Se as pessoas têm história também os territórios a possuem, e por isso falamos das paisagens culturais, sonoras e globais, podendo afirmar que são fruto de uma longa elaboração humana.
Edição: 252ª Edição - 27 de Março 2020
252ª Edição – 27 de Março 2020
Páscoa 2023: Para além do Rio Minho e rituais na fronteira
Se as pessoas têm história também os territórios a possuem, e por isso falamos das paisagens culturais, sonoras e globais, podendo afirmar que são fruto de uma longa elaboração humana.
A Câmara Municipal de Ponte da Barca, em parceria com a ALTICE e em colaboração com o Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, irá disponibilizar computadores portáteis, tablets com acesso à Internet aos alunos carenciados do concelho. O objectivo é para que estes possam acompanhar as atividades letivas em casa durante o período de encerramento das escolas devido ao Covid-19, garantindo assim a igualdade no acesso ao ensino à distância a todos os alunos do concelho durante a pandemia. Segundo Augusto Marinho, presidente da C.M. de Ponte da Barca, “Estes equipamentos que irão ser distribuídos nos próximos dias abrangem alunos do Agrupamento de Escolas, porque acreditamos que todos os alunos do Concelho devem ser tratados de forma igual e ter os mesmos direitos e condições de acesso ao ensino. Esta iniciativa vem na sequência de um conjunto de medidas inseridas no nosso plano de contingência, no sentido de minimizar o impacto desta pandemia na vida dos nossos munícipes”.
Câmara de Ponte da Barca oferece computadores portáteis, tablets e acesso à internet a alunos carenciados
A Câmara Municipal de Ponte da Barca, em parceria com a ALTICE e em colaboração com o Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, irá disponibilizar computadores portáteis, tablets com acesso à Internet aos alunos carenciados do concelho. O objectivo é para que estes possam acompanhar as atividades letivas em casa durante o período de encerramento das escolas devido ao Covid-19, garantindo assim a igualdade no acesso ao ensino à distância a todos os alunos do concelho durante a pandemia. Segundo Augusto Marinho, presidente da C.M. de Ponte da Barca, “Estes equipamentos que irão ser distribuídos nos próximos dias abrangem alunos do Agrupamento de Escolas, porque acreditamos que todos os alunos do Concelho devem ser tratados de forma igual e ter os mesmos direitos e condições de acesso ao ensino. Esta iniciativa vem na sequência de um conjunto de medidas inseridas no nosso plano de contingência, no sentido de minimizar o impacto desta pandemia na vida dos nossos munícipes”.
Pois é! Dia 1 de Abril é o Dia das Mentiras e o MD preparou a sua ‘partida’ aos nossos estimados Leitores, o que provocou uma azáfama nalguns corredores do poder local. Recordamos a ‘notícia’: https://www.minhodigital.com/news/tribunal-de-contas-chumba
A ‘partida’ do MD
Pois é! Dia 1 de Abril é o Dia das Mentiras e o MD preparou a sua ‘partida’ aos nossos estimados Leitores, o que provocou uma azáfama nalguns corredores do poder local. Recordamos a ‘notícia’: https://www.minhodigital.com/news/tribunal-de-contas-chumba
O Tribunal de Contas chumbou as contas da Vianapolis podendo ter consequências, também, para os os principais responsáveis. As suspeitas já haviam sido lançadas no programa da RTP ‘Sexta às 9’ https://www.rtp.pt/noticias/economia/sexta-as-9-resultados-liquidos-da-vianapolis-sempre-nulos_v1161513 Durante o dia actualizaremos a informação.
Tribunal de Contas chumba contas da Vianapolis
O Tribunal de Contas chumbou as contas da Vianapolis podendo ter consequências, também, para os os principais responsáveis. As suspeitas já haviam sido lançadas no programa da RTP ‘Sexta às 9’ https://www.rtp.pt/noticias/economia/sexta-as-9-resultados-liquidos-da-vianapolis-sempre-nulos_v1161513 Durante o dia actualizaremos a informação.
OS NOSSOS HERÓIS! O ORGULHO NOS NOSSOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE! Portugal tem 835 profissionais de saúde infectados (31/Março)! Vamos criar uma ‘ONDA DE SOLIDARIEDADE’ e colocar a BANDEIRA DE PORTUGAL nas nossas varandas e janelas! Uma HOMENAGEM que o MINHO DIGITAL lança aos seus leitores, aos portugueses e que leva o nosso abraço, o nosso Reconhecimento, o nosso carinho. Esses sim, são os nossos … HERÓIS! Porque basta sabermos que eles existem para acreditarmos que o mundo pode ser melhor! PARTILHEM este apelo pelos vossos amigos! Manso Preto Merecem ser os nossos ídolos! O nosso Futuro está nas mãos desse bom punhado de profissionais de saúde, na sua coragem, na entrega, na capacidade de resistência, nos riscos assumidos. https://www.youtube.com/watch?v=tJwWfqOhI4g https://www.facebook.com/100011027327146/videos/1071199133257654/ https://www.facebook.com/tvi24/videos/1373939942798272/ «NÃO HÁ PALAVRAS PARA AGRADECER» Atentemos em países como a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Espanha, os mais ricos e poderosos países europeus, consideremos ainda a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo, a Áustria, a República Checa, a Suiça e a Eslováquia, contemos o número de infectados com o COVID19 e comparemos os totais de mortos, internados, tratados e isolados. Infelizmente, as nossas contas atiram-nos já para um total de milhares de vítimas. Olhemos agora a situação de Portugal, apesar dos tardios e deficientes fecho de escolas, discotecas, cinemas, museus e bibliotecas, o titubeante controle de fronteiras e incompetentes encerramentos e controles de portos e aeroportos ; nesta hora e dia desta semana em que vos escrevo, recuperados e dados como curados são alguns e o número de mortos é, felizmente, muito baixo. Se pensarmos nos exauridos recursos do Serviço Nacional de Saúde por anos de criminosas cativações, nos seus exaustos médicos e enfermeiros, técnicos e auxiliares, pagos com salários vergonhosos e socialmente maltratados face ao seu esforço e risco, não há palavras para lhes agradecer. Muitos portugueses, automobilizados pelas redes sociais, foram para as janelas das suas casas onde estão confinados e bateram palmas aos profissionais de saúde. Foi bonito, mas não chega. Se o Scolari pôs bandeiras em todas as janelas para apoiarem um campeonato