Editorial

E O TELEFUTEBOL, HEM !?
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Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Professor Universitário

 

A semana passada diverti-me aqui a falar do compadrio entre políticos, jornais, Rádio e Televisão. Mal sabia eu que o estava a fazer nas vésperas do Dia Mundial da Televisão, um festejo ordenado pelas Nações Unidas.

Sem ir em festas nem correr atrás dos foguetes deixem-me hoje queixar-me da pouca vergonha em que o Futebol transforma a Televisão. Garanto-vos que pouca gente gostará mais do que eu dum bom jogo de futebol. Comecei a ver quando era miúdo e fugia à GNR para dentro dos campos de futebol pelados, naqueles tempos ainda não se gastava milhões a fazer estádios.

E quando não podia ir ou estava longe, colava o ouvido ao rádio e “via” um jogo muito melhor do que aquele que se vislumbrava num campo graças ao entusiasmo e talento dos relatores. Claro que com o advento da televisão passei a ver grandes jogos e outros que me podem interessar na TV. E ainda hoje subscrevo camais de desporto que maioritariamente me trazem jogos interessantes e actualidade desportiva que nos dizem respeito e assim cumprem a sua tarefa e obrigação.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Até aqui, tudo bem. Agora quando busco informação, opiniões, comentários e notícias do que se passa no País e no Mundo e só encontro meia dúzia de fulanos aos berros numa algazarra que tem muito pouco a ver com o futebol, tenham paciência!

A gente leva com antigos futebolistas, dirigentes derrotados, treinadores desempregados, árbitros reformados, deputados de gravata de cor clubística, ex-ministros e uns cavalheiros que se dizem adeptos por alma de quem? E não estão lá só um bocadinho. Estão lá a noite toda, que Deus os proteja.

Percebo que falar de teatro, cinema, bailado, andebol, ginástica rítmica, motociclismo, voleibol, padel, remo ou rugby exige que alguém saiba alguma coisa disso e o público se interesse. Mas levar com as intrigas, os valores das transferências, a vida particular das mulheres não será demais!?  – e também já vamos no Futsal e no Futebol de Praia, enquanto as nossas mulheres vêem galas, concursos, novelas e programas que parecem concursos de cancro entre as TVs e respectivas concorrências.

Os jovens já não vêem TV. Os velhos vêem dramas de fazer chorar as pedras das calçadas. Agora usarmos a TV como um instrumento positivo que nos informe, forme e divirta parece ser muito difícil. Mas podem crer que, com gente capaz, até é muito fácil.

 

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