Valença, sendo a restante formação realizada nas oficinas e laboratórios do CENFIM (Arcos de Valdevez).

3. Quantos grupos estão em processo de formação no Núcleo de Arcos de Valdevez?

Estamos a trabalhar com pessoas ativas, nomeadamente com cinco prestações de serviço (Sarreliber e Acco Brands), e temos em curso duas formações à noite de longa duração e outra de dia.

4. O setor da metalomecânica está em contínua expansão. Quais os resultados de 2017?

Em 2017, […] o setor representou mais de 30% das exportações nacionais. A região norte tem atraído muitas empresas, já se fala no eixo exportador da Maia até Barcelos e Braga, passando por Trofa e Famalicão, sem esquecer o Alto Minho, que tem alocado investimentos.

5. Como é que a indústria metalomecânica olha para os desempregados da região?

É enganadora a taxa de desemprego de 8% (ou menos) que se diz existir no Alto Minho, este número não é objetivo, porque há uma parte de desemprego não declarado relativo a pessoas que, sem estarem inativas, não querem, porém, aceitar um emprego, pois têm uma condição económica de autonomia e de proximidade familiar, em setores da agropecuária e afins. É, se calhar, um contexto mais favorável do que ter de sair da zona de residência.

6. Diga boas razões para ingressar no CENFIM.

As boas razões passam por uma formação reconhecida/certificada e por termos meios e condições para que as pessoas, pela via técnico-científica, […] possam enfrentar o desafio do primeiro emprego ou do emprego reconvertido no setor da metalomecânica. A terceira razão é que ter formação em profissões deste setor é sinónimo de emprego mais qualificado e mais bem remunerado.

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