que não ganhou, marquemos todos nós agora uma determinada hora e dia e, de Norte a Sul, vamos todos nós aplaudir os nossos profissionais de saúde. Não importa nem o dia nem a hora. Eles vão certamente saber, mas nessa altura vão estar com certeza a trabalhar. (Joaquim Letria) Créditos da foto: Nuno Moreira «CIÊNCIA, TÉCNICA E BONDADE EM PROL DE QUEM PRECISA» Nesta quarentena – clínica e obrigatória para alguns, mas social para todos – não estamos impedidos de comunicar por meios não contagiantes. É bom continuarmos a dizer que estamos com todos, especialmente com os amigos e com os que mais necessitam. Também me agrada recordar trabalhinhos antigos, simples mas significativos. Estava então a aprender a “manejar” o power point – e ainda continuo a aprender – quando uma médica me pediu para elaborar uma apresentação sobre um facto enternecedor de ciência cirúrgica, com muita técnica e bondade. Bem-aventurados sejam todos quantos se dedicam a cuidar da saúde dos cidadãos, com competência e bondade, alheios ao descaramento e aos cartazes políticos. https://www.youtube.com/watch?v=YGFypSwPVUU&feature=youtu.be No outono existencial, apraz-me salientar quem nos vivifica com gestos de primavera a florir. No contexto desta pandemia, também importa explicitar que as almas dos amigos continuam ainda mais abraçadas. Na alma é que reside a força dos afetos. Para todos os portugueses e leitores do MINHO DIGITAL em particular, a minha saudação muito cordial, com votos de bem-estar. (Elias Moreira)
OBRIGADO, HERÓIS!
OS NOSSOS HERÓIS! O ORGULHO NOS NOSSOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE! Portugal tem 835 profissionais de saúde infectados (31/Março)! Vamos criar uma ‘ONDA DE SOLIDARIEDADE’ e colocar a BANDEIRA DE PORTUGAL nas nossas varandas e janelas! Uma HOMENAGEM que o MINHO DIGITAL lança aos seus leitores, aos portugueses e que leva o nosso abraço, o nosso Reconhecimento, o nosso carinho. Esses sim, são os nossos … HERÓIS! Porque basta sabermos que eles existem para acreditarmos que o mundo pode ser melhor! PARTILHEM este apelo pelos vossos amigos! Manso Preto Merecem ser os nossos ídolos! O nosso Futuro está nas mãos desse bom punhado de profissionais de saúde, na sua coragem, na entrega, na capacidade de resistência, nos riscos assumidos. https://www.youtube.com/watch?v=tJwWfqOhI4g https://www.facebook.com/100011027327146/videos/1071199133257654/ https://www.facebook.com/tvi24/videos/1373939942798272/ «NÃO HÁ PALAVRAS PARA AGRADECER» Atentemos em países como a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Espanha, os mais ricos e poderosos países europeus, consideremos ainda a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo, a Áustria, a República Checa, a Suiça e a Eslováquia, contemos o número de infectados com o COVID19 e comparemos os totais de mortos, internados, tratados e isolados. Infelizmente, as nossas contas atiram-nos já para um total de milhares de vítimas. Olhemos agora a situação de Portugal, apesar dos tardios e deficientes fecho de escolas, discotecas, cinemas, museus e bibliotecas, o titubeante controle de fronteiras e incompetentes encerramentos e controles de portos e aeroportos ; nesta hora e dia desta semana em que vos escrevo, recuperados e dados como curados são alguns e o número de mortos é, felizmente, muito baixo. Se pensarmos nos exauridos recursos do Serviço Nacional de Saúde por anos de criminosas cativações, nos seus exaustos médicos e enfermeiros, técnicos e auxiliares, pagos com salários vergonhosos e socialmente maltratados face ao seu esforço e risco, não há palavras para lhes agradecer. Muitos portugueses, automobilizados pelas redes sociais, foram para as janelas das suas casas onde estão confinados e bateram palmas aos profissionais de saúde. Foi bonito, mas não chega. Se o Scolari pôs bandeiras em todas as janelas para apoiarem um campeonato que não ganhou, marquemos todos nós agora uma determinada hora e dia e, de Norte a Sul, vamos todos nós aplaudir os nossos profissionais de saúde. Não importa nem o dia nem a hora. Eles vão certamente saber, mas nessa altura vão estar com certeza a trabalhar. (Joaquim Letria) Créditos da foto: Nuno Moreira «CIÊNCIA, TÉCNICA E BONDADE EM PROL DE QUEM PRECISA» Nesta quarentena – clínica e obrigatória para alguns, mas social para todos – não estamos impedidos de comunicar por meios não contagiantes. É bom continuarmos a dizer que estamos com todos, especialmente com os amigos e com os que mais necessitam. Também me agrada recordar trabalhinhos antigos, simples mas significativos. Estava então a aprender a “manejar” o power point – e ainda continuo a aprender – quando uma médica me pediu para elaborar uma apresentação sobre um facto enternecedor de ciência cirúrgica, com muita técnica e bondade. Bem-aventurados sejam todos quantos se dedicam a cuidar da saúde dos cidadãos, com competência e bondade, alheios ao descaramento e aos cartazes políticos. https://www.youtube.com/watch?v=YGFypSwPVUU&feature=youtu.be No outono existencial, apraz-me salientar quem nos vivifica com gestos de primavera a florir. No contexto desta pandemia, também importa explicitar que as almas dos amigos continuam ainda mais abraçadas. Na alma é que reside a força dos afetos. Para todos os portugueses e leitores do MINHO DIGITAL em particular, a minha saudação muito cordial, com votos de bem-estar. (Elias Moreira)
