Jorge V.E.R. de Melo
Consultor de Comunicação
Temos a alegria de sentir que a divulgação da cultura tem sido um facto no nosso Minho e no país em geral.
Nota-se o esforço, na maioria dos casos, de uma preocupação exigente quanto à qualidade das escolhas.
Aprendemos a organizar festivais de renome internacional que atraem um elevado número de estrangeiros e ajudam a divulgar as nossas particulares ofertas turísticas.
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Por exemplo:
– No “Festival EDP” de Vilar de Mouros estiveram 26.000 espectadores, 165.000 pessoas no “NOS Alive” em Algés, no “MEO Sudoeste” em Zambujeira do Mar estiveram 200.000 pessoas, já o “Vodafone” de Paredes do Coura teve 105.000 pessoas, mas o “NOS Primavera Sound” no Parque da Cidade do Porto teve cerca de 90.000 espectadores, tal como o “MEO Maré Vivas” na praia do Cabedelo, mais 95 mil no da Figueira da Foz, 100 mil no do Crato em Portalegre, o “Sol da Caparica” teve 65 mil assistentes, 56 mil festivaleiros no “Super Bock Super Rock” no Parque das Nações, o “Neopop” em Viana do Castelo deve ter concentrado cerca de 27 mil pessoas e assim sucessivamente.
Estamos a formar ótimos artistas mas descuidamos a preparação do público/espectador.
Tratando-se de gente cujo espetáculo está na moda, normalmente temos público, mas quando são artistas conceituados que enchem salas fora do país, pouco público aparece, principalmente se têm que pagar ingresso.
Chocou-nos a falta de audiência num ótimo espetáculo que assistimos no Cineteatro dos Bombeiros, em Vila Praia de Âncora, no passado dia 9 de Dezembro.
O “Fado Violado” é um projeto que nasceu em 2008, promovido por Ana Pinhal, com uma voz invulgarmente agradável, e Francisco Almeida, dedilhando de forma excecional, a viola “guitarra flamenga”. De salientar que estes dois elementos são fundamentais na interpretação das composições.
Eles apresentaram o seu trabalho “Jangada de Pedra”, título talvez inspirado no romance de José Saramago.
Por terem estudado flamengo, entenderam que tinham condimentos suficientes para interpretarem o fado sem a “guitarra portuguesa” substituindo-a pela viola ”guitarra espanhola” e pela interpretação vocal a roçar o flamengo o que transforma o espetáculo em algo sui generis (no bom sentido).
O grupo é composto por mais quatro elementos que funcionam como suporte do espetáculo: um percussionista, um baixo e duas vozes femininas.
A receita reverteu a favor desses valentes soldados da paz, os Bombeiros de Vila Praia de Âncora. Nem por essa razão apareceu mais público.
Devem existir problemas com a divulgação destes espetáculos. Lamentavelmente, ainda não está devidamente organizada, nem atempadamente nem de forma abrangente. As agendas culturais chegam tardiamente aos locais de distribuição e a informação sobre os espetáculos é muito reduzida ou inexistente.
Estas manifestações culturais funcionam também como motivação para a atração turística, atividade económica importantíssima para o desenvolvimento industrial e comercial desta região.
Por isso, com tanta qualidade artística, não será urgente uma informação mais eficiente?