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Dois irmãos investem em Monção com o dinheiro conseguido na emigração

Recepção

Naturais da Peneda, Maria da Conceição e Manuel Rui Lamas emigraram cedo para a Suíça. No regresso decidiram apostar em Monção, criando dois negócios próprios. A primeira com a sapataria Soque, que completou 18 anos. O segundo abriu, inicialmente com dois sócios, o restaurante Celimar. Os francos ganhos naquele país permitiram-lhe concretizar sonhos de infância.
Maria da Conceição Lamas percebeu cedo que não poderia ficar na terra Natal. Apesar de a Peneda ser o espaço onde “me sinto bem” partiu para terras helvéticas. Na Suíça trabalhou com crianças e mais tarde “para conseguir os documentos” num café. Conheceu aquele que viria a ser o marido monçanense. O casamento aconteceu. “Em 88 casamos e estivemos lá [Suíça] até 97”, refere.
No regresso a Portugal instalou-se na freguesia monçanense de Cambeses, mais propriamente no lugar dos Milagres, onde já tinha a casa de família. No largo dos Padrões tinham uma loja e foi aí que resolveu criar o próprio negócio.
Calçado acessível e adequado a todo o tipo de pessoas, desde crianças a mais velhos, é aquilo que a sapataria “O Soque” oferece. “Eu trabalho muito com as aldeias”, revela a empresária de 47 anos.
A separação do marido aconteceu, mas Maria da Conceição Lamas não deixou de ficar à frente do negócio.  Adiantando que tem clientes que vão comprar, mas há muitos que querem desabafar. “As pessoas sentem-se bem aqui. Vem comprar, mas também vem falar. O que se fala aqui dentro aqui fica. Há esse bocadinho de carinho e de falar um bocadinho. Não é só para vender. Claro que há o negócio e todos gostávamos de vender, mas é também muito importante o convívio que se cria. Se tu vens e és mal recebida não vens nem mandas”.
Apaixonada pela área de vendas, Maria da Conceição Lamas conta uma história que se passou no espaço que gere. “Entrou aqui uma senhora que disse: “Não vejo nada que me agrade”. Eu respondi se não vê nada que lhe agrade talvez noutro dia. No final, a senhora saiu daqui com dois pares de sapato e com um beijinho”.
Genuína e com um sorriso no rosto recebe os clientes de segunda a sábado até à hora do almoço.

Manuel Rui Lamas assume cozinha do Celimar

Manuel Rui Lamas emigrou para a Suíça aos 16 anos. Foi trabalhar para as quintas e como diz: “Chorei muito, porque não tinha corpo nenhum e não tinha força nenhuma”. Um tempo depois inicia-se na área da restauração e por lá ficou até 2005.
“Na Suíça para conseguires ter um estabelecimento comercial tens de ter uma grande formação. E eu fiz a formação para estabelecimentos grandes. A minha intenção era ficar a gerir um estabelecimento. Mas lá para pegar num estabelecimento tens de ter muitos fundos. É muito difícil e optamos pela melhor solução, que foi vir embora, depois de eu ter conseguido a “Patente Comercial””, reforça. Adiantando que a primeira ideia era regressar às origens e ficar com a gestão do Hotel da Peneda. A intenção não se concretizou e então com o ex-cunhado, Vítor machado, e um outro sócio decidem ficar com o Celimar. O restaurante, localizado na Estrada dos Arcos estava disponível e decidiram ficar com a gestão. “O meu ex-cunhado, Vítor Machado, já me dizia que quando decidisse vir embora que abriríamos um restaurante à sociedade. E foi isso que aconteceu nos primeiros tempos”.
Há quatro anos ficou sozinho com a gestão e decidiu assumir também a cozinha. “Quando fiquei com a gestão do espaço decidi assumir a cozinha, porque sempre gostei. Quando as coisas são feitas com gosto e amor saem sempre bem”.
A esposa, professora, mas sem colocação ajuda-o e conta com um empregado. A emigração permitiu-lhe criar o próprio negócio e pensar num futuro diferente. “Se não emigrasse não teria essas ideias. Certamente nunca conseguiria ter o meu próprio negócio”, explica. Acrescentando que em conjunto com a irmã espera abrir uma churrasqueira na região. “No futuro, vendo como correm as coisas, vamos avançar para uma churrasqueira. Está em projeto e é uma ideia que tinha para abrir”.
Com 43 anos não se arrepende das escolhas e fala das refeições proporcionadas no espaço.

De segunda a domingo estão abertos, fechando apenas ao sábado à noite e domingo caso não haja reservas para esses dias.

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