Jorge VER de Melo Professor Universitário (Aposentado) Um dia chegará o fim da tortura, novo vírus COVID-19. O mundo está a mudar devido às regras impostas para proteção contra a pandemia, portanto já podemos calcular o que deverá acontecer depois disto passar. Não tendo que ponderar muito, podemos adiantar que os hábitos estão forçosamente diferentes e isso inclui: o trabalho, a economia, os transportes, o comércio e até a organização de cada dia. Além de entes queridos perdidos, elevada percentagem de desempregados e monstruosa conta para pagar. Esta situação obrigou o Ser Humano a pensar que existem direitos e deveres perante não só a sociedade, (respeito pelos outros), mas também pela natureza que equilibra este planeta onde vivemos e nos devolve, sem dó nem piedade, todas as agressões que lhe infligimos. A história é, sem dúvida, a escola dos nossos comportamentos. Como o Homem é um animal de hábitos, estas mudanças a que nos obriga a segurança pessoal, levam-nos a ponderar futuras atitudes. Sabemos também como ele tem a memória curta, esquece muito facilmente as desgraças passadas não corrigindo por vezes, os erros cometidos. É o decorrer da vida que nos vai debitando as correções e nos leva a outros confortos e prazeres melhor escolhidos e sem afetar aquilo que nos rodeia. Vamos certamente valorizar muito mais a natureza e o exercício físico como obrigatórios à nossa sobrevivência. Viver em ambientes saudáveis passa a ser uma prioridade. Iremos certamente escolher preferencialmente as saídas para apreciação da natureza, dos espetáculos culturais e exposições ao vivo. Esta angústia do vírus assim como as mudanças repentinas do tempo e das temperaturas levam a que todos necessitem de informação permanente a esse respeito para o sossego mental e prevenção futura. Em termos de saúde pública vão surgir também os hábitos da higiene como sentimento de segurança. O próprio isolamento ao qual chamamos quarentena, vai-nos habituando e dando tempo para ponderar como viver melhor no futuro pós pandemia. Depois disto, o lar e a família vão passar a ter um lugar mais prioritário no nosso tempo para a vida. Ficamos temporariamente sem hábitos como: futebol, tricas dos políticos, Centros Comerciais, supermercados e outros grandes ajuntamentos de pessoas. Temos que nos sujeitar! https://eco.sapo.pt/2020/03/21/mundo-depois-do-covid-19-sao-estas-as-10-tendencias/ Em contrapartida: – As novas tecnologias oferecem tudo isso sem sair de casa. A comunidade passou a juntar divertimento com comércio num processo de interatividade. Chamam-lhe “shopstreaming”; – As redes sociais passaram a ser a nossa companhia e as empresas sabendo disso, inventam aplicações para tudo e mais alguma coisa. Além de criarem amizades, educam, divertem e dão assistência à saúde entre outras intervenções úteis. Dão-nos ainda a possibilidade, em muitas profissões, de trabalhar a partir de casa; – Com tanto tempo passado on-line, o e.commerce vai crescendo exponencialmente e as pessoas sentem a nova sustentabilidade, ou seja, a necessidade de aumentar os seus conhecimentos culturais e profissionais numa troca de informação, soluções e aplicações entre pessoas e empresas, chamam-lhe “open source solutions”. Tudo isto se vai refletir no futuro. Muita gente irá passar menos horas nos transportes coletivos ou particulares: de casa para o emprego, para as escolas, para os centros comerciais ou para os supermercados pois pode lá chegar via on-line. Será mesmo este o nosso futuro?
E depois do COVID-19?
Jorge VER de Melo Professor Universitário (Aposentado) Um dia chegará o fim da tortura, novo vírus COVID-19. O mundo está a mudar devido às regras impostas para proteção contra a pandemia, portanto já podemos calcular o que deverá acontecer depois disto passar. Não tendo que ponderar muito, podemos adiantar que os hábitos estão forçosamente diferentes e isso inclui: o trabalho, a economia, os transportes, o comércio e até a organização de cada dia. Além de entes queridos perdidos, elevada percentagem de desempregados e monstruosa conta para pagar. Esta situação obrigou o Ser Humano a pensar que existem direitos e deveres perante não só a sociedade, (respeito pelos outros), mas também pela natureza que equilibra este planeta onde vivemos e nos devolve, sem dó nem piedade, todas as agressões que lhe infligimos. A história é, sem dúvida, a escola dos nossos comportamentos. Como o Homem é um animal de hábitos, estas mudanças a que nos obriga a segurança pessoal, levam-nos a ponderar futuras atitudes. Sabemos também como ele tem a memória curta, esquece muito facilmente as desgraças passadas não corrigindo por vezes, os erros cometidos. É o decorrer da vida que nos vai debitando as correções e nos leva a outros confortos e prazeres melhor escolhidos e sem afetar aquilo que nos rodeia. Vamos certamente valorizar muito mais a natureza e o exercício físico como obrigatórios à nossa sobrevivência. Viver em ambientes saudáveis passa a ser uma prioridade. Iremos certamente escolher preferencialmente as saídas para apreciação da natureza, dos espetáculos culturais e exposições ao vivo. Esta angústia do vírus assim como as mudanças repentinas do tempo e das temperaturas levam a que todos necessitem de informação permanente a esse respeito para o sossego mental e prevenção futura. Em termos de saúde pública vão surgir também os hábitos da higiene como sentimento de segurança. O próprio isolamento ao qual chamamos quarentena, vai-nos habituando e dando tempo para ponderar como viver melhor no futuro pós pandemia. Depois disto, o lar e a família vão passar a ter um lugar mais prioritário no nosso tempo para a vida. Ficamos temporariamente sem hábitos como: futebol, tricas dos políticos, Centros Comerciais, supermercados e outros grandes ajuntamentos de pessoas. Temos que nos sujeitar! https://eco.sapo.pt/2020/03/21/mundo-depois-do-covid-19-sao-estas-as-10-tendencias/ Em contrapartida: – As novas tecnologias oferecem tudo isso sem sair de casa. A comunidade passou a juntar divertimento com comércio num processo de interatividade. Chamam-lhe “shopstreaming”; – As redes sociais passaram a ser a nossa companhia e as empresas sabendo disso, inventam aplicações para tudo e mais alguma coisa. Além de criarem amizades, educam, divertem e dão assistência à saúde entre outras intervenções úteis. Dão-nos ainda a possibilidade, em muitas profissões, de trabalhar a partir de casa; – Com tanto tempo passado on-line, o e.commerce vai crescendo exponencialmente e as pessoas sentem a nova sustentabilidade, ou seja, a necessidade de aumentar os seus conhecimentos culturais e profissionais numa troca de informação, soluções e aplicações entre pessoas e empresas, chamam-lhe “open source solutions”. Tudo isto se vai refletir no futuro. Muita gente irá passar menos horas nos transportes coletivos ou particulares: de casa para o emprego, para as escolas, para os centros comerciais ou para os supermercados pois pode lá chegar via on-line. Será mesmo este o nosso futuro?
