Nas últimas décadas a forma de chegar aos eleitores foi-se alterando, com a massificação das plataformas digitais, a forma como os políticos captam a atenção e o voto para os seus programas.
O método usado dos estudos de opinião na tentativa de chegar a grandes grupos eleitos como alvos, como os jovens, as domésticas ou os reformados a quem a informação se dirigia, tendo em conta os seus gostos, anseios ia aos poucos perdendo eficácia.
As plataformas digitais foram permitindo que fosse possível conhecer os eleitores. Dos grupos então alvo da estratégia dirigida a esses grandes aglomerados padrões ao aparecimento dos físicos do Big Data revolucionaram a forma de chegar aos eleitores, e, em vez de se dirigirem aos grandes grupos homogéneos passou a ser possível fornecer informação personalizada a cada um dos eleitores, graças à quantidade enorme de informação existente de cada eleitor usando o Big Data. Essa mudança, que se iniciou por volta dos anos 30 do século passado, é comparada à passagem da vista aérea para visão microscópica. A informação em vez de, padronizada para ser consumida por grandes grupos a quem se pretendia chegar, como faziam os consultores políticos graças a sondagens, mudou com o aparecimento dos físicos do Big Data que produziam a mensagem personalizada graças à enorme quantidade de informação acumulada nas gigantescas bases de dados sobre cada eleitor a quem se dirigiam, graças às plataformas digitais, excelente instrumento do conhecimento individualizado permitindo, que a mensagem fosse de acordo com as suas preferências. Mesmo as técnicas mudavam, já não se centravam apenas em produzir informação que cada grupo potencialmente consumia, mas usavam cumulativamente mensagens apenas com o propósito de destruir o adversário, primeiro usando as fragilidades preferencialmente verdadeiras para ganhar a confiança dos eleitores. Depois de ganha a credibilidade já surgiam as Fake News, muitas vezes com recurso a outros meios, sejam páginas, blogs ou contas não oficiais onde já podiam utilizar linguagem e processos mais violentos provocando o desgaste do adversário.
Se nos dermos ao trabalho de analisar recentes campanhas eleitorais, sejam de Bolsonaro no Brasil, de Trump nos EUA, no seu primeiro mandato ou do nascimento do Movimento 5 Estrelas, veremos métodos e estratégias muito semelhantes em todas elas, com forte intervenção dos físicos do Big Data que provocaram uma crescente onda da extrema-direita pelo mundo.
Durante a pandemia as plataformas digitais Facebook, Instagram, Twitter hoje o X, nessa altura, por razões de saúde pública, filtraram a informação, apagando milhões de mensagens e eliminando contas, resultando numa ascensão dos moderados, como veio a provar a eleição de Biden nos EUA ou de Draghi na Itália, ficamos com a certeza dessa influência.
Hoje voltamos à influência dos físicos do Big Data e aos seus métodos, profusamente usados pela extrema-direita. Os políticos moderados terão de se adaptar a essa realidade, alterando profundamente a sua forma de comunicação com os eleitores, sob pena de termos um mundo governado pelos extremistas de direita, com consequências não completamente mensuráveis.
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1 comentário
Gostei, imensamente, desse artigo, meu querido padrinho Rogério Pires. É uma boa chamada de atenção aos políticos moderados, pois, se não, a extrema direita tomará a conta desse planeta!