Editorial

Eleições Legislativas
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

 

Vamos mais uma vez contribuir para a democracia portuguesa com o nosso voto.

Todos sabemos que não se trata apenas de um ato cívico obrigatório para qualquer cidadão que se prese, mas sim de uma atitude que vai influenciar o nosso nível de vida nos próximos anos.

Para que possamos votar em consciência, devemos ter a preocupação de nos informarmos através de variadas fontes para criarmos uma opinião mais consentânea com os nossos interesses. Por isso continuamos a saga da “opinião pública” que nos influencia imenso mas que também nos ajuda nessa mesma escolha.

Na minha opinião, não devemos ficar presos à treta da estabilidade, nem à ideia tremendamente limitativa da divisão da sociedade em esquerda e direita. Estas são formas simples para nos atemorizarem e assim, mais facilmente conduzirem o eleitor para os caminhos que interessam a quem tem vivido à custa da nossa democracia todos estes anos.

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Temos que votar de acordo com a nossa consciência e os interesses nacionais. Confirmar a opinião pública dá trabalho, mas também nos oferece mais certezas, sobretudo se consultamos um bom número de fontes disponíveis e, se possível, com ideologias opostas.

Se ponderarmos bem, concluímos que devemos votar, nem que tenhamos que contribuir para uma ideologia que não esteja de acordo com os nossos princípios éticos, mas para que os restantes partidos não fiquem com capacidade de continuar a prejudicar a nossa existência. Não esqueçam que é disso que se trata, é da nossa existência e por vezes também da nossa subsistência.

Porque o problema da atual situação económica se deve única e simplesmente aos erros provocados por quem nos governou até hoje, tudo que possa ser dito como justificação não passa de simples teoria de Noam Chomsky: filósofo, ativista político e professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Este americano criou a “Hierarquia de Chomsky” quando investigou para a “Gramática Generativa Transformacional”. Ou seja, estudou metodologias que denunciam a manipulação da opinião públicas e assim as atitudes humanas através da simples utilização da linguística.

Trata-se não só de um tesouro para os