Joaquim Letria Professor Universitário A semana passada agradeci a todos os profissionais de saúde a dívida que nunca lhe pagaremos. Hoje, permitam-me que alargue o meu agradecimento a todos os profissionais da recolha do lixo, ao pessoal das limpezas, aos motoristas de camiões, sem os quais não comeríamos nem tomávamos os nossos medicamentos, aos condutores de autocarros e maquinistas dos comboios que restam e dos metropolitanos de profundidade ou de superfície em que nos deslocamos, neste país sem ferrovia nem infra-estruturas. Agradeçamos ainda aos agricultores que com prejuízos e dificuldades de toda a ordem nos asseguram a fruta, o leite, o queijo, as carnes e os enchidos, bem como a todos os pescadores que não deixaram de ir ao mar, aos balconistas e às serviçais, hoje conhecidas como mulheres a dias, nas residências, ou mulheres da limpeza, nos lares, nas creches, nos escritórios, nas lojas, nos serviços e nos centros comerciais.. A todas e a todos, muito, muito obrigado! Que todos nos manifestemos gratos e reconhecidos a toda esta gente. É o mínimo das nossas obrigações para com todos aqueles que tão anonimamente nos servem e em quem raramente pensamos. Há 50 anos, quando vivi no estrangeiro, convivia com muitos emigrantes portugueses que aqui e ali desempenhavam essas funções. Recordo-me de alguns universitários portugueses que logravam um emprego nos camiões do lixo, nem todos como condutores. E ficavam contentíssimos porque era um trabalho que lhes deixava boa parte do dia livre e era muito bem pago para as funções que desempenhavam. Hoje, infelizmente, entre nós toda esta gente trabalha dezenas de horas, recebe uma miséria e ninguém os reconhece. Não vamos atirar-lhes uma gorjeta. Deixemos-lhe antes um sorriso e duas palavras:”Muito obrigado”.
Um Sorriso e um “Muito Obrigado”
Joaquim Letria Professor Universitário A semana passada agradeci a todos os profissionais de saúde a dívida que nunca lhe pagaremos. Hoje, permitam-me que alargue o meu agradecimento a todos os profissionais da recolha do lixo, ao pessoal das limpezas, aos motoristas de camiões, sem os quais não comeríamos nem tomávamos os nossos medicamentos, aos condutores de autocarros e maquinistas dos comboios que restam e dos metropolitanos de profundidade ou de superfície em que nos deslocamos, neste país sem ferrovia nem infra-estruturas. Agradeçamos ainda aos agricultores que com prejuízos e dificuldades de toda a ordem nos asseguram a fruta, o leite, o queijo, as carnes e os enchidos, bem como a todos os pescadores que não deixaram de ir ao mar, aos balconistas e às serviçais, hoje conhecidas como mulheres a dias, nas residências, ou mulheres da limpeza, nos lares, nas creches, nos escritórios, nas lojas, nos serviços e nos centros comerciais.. A todas e a todos, muito, muito obrigado! Que todos nos manifestemos gratos e reconhecidos a toda esta gente. É o mínimo das nossas obrigações para com todos aqueles que tão anonimamente nos servem e em quem raramente pensamos. Há 50 anos, quando vivi no estrangeiro, convivia com muitos emigrantes portugueses que aqui e ali desempenhavam essas funções. Recordo-me de alguns universitários portugueses que logravam um emprego nos camiões do lixo, nem todos como condutores. E ficavam contentíssimos porque era um trabalho que lhes deixava boa parte do dia livre e era muito bem pago para as funções que desempenhavam. Hoje, infelizmente, entre nós toda esta gente trabalha dezenas de horas, recebe uma miséria e ninguém os reconhece. Não vamos atirar-lhes uma gorjeta. Deixemos-lhe antes um sorriso e duas palavras:”Muito obrigado”.
Zita Leal Professora (Aposentada) A malta octogenária, como eu, lembrar-se- à certamente daquele jogo infantil em que obedecendo à máxima “ Pim pam pum cada bola mata um “ se iam excluindo os parceiros do jogo. O último escapava à nomeação e ganhava o jogo. Como é que estas lembranças de antanho me vêm amiúde à memória, a mim que nem me lembro do que comi ontem? É uma das características da doença de Alzheimer, disseram. Não sei se será assim tão frustrante…Quero dizer-vos porque é que não gostei do penúltimo festival da canção e só me lembro de ver uma galinha em palco a cacarejar, mas da música não. Mas sei que no jogo do pim pam pum era a sorte que ditava a exclusão do grupo e hoje não é assim. Hoje é a idade e o estado de saúde do hospitalizado que lhe dita a sentença. Ainda bem que não sou médica… Nem sei como atiraria a bola ao meu doente. Tenho muita pena dos médicos que são obrigados a jogar o pim pam pum moderno. “ O povo unido jamais será vencido “ foi cantado por tudo o que era trabalhador, povo sofrido, gente disposta a lutar pela justiça social. Foi uma marca nas cantigas que eram uma arma! É agora uma bandeira muito apagada no tempo e na eficácia, mas não a esqueço perante um povo que volta a unir-se em massa para lutar contra um corona invisível. É forte a união, de novo. Fico com a esperança a despontar. E já não se grita “ vamos lutar contra o capital pois é mais urgente lutar unidos contra o novo mal. “ É preciso acreditar” já cantava Luís Góis.
