Editorial

As dívidas do povo português
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Jorge VER de Melo

Os especialistas em contas inventam termos técnicos para demonstrarem os seus conhecimentos esquecendo que a generalidade das pessoas não entende o conteúdo dessas palavras e, por isso, passam a infoexcluídos (termo técnico da comunicação que quer dizer; “pessoas que não têm possibilidades de receber nem fornecer informação”).

Esta e outras dificuldades fazem com que o simples cidadão consiga muito dificilmente assimilar, ou não, o que lhe é informado sobre a economia do país. Assim os políticos têm o caminho aberto para dizerem e fazerem, mal ou bem, o que lhes dá mais jeito, sempre baseados e inspirados no espírito partidário.

Vamos então, muito rapidamente, entender o significado de algumas dessas palavras:

PIB, Produto Interno Bruto. Representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos em determinada região, neste caso Portugal;

– Dívida pública surge quando o Governo fica a dever dinheiro porque pediu emprestado. Isto acontece se a arrecadação dos impostos ou a gestão financeira não conseguem atingir as verbas necessárias para liquidar compromissos ou para encetar empreendimentos importantes para a evolução do país;

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– Dívida externa é o conjunto de compromissos monetários fora do país. Agrava-se quando o Governo tem que pedir dinheiro emprestado, faz demasiadas importações ou tem juros de empréstimos para pagar;

– Dívida interna é quando isso acontece dentro do país, neste caso engloba também os serviços prestados ao Estado e todos os compromissos tais como: pagamento das reformas, ordenados da função pública, obras públicas, etc.;

– Défice orçamental acontece quando as receitas previstas são inferiores às despesas propostas.

Claro que faltam aqui imensos termos que não são incluídos para não tornarmos este texto mais enfadonho. Acho que com estas poucas palavras já ajudamos o leitor a entender razoavelmente o problema monetário que os nossos governos nos arranjaram.

Não desanimem! Isto acontece em todos os países, só que em Portugal exageramos um pouco mais. Quando se dirige algo que é público apenas se objetiva tirar o máximo proveito para a sociedade, sem lucros, procurando apenas a sustentabilidade. Para que se entenda melhor, quando existem lucros, as verbas são destinadas a outras entidades como, por exemplo, à entidade patronal, mas quando se trata da coisa pública o objetivo é oferecer diretamente o melhor resultado do serviço aos cidadãos (teoricamente).

Temos a sensação de que os economistas andam um pouco obcecados pelas suas teorias desatualizadas, deveriam ponderar mais nas opiniões dos sociólogos. Não é necessário estarmos aqui com muitas citações, basta darmos atenção à história para corrigirmos erros básicos, verificarmos onde se encontra a estabilidade e assim aprendermos a fazer como eles.

Vamos à história. Se lerem o que se passou com a evolução da máquina durante a revolução industrial entre 1760 e 1840, encontrarão os problemas sociais que ela provocou substituindo o Ser humano e colocando milhões de pessoas no desemprego. Entretanto tudo foi resolvido com a subida do nível de vida da sociedade, com um horário de trabalho de oito horas em lugar do horário de sol a sol e orientando as condições sociais de acordo com a evolução das situações económicas o que originou uma sociedade mais justa e muito mais auxiliada pela máquina como verificamos nos nossos dias.

Hoje passa-se, na prática, uma situação idêntica. Só que agora estamos a lidar com a inteligência artificial e com a robótica.

Quer queiram ou não, se pretendemos tirar o verdadeiro partido das novas tecnologias com menos desemprego e mais qualidade de vida, temos que reduzir de oito para seis horas o tempo de trabalho como já está a ser testado na Suécia com ótimos resultados.

O homem quando inventa estas coisas tem como objetivo adquirir mais qualidade de vida.

Como fazer? Basta simplesmente copiar o que se faz no Norte da Europa, pagando ordenados semelhantes e dando condições de trabalho parecidas, ou será que não somos Seres humanos com inteligência e capacidade de trabalho idênticas? Já o demonstramos!

Melhores remunerações pagam mais impostos, provocam mais consumo o qual origina mais emprego e mais taxas pagas diretamente ao Estado. Logo, o Estado fica mais rico passando a servir melhor o cidadão e evitando uma carga de impostos tão desproporcionada e injusta.

Fica uma pergunta:

– E se tentássemos construir o futuro em função da felicidade e não do dinheiro?

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