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Documentário sobre baldios suscitou forte debate no “pulmão” de Arcos de Valdevez

O documentário “En Todas as Mans” (“Em Todas as Mãos”), projetado no dia 4 de junho, com bastante assistência na Casa do Povo de Soajo, suscitou a seguir um vivo debate entre compartes locais, técnicos e académicos.

A película, recentemente produzida pela cooperativa galega Trespés (Pontevedra), debruça-se sobre a realidade dos baldios em Portugal e dos Montes Vicinais em Mão Comum (Galiza). Sob a divisa “O monte não nos pertence, somos nós que lhe pertencemos a ele”, o projeto afirma-se, desde logo, como um exercício de “redescoberta” daquilo que aos baldios se convencionou chamar de “terrenos geridos por comunidades locais”, remetendo para uma “realidade que é de todos e ao mesmo tempo de ninguém”.

Mas classificar o baldio como um “bem comum” é um conceito demasiado redutor. “Porque o baldio é algo que tem de ser sentido como sendo nosso e de todos, e, como tal, tem de ser cuidado por todos”, atalha um comparte galego, província onde estão referenciados 3 mil montes vicinais, o dobro dos baldios que existem em Portugal. Em sintonia, o convidado Alberte Román, da Cooperativa Trespés, acrescenta que “o baldio é uma ferramenta de inclusão social com futuro, […] mas é necessário construir novos vínculos.”

Vários testemunhos (no filme e na conversa que se seguiu), alertando para os condicionalismos existentes (desvinculação dos habitantes, incapacidade de gestão, consequências devastadoras dos incêndios, despovoamento, privatização da gestão, intromissão do Estado, proliferação da acácia…), exaltaram o valor inerente aos baldios como fonte de rendimento (que pode provir do gado, da agricultura, dos produtos endógenos, da floresta, do turismo…).

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Mas, paradoxalmente, os baldios “estão perdidos nesta direção económica”, quase “exclusivamente virados para a criação de gado”, adiantou Filipa Almeida, jovem comparte de Soajo, posição subscrita por Yassine Benderra, que criticou a “falta de interesse” dos residentes.

A organização da iniciativa esteve a cargo da Associação Moving Cause, sediada do Porto, mas com delegação em Soajo. A Casa do Povo de Soajo e a Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo colaboraram, também, na realização da iniciativa.

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Porque é que o documentário foi produzido?

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O documentário exibido em Soajo “nasce de uma anomalia, o próprio baldio. Num mundo que divide o território entre duas conceções de propriedade, a pública e a privada, a existência de uma realidade que não se inscreve em nenhuma dessas coordenadas chamou a atenção [da Cooperativa Trespés, na Galiza]. E ainda mais quando essa realidade permanece oculta ou desconhecida para grande parte da população. Os baldios estão aí, mas em poucas ocasiões se fazem visíveis”, lê-se nos ensaios críticos relativos ao documentário.

Frases

 “Os baldios devem ser geridos em função do bem comum.” (António Enes)

 “O baldio é uma ferramenta de inclusão social com futuro. […] Mas é necessário construir novos vínculos.” (Alberte Román)

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“Esta questão dos baldios pode ser vista em três perspetivas: valor-rendimento, riscos e necessidades.” (Anselmo)

“A maior parte dos hectares está afeto ao pastoreio, onde não é possível fazer florestações.” (António Amorim)

“Ainda hoje, a venda de madeiras tem mais impacto económico do que o pastoreio.” (António Enes)

 

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