Crónicas de Trazer por Casa: PIM… PAM… PUM…
Zita Leal Professora (Aposentada) A malta octogenária, como eu, lembrar-se- à certamente daquele jogo infantil em que obedecendo à máxima “ Pim pam pum cada bola mata um “ se iam excluindo os parceiros do jogo. O último escapava à nomeação e ganhava o jogo. Como é que estas lembranças de antanho me vêm amiúde à memória, a mim que nem me lembro do que comi ontem? É uma das características da doença de Alzheimer, disseram. Não sei se será assim tão frustrante…Quero dizer-vos porque é que não gostei do penúltimo festival da canção e só me lembro de ver uma galinha em palco a cacarejar, mas da música não. Mas sei que no jogo do pim pam pum era a sorte que ditava a exclusão do grupo e hoje não é assim. Hoje é a idade e o estado de saúde do hospitalizado que lhe dita a sentença. Ainda bem que não sou médica… Nem sei como atiraria a bola ao meu doente. Tenho muita pena dos médicos que são obrigados a jogar o pim pam pum moderno. “ O povo unido jamais será vencido “ foi cantado por tudo o que era trabalhador, povo sofrido, gente disposta a lutar pela justiça social. Foi uma marca nas cantigas que eram uma arma! É agora uma bandeira muito apagada no tempo e na eficácia, mas não a esqueço perante um povo que volta a unir-se em massa para lutar contra um corona invisível. É forte a união, de novo. Fico com a esperança a despontar. E já não se grita “ vamos lutar contra o capital pois é mais urgente lutar unidos contra o novo mal. “ É preciso acreditar” já cantava Luís Góis.
Joana Cardoso Button Arquitecta – Corona… quê? Nunca ouvi falar! – diz Ninguém. Em poucas semanas, o mundo ficou de pernas para o ar. As ruas esvaziaram-se, os meninos deixaram de ir à escola e os abraços viraram pecado capital. Qualquer mudança causa transtorno, uma vez que as nossas cabeças precisam de se adaptar à novidade. Como tal, não é de surpreender que uma alteração tão súbita e profunda do nosso dia-a-dia nos tenha deixado desnorteados. Para manter a cabeça fresca nestas semanas atribuladas, criei uma lista de medidas práticas e simples. Enquanto a vacina para o corpo não chega, criemos nós uma vacina para a mente: 1 – Afastemo-nos das redes sociais. Agora que passamos bastante tempo em casa, o tempo livre – sempre tão escasso – cresce um pouco. É tentador usar as horas extra nas redes sociais mas, se prezamos a nossa saúde mental, fujamos dessa armadilha. WhatsApp, Facebook, Twitter e outros que tais abundam em informação mais ou menos credível e em conteúdo criado para puxar à emoção – leia-se pânico. Claro que é importante mantermo-nos informados. Para tal, sugiro limitarmo-nos a duas ou três fontes de informação fiável, incluindo o site da Organização Mundial de Saúde. Passar horas sem fim a ler testemunhos pungentes de médicos italianos em hospitais à beira do colapso, ou vídeos de pessoas a lutar por papel higiénico nos supermercados, não vai ajudar ninguém a responder a esta situação com clareza de espírito e eficiência. 2 – Escolhamos criteriosamente as fontes de informação e não as consultemos mais do que duas ou três vezes por dia. Após escolhermos as nossas fontes de informação, sejamos moderados. Notícias são atualizadas quase ao minuto, criando a irresistível tentação de ficar colado ao telemóvel. Mas, para quase todos nós, não faz diferença saber as novidades agora ou daqui a umas horas. Um consumo obsessivo e constante de informação resultará numa grande dor de cabeça, e uma cabeça latejante não é adequada para responder aos desafios da vida. 3 – Pull yourself together! O pânico generalizado agrava qualquer situação. É importante mitigá-lo usando todas as armas disponíveis contra ele. Aproveitemos o tempo de modo produtivo. Trabalhemos, meditemos, façamos exercício ou ponto de cruz – qualquer atividade que foque a nossa atenção e combata o stress. Porque não ler aquele romance bem-disposto que lhe ofereceram no Natal? Ou finalmente começar (ou acabar…) Em Busca do Tempo Perdido? Se calhar é desta que arranja tempo. Uma mente repousada é mais resistente ao pânico e contribui para um ambiente calmo, essencial para o bem-estar de todos em situação de quarentena. 4 – Pensemos antes de partilhar Ainda com o objetivo de controlar o pânico, pensemos duas vezes antes de partilhar textos, vídeos e imagens sobre a Covid-19 nas redes sociais. Cada mensagem incorreta ou desnecessariamente assustadora tem o potencial de criar um problema muito pior do que a pandemia. Uma doença pode ser controlada seguindo os conselhos da Organização Mundial de Saúde; maluquinhos com teorias da conspiração ou lutas no supermercado podem tornar-se um caso mais bicudo. Antes de enviar qualquer conteúdo, reflitamos: os nossos contactos precisam mesmo de mais spam Covid-19? A informação que queremos transmitir vai ajudá-los ou vai deixá-los mais frustrados, cansados, assustados e menos aptos a lidar com a situação? Enviemos apenas informação útil. 5 – Sejamos ponderados Na era do Twitter, de posições a preto-e-branco e discussões acaloradas, é difícil manter a cabeça fria e perceber as implicações de cada medida tomada. Nunca foi tão simples criticar, barafustar, culpar. É fácil esquecer que estamos perante um problema complexo, para o qual há que ter paciência e uma atitude proactiva. Se houvesse uma solução milagrosa, esta já teria sido tomada. Sejamos compreensivos. Respiremos fundo e tentemos perceber posições diferentes das nossas. Menos crítica, mais amor. Sermos responsáveis não se limita a lavar bem as mãos e a manter distância social. Responsabilidade também passa por ser criterioso no que se lê e no que se diz. Ser responsável é cultivar a nossa saúde mental para podermos enfrentar as circunstâncias com clareza, tornando tudo mais fácil para nós e para os que nos rodeiam. Numa era de excesso de informação e desinformação, em que uma centelha de pânico facilmente conflagra num incêndio, vale a pena relembrar a velha máxima britânica: “Keep Calm and Carry On”. Mesmo que a parte do Carry On tenha que ser feita em casa, através da internet, com a filharada a correr de um lado para o outro. Jothemonster.com
