Editorial

Diz só!
Nadir Faria

Nadir Faria

 

Nadir Faria

Cooperante

Tenho uma amiga daquelas que não são amigas comuns. Daquelas com quem nunca fui dar um passeio ou conversar numa esplanada. Mas daquelas que me dá um abraço e fica feliz por me ver quando nos encontramos! Daquelas que admiro! Especialmente, pela força!

Conhecemo-nos por causa da profissão dela. Gosto sempre tanto de a encontrar! Contamos muitas coisas uma à outra. Prometemos que tiraremos tempo para o tal momento de esplanada!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

No último encontro, no início do ano, no atelier dela, ainda não na esplanada, contei-lhe um “segredo”. Contei-lhe que os meus irmãos do meio tinham ido a um concurso de televisão e tinham ganho o prémio máximo. Euforia! Num programa de cultura geral! – dizia. Quando vamos poder ver? – perguntava. Eu não sabia. Sabia apenas que estavam a fazer gravações de vários programas por dia. Restava aguardar com expectativa. Apesar do feito ser apenas de dois, ela disse-me o quão orgulhosa estava por todos, pela nossa família! Que há muitos que não sabem tudo o que somos capazes, os passos que já demos, a partir de uma aldeia e com origens humildes!

O programa passou na televisão na semana passada! Apesar de já conhecermos o resultado, vibrámos desde o início. Os miúdos que estão connosco, na sua inocência, não entenderam que já estava gravado e saltaram a cada resposta certa!

Foi tão bonito ver a minha família na televisão. Foi bonito por saber quem são e o que os levou lá. Foi extraordinário o brilho nos olhos da minha irmã e foi extraordinária a calma e a coragem do meu irmão. Surpreendeu – ou não surpreendeu, quando referiu que qualquer que fosse a quantia arrecadada seria para comprar tempo. Quantos de nós já pensamos em comprar tempo?

De todos os lados chegaram mensagens, para mim, para eles, para a família. Mensagens de orgulho! Sei que a minha amiga também renovou o seu orgulho.

Desde a altura do Festival da Canção que trauteava na minha cabeça: Diz só quem falou, diz só…[1]!

Continua a trautear. Mas agora, e perdoe-me o Kalaf, com uma pequena adaptação na letra! Diz só quem falou (que não se pode arriscar), diz só. Diz só quem falou (que não se pode comprar tempo), diz só. Diz só quem falou, diz só. Que nós andamos à deriva. Diz só quem falou, diz só.

[1] Letra de Kalaf Epalanga, cantada por Kady, musicada por Dino d’Santiago.

NOTA DO DIRECTOR: Resolvemos ‘pregar uma partida’ à nossa Nadir e não resistimos em aqui proporcionar-lhe essa feliz recordação, bem como à amiga e aos nossos estimados leitores.

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