Essa ideia adquirida, enquistada, de que um lugar, um posto, uma vaga preenchida, correspondem a um número fixo num recibo de vencimento.
Vi gente conformada que desistiu desse brio de dar mais e melhor, rendida à evidência triste de um país adiado, remediado, de salários que nos custam confessar.
Gente que cumpria o seu dever sem vigor ou relance de futuro, na inevitabilidade de rotinas que se sucedem, até uma reforma triste mas redentora…
As férias os feriados e as pontes, ilhas preciosas e ansiadas na amargura de um dever cumprido, mas com a amargura de quem arrasta os passos com sacrifício.
Mas vi também os que nunca se conformaram. Que acima de tudo este povo que juraram servir, não tinha a culpa de um edifício de rotinas e burocracias, que nos pesava os dias.
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Os que na Urgência, na consulta, nos blocos, nas trincheiras desta eterna batalha sem fim à vista, nunca negaram esforços, não sabiam dizer não, carregaram às costas a imagem e a eficácia dos serviços clínicos que representavam.
Tantos e tantos que deram o melhor de si na consulta, no internamento, urgência, bloco, nunca regateando esforços e generosidades na sua luta por um bem maior…
E porque não admitirmos a simples evidência?
Admitirmos que tem de haver forma desse esforço ser compensado.
Admitirmos que o ser humano também se rege por estímulos e reconhecimento.
Para quando a vitória da meritocracia na prática da Medicina?
Porque não quem mais e melhor trabalha ser compensado nessa justa medida?
Quem mais e melhores actos médicos pratica.
Quem não se conforma com a mediania das rotinas, quem está sempre disponível para aprender, melhorar.
Quem se disponibiliza generosamente a ensinar e partilhar o conhecimento, a experiência, adquiridos.
Quem dedica ainda parte do seu tempo à formação, ao ensino, à investigação científica.
Quem está disposto a enfrentar os desafios, suportar o preço inerentes a posições de chefia e gestão de equipas.
A Meritocracia tem de ser cultivada e premiar cada um na justa medida do seu empenho, sacrifício.
Ao longo das reuniões de preparação e lançamento desta candidatura não vi apenas brilho e talento.
Vi a humildade de quem reconhece que o paradigma da remuneração e progressão nas carreiras médicas tem de mudar para formas mais justas e motivantes.
Também assim se melhora o exercício da Medicina.
Também assim se sacode o marasmo deste país eternamente adormecido…
Dr. José Carlos Vilarinho
Candidato a Vogal do Conselho Regional
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