Vacina para uma mente sã
Joana Cardoso Button Arquitecta – Corona… quê? Nunca ouvi falar! – diz Ninguém. Em poucas semanas, o mundo ficou de pernas para o ar. As ruas esvaziaram-se, os meninos deixaram de ir à escola e os abraços viraram pecado capital. Qualquer mudança causa transtorno, uma vez que as nossas cabeças precisam de se adaptar à novidade. Como tal, não é de surpreender que uma alteração tão súbita e profunda do nosso dia-a-dia nos tenha deixado desnorteados. Para manter a cabeça fresca nestas semanas atribuladas, criei uma lista de medidas práticas e simples. Enquanto a vacina para o corpo não chega, criemos nós uma vacina para a mente: 1 – Afastemo-nos das redes sociais. Agora que passamos bastante tempo em casa, o tempo livre – sempre tão escasso – cresce um pouco. É tentador usar as horas extra nas redes sociais mas, se prezamos a nossa saúde mental, fujamos dessa armadilha. WhatsApp, Facebook, Twitter e outros que tais abundam em informação mais ou menos credível e em conteúdo criado para puxar à emoção – leia-se pânico. Claro que é importante mantermo-nos informados. Para tal, sugiro limitarmo-nos a duas ou três fontes de informação fiável, incluindo o site da Organização Mundial de Saúde. Passar horas sem fim a ler testemunhos pungentes de médicos italianos em hospitais à beira do colapso, ou vídeos de pessoas a lutar por papel higiénico nos supermercados, não vai ajudar ninguém a responder a esta situação com clareza de espírito e eficiência. 2 – Escolhamos criteriosamente as fontes de informação e não as consultemos mais do que duas ou três vezes por dia. Após escolhermos as nossas fontes de informação, sejamos moderados. Notícias são atualizadas quase ao minuto, criando a irresistível tentação de ficar colado ao telemóvel. Mas, para quase todos nós, não faz diferença saber as novidades agora ou daqui a umas horas. Um consumo obsessivo e constante de informação resultará numa grande dor de cabeça, e uma cabeça latejante não é adequada para responder aos desafios da vida. 3 – Pull yourself together! O pânico generalizado agrava qualquer situação. É importante mitigá-lo usando todas as armas disponíveis contra ele. Aproveitemos o tempo de modo produtivo. Trabalhemos, meditemos, façamos exercício ou ponto de cruz – qualquer atividade que foque a nossa atenção e combata o stress. Porque não ler aquele romance bem-disposto que lhe ofereceram no Natal? Ou finalmente começar (ou acabar…) Em Busca do Tempo Perdido? Se calhar é desta que arranja tempo. Uma mente repousada é mais resistente ao pânico e contribui para um ambiente calmo, essencial para o bem-estar de todos em situação de quarentena. 4 – Pensemos antes de partilhar Ainda com o objetivo de controlar o pânico, pensemos duas vezes antes de partilhar textos, vídeos e imagens sobre a Covid-19 nas redes sociais. Cada mensagem incorreta ou desnecessariamente assustadora tem o potencial de criar um problema muito pior do que a pandemia. Uma doença pode ser controlada seguindo os conselhos da Organização Mundial de Saúde; maluquinhos com teorias da conspiração ou lutas no supermercado podem tornar-se um caso mais bicudo. Antes de enviar qualquer conteúdo, reflitamos: os nossos contactos precisam mesmo de mais spam Covid-19? A informação que queremos transmitir vai ajudá-los ou vai deixá-los mais frustrados, cansados, assustados e menos aptos a lidar com a situação? Enviemos apenas informação útil. 5 – Sejamos ponderados Na era do Twitter, de posições a preto-e-branco e discussões acaloradas, é difícil manter a cabeça fria e perceber as implicações de cada medida tomada. Nunca foi tão simples criticar, barafustar, culpar. É fácil esquecer que estamos perante um problema complexo, para o qual há que ter paciência e uma atitude proactiva. Se houvesse uma solução milagrosa, esta já teria sido tomada. Sejamos compreensivos. Respiremos fundo e tentemos perceber posições diferentes das nossas. Menos crítica, mais amor. Sermos responsáveis não se limita a lavar bem as mãos e a manter distância social. Responsabilidade também passa por ser criterioso no que se lê e no que se diz. Ser responsável é cultivar a nossa saúde mental para podermos enfrentar as circunstâncias com clareza, tornando tudo mais fácil para nós e para os que nos rodeiam. Numa era de excesso de informação e desinformação, em que uma centelha de pânico facilmente conflagra num incêndio, vale a pena relembrar a velha máxima britânica: “Keep Calm and Carry On”. Mesmo que a parte do Carry On tenha que ser feita em casa, através da internet, com a filharada a correr de um lado para o outro. Jothemonster.com
Pedro Costa Sociólogo e Investigador no CECS (Universidade do Minho) Este artigo parte da seguinte tese: de que o crescimento exponencial das fake news, bem como a sua proliferação acelerada pelas redes digitais, é o resultado do casamento de três fatores: a forma noticiosa, a capacidade de criar uma sensação imediata capaz de prender a atenção e o conjunto de técnicas de captura da atenção que empresas e sistemas colocam à disposição. 