Editorial

ECONOMIA DA CULTURA
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Jorge VER de Melo

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Jorge Melo

Consultor de Comunicação

Todos atribuímos pouca importância à economia cultural. Em princípio apenas relacionamos o divertimento ou o prazer por disfrutarmos da cultura sem nos apercebermos das implicações que ela tem na economia do país.

A influência da economia cultural nas regiões é tão importante que em certos casos chega a transformar-se na base fundamental das receitas económicas e na sustentabilidade vital para esses locais.

Será talvez uma das principais razões que levam os autarcas a se preocuparem com a distribuição e o enquadramento calendarizado dos eventos culturais.

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Sabemos que a cultura faz parte intrínseca do bem-estar do Ser Humano além de lhe fornecer conhecimentos essenciais para a sua vivência como cidadão. Mas apercebermo-nos de que a atividade cultural mexe com a economia do nosso país. Isto não passa normalmente pela mente de qualquer um.

Mas na verdade são os eventos culturais que atraem, em determinadas épocas, os turistas e outros que depois voltarão a esses mesmos locais para novamente assistirem: a espetáculos, exposições e comemorações. Assim ficam marcados por diversas razões incluindo: o nosso sol, a qualidade desses eventos e a afetividade com que os recebemos.

Primeiro deveríamos entender o que é a “economia cultural”:

– É o ramo da economia que estuda a relação entre a cultura e os fenómenos económicos.

– Economia deriva do grego, “oikoµia”, composta por, “oïkos” = casa + vóµoç = gerir, ou seja, “administração da casa”.

Cultura, deriva do latim “culturae” = “cultivar conhecimentos”. Segundo Edward B. Tylor é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

Existem segmentos culturais capazes de promover esse desenvolvimento e cada segmento deve ser considerado em toda a sua cadeia produtiva.

Ao representar-se qualquer manifestação artística não nos podemos restringir apenas aos atores envolvidos. Estamos a movimentar toda uma cadeia produtiva que movimenta vários profissionais de diversas artes e a logística da região, incluindo: matérias primas, hotéis e restaurantes.

Por isso, quando assistimos a um espetáculo, para ele se realizar são necessários por exemplo :

– Operadores de marketing e publicidade para divulgação;

– Designers de comunicação;

– Ingressos;

– Local para o espetáculo e respetivo pessoal;

– Polícia;

– Bombeiros

– Técnicos de som, luz e vídeo;

– Carpinteiros, pintores, costureiras, etc.

Depois existe a logística da região que colabora com os estabelecimentos de apoio como:

– Lojas de tudo e mais alguma coisa;

– Indústria hoteleira, etc.

Portanto, daqui se conclui que existe indústria cultural e criativa envolvendo uma quantidade enorme de trabalhadores associados a variadíssimas empresas espalhadas: pelo turismo,  arte,  espetáculo, desporto e outros.

Não podemos esquecer que lhe estão associadas imensas indústrias que dependem da criatividade dos seus técnicos: nos têxteis, na restante indústria, (designers), nas novas tecnologias, nas comunicações, etc. Daí surgirem empresas com cotação na Bolsa.

Esta economia da cultura representa a soma de todo o impacto que a cultura pode ter nas comunidades, por isso, quando devidamente estruturada pode modificar a economia: local, regional e nacional. É assim que surgem os patrocinadores, (políticos e empresas na generalidade) que também tiram partido deste novo paradigma.

Sabiam que esta nova economia, normalmente, não provoca impactos ambientais significativos?

 

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