1. O problema da forma noticiosa na era dos ecrãs Comecemos pela forma noticiosa. Uma notícia pode ser representada pela figura geométrica do triângulo. Neste caso, um triangulo lido do topo para a base, onde primeiro aparece o título, revelando a conclusão, e só depois o corpo da notícia a responder às questões fundamentais: Quem? Como? Onde? Quando? Porquê? Este formato foi-se adaptando ao crescimento da linguagem não-formal em sociedades cada vez mais livres e democráticas, aos problemas da profissionalização do jornalista, à precariedade que se foi instalando no setor, ao crescimento exponencial de jornalistas freelancer, ao desmembramento de grandes empresas de informação e à substituição do leitor de jornal em papel pelo consumidor de notícias no ecrã: primeiro com a televisão, depois com a internet e recentemente com o smartphone, sobretudo em aplicativos. Obrigando o setor a mudar, a única coisa que permaneceu foi a forma da notícia, o tal triângulo iniciado a partir do clímax informacional. No ecrã-televisão, a notícia começa com a parangona, acompanhado por um título escrito e mais uns tantos mais pequenos que vão aparecendo no rodapé. Lendo o teleponto, o jornalista é auxiliado por imagens que cobrem o que é dito. Outrora um conjunto de letras para serem lidas, a notícia passou aqui a ser um conjunto formado por sons, imagens e letras. Aumentou-se o número de estímulos, retirando considerável atenção ao consumidor, que agora se foca no título escrito e em algumas coisas que vão sendo ditas à velocidade da locução. A notícia alcança um sentido mais imagético. Já no ecrã-computador, o jornal digital assemelha-se ao jornal em papel, ainda que o número de distrações aumente: é a possibilidade de fazer acompanhar a notícia de um vídeo, é a publicidade nas laterais, são os títulos de outras notícias, em forma de link, é um email que entra, etc. Ou seja, um outro conjunto de distrações, tal como acontece na televisão, toma conta da atenção do sujeito. A notícia alcança um sentido mais interativo. No ecrã-smartphone, para além do universo de aplicações, ainda existem as requisições da atenção feitas pelos sistemas de mensagem, pelos avisos das redes sociais digitais e pelas subscrições efetuadas. Entre essas, a subscrição de jornais digitais é uma forma personalizada de solicitar a atenção do indivíduo, enviando mensagens com títulos de notícia ou com resumos noticiosos. Se com televisão e computador já era difícil manter a concentração, com o smartphone ainda mais. Esta passa a ser partilhada com plataformas digitais rodeadas de amigos, brincadeiras e sistemas interativos. Ainda assim, a forma noticiosa mantém-se: o título chega aqui por mensagem de subscrição e, se o indivíduo abrir a notícia, encontra lá o conteúdo. A notícia passa a ser uma notificação curta e simples. 2. Sensacionalismo: uma resposta do jornalismo à dificuldade de captar a atenção À medida que os meios foram evoluindo, a concentração e a disponibilidade mental para o conteúdo das notícias tornaram-se menores devido aos inúmeros estímulos. Ainda que a forma (e fórmula) noticiosa continue bem-sucedida, diversos estímulos visuais e uma interatividade crescente geram uma perversidade: com menos tempo disponível devido a tantas solicitações, sobrexcitado, o consumidor de notícias lê o mais imediato, o mais rápido e o que mais o sensibiliza. Tende a tornar-se menos explorador de conteúdos, ficando-se pelos títulos e pouco mais. A imagem, sobretudo a imagem-movimento nos ecrãs, veio então lançar um enorme desafio às notícias, tanto nos assuntos como nas suas qualidades: como prender a atenção de sujeitos sobrexcitados por imagens-movimento? Como prender a atenção do indivíduo, levando-o a ler uma notícia de início ao fim com concentração máxima? A análise estatística aos consumos e partilhas de notícias responde a estas e outras questões. Os dados revelam a existência de um maior número de leitores em notícias com maiores índices de informação sensacional e fantástica do que em notícias sem esses ingredientes. À medida que o sujeito foi sendo sobrexcitado, o sensacionalismo tornou-se a resposta social dos construtores de notícias para prender a atenção dos sujeitos. O sensacionalismo tem várias formas. Não é apenas o conteúdo sensacionalista. Também a forma é importante. Existem notícias com conteúdos pouco sensacionais, mas com títulos extremamente sensacionalistas e vice-versa. O sensacionalismo aparece como forma que pretende absorver a totalidade do conteúdo, prendendo a atenção ou caçando o clique em ambiente digital. Por detrás, a estatística demonstra a sua eficácia. Ora, como isto resulta em números, funciona também para a sobrevivência do jornal. O setor é pernicioso e vive numericamente: com muitas visualizações ou tiragens, conseguem-se capturar publicidades. Caso contrário, não. O sensacionalismo é também “resultadista”, legitimando-se na estrutura organizacional e na mente do jornalista. Em última instância, o que o jornalista quer é um “furo” capaz de gerar leituras ou visualizações massivas. O sensacionalismo, tendo por base a afeção de sensações e emoções primárias do humano, é essa resposta imediata. Daí o sucesso de temas como a morte, o medo, a paixão, o pânico, a incerteza, entre outros. 3. Captologia: ciência da captura da atenção Todo este cenário tem conduzido jornalistas, jornais e empresas de comunicação à especialização em “captologia” (Bruno Patino): a ciência de capturar a atenção do sujeito num tempo em que o público está já sobrexcitado. Isto é, o jornalista já não compete unicamente com a concorrência direta, mas também com um conjunto de produtores de estratégias e estímulos informacionais, bem preparados para prender a atenção dos sujeitos. Nesse rol de concorrentes estão os gigantes da tecnologia, programadores, agências de marketing, indústrias como a do cinema e dos videojogos, etc. Luta-se pelo “mercado da…
O vírus Fake News: origens e técnicas
Pedro Costa Sociólogo e Investigador no CECS (Universidade do Minho) Este artigo parte da seguinte tese: de que o crescimento exponencial das fake news, bem como a sua proliferação acelerada pelas redes digitais, é o resultado do casamento de três fatores: a forma noticiosa, a capacidade de criar uma sensação imediata capaz de prender a atenção e o conjunto de técnicas de captura da atenção que empresas e sistemas colocam à disposição. 1. O problema da forma noticiosa na era dos ecrãs Comecemos pela forma noticiosa. Uma notícia pode ser representada pela figura geométrica do triângulo. Neste caso, um triangulo lido do topo para a base, onde primeiro aparece o título, revelando a conclusão, e só depois o corpo da notícia a responder às questões fundamentais: Quem? Como? Onde? Quando? Porquê? Este formato foi-se adaptando ao crescimento da linguagem não-formal em sociedades cada vez mais livres e democráticas, aos problemas da profissionalização do jornalista, à precariedade que se foi instalando no setor, ao crescimento exponencial de jornalistas freelancer, ao desmembramento de grandes empresas de informação e à substituição do leitor de jornal em papel pelo consumidor de notícias no ecrã: primeiro com a televisão, depois com a internet e recentemente com o smartphone, sobretudo em aplicativos. Obrigando o setor a mudar, a única coisa que permaneceu foi a forma da notícia, o tal triângulo iniciado a partir do clímax informacional. No ecrã-televisão, a notícia começa com a parangona, acompanhado por um título escrito e mais uns tantos mais pequenos que vão aparecendo no rodapé. Lendo o teleponto, o jornalista é auxiliado por imagens que cobrem o que é dito. Outrora um conjunto de letras para serem lidas, a notícia passou aqui a ser um conjunto formado por sons, imagens e letras. Aumentou-se o número de estímulos, retirando considerável atenção ao consumidor, que agora se foca no título escrito e em algumas coisas que vão sendo ditas à velocidade da locução. A notícia alcança um sentido mais imagético. Já no ecrã-computador, o jornal digital assemelha-se ao jornal em papel, ainda que o número de distrações aumente: é a possibilidade de fazer acompanhar a notícia de um vídeo, é a publicidade nas laterais, são os títulos de outras notícias, em forma de link, é um email que entra, etc. Ou seja, um outro conjunto de distrações, tal como acontece na televisão, toma conta da atenção do sujeito. A notícia alcança um sentido mais interativo. No ecrã-smartphone, para além do universo de aplicações, ainda existem as requisições da atenção feitas pelos sistemas de mensagem, pelos avisos das redes sociais digitais e pelas subscrições efetuadas. Entre essas, a subscrição de jornais digitais é uma forma personalizada de solicitar a atenção do indivíduo, enviando mensagens com títulos de notícia ou com resumos noticiosos. Se com televisão e computador já era difícil manter a concentração, com o smartphone ainda mais. Esta passa a ser partilhada com plataformas digitais rodeadas de amigos, brincadeiras e sistemas interativos. Ainda assim, a forma noticiosa mantém-se: o título chega aqui por mensagem de subscrição e, se o indivíduo abrir a notícia, encontra lá o conteúdo. A notícia passa a ser uma notificação curta e simples. 2. Sensacionalismo: uma resposta do jornalismo à dificuldade de captar a atenção À medida que os meios foram evoluindo, a concentração e a disponibilidade mental para o conteúdo das notícias tornaram-se menores devido aos inúmeros estímulos. Ainda que a forma (e fórmula) noticiosa continue bem-sucedida, diversos estímulos visuais e uma interatividade crescente geram uma perversidade: com menos tempo disponível devido a tantas solicitações, sobrexcitado, o consumidor de notícias lê o mais imediato, o mais rápido e o que mais o sensibiliza. Tende a tornar-se menos explorador de conteúdos, ficando-se pelos títulos e pouco mais. A imagem, sobretudo a imagem-movimento nos ecrãs, veio então lançar um enorme desafio às notícias, tanto nos assuntos como nas suas qualidades: como prender a atenção de sujeitos sobrexcitados por imagens-movimento? Como prender a atenção do indivíduo, levando-o a ler uma notícia de início ao fim com concentração máxima? A análise estatística aos consumos e partilhas de notícias responde a estas e outras questões. Os dados revelam a existência de um maior número de leitores em notícias com maiores índices de informação sensacional e fantástica do que em notícias sem esses ingredientes. À medida que o sujeito foi sendo sobrexcitado, o sensacionalismo tornou-se a resposta social dos construtores de notícias para prender a atenção dos sujeitos. O sensacionalismo tem várias formas. Não é apenas o conteúdo sensacionalista. Também a forma é importante. Existem notícias com conteúdos pouco sensacionais, mas com títulos extremamente sensacionalistas e vice-versa. O sensacionalismo aparece como forma que pretende absorver a totalidade do conteúdo, prendendo a atenção ou caçando o clique em ambiente digital. Por detrás, a estatística demonstra a sua eficácia. Ora, como isto resulta em números, funciona também para a sobrevivência do jornal. O setor é pernicioso e vive numericamente: com muitas visualizações ou tiragens, conseguem-se capturar publicidades. Caso contrário, não. O sensacionalismo é também “resultadista”, legitimando-se na estrutura organizacional e na mente do jornalista. Em última instância, o que o jornalista quer é um “furo” capaz de gerar leituras ou visualizações massivas. O sensacionalismo, tendo por base a afeção de sensações e emoções primárias do humano, é essa resposta imediata. Daí o sucesso de temas como a morte, o medo, a paixão, o pânico, a incerteza, entre outros. 3. Captologia: ciência da captura da atenção Todo este cenário tem conduzido jornalistas, jornais e empresas de comunicação à especialização em “captologia” (Bruno Patino): a ciência de capturar a atenção do sujeito num tempo em que o público está já sobrexcitado. Isto é, o jornalista já não compete unicamente com a concorrência direta, mas também com um conjunto de produtores de estratégias e estímulos informacionais, bem preparados para prender a atenção dos sujeitos. Nesse rol de concorrentes estão os gigantes da tecnologia, programadores, agências de marketing, indústrias como a do cinema e dos videojogos, etc. Luta-se pelo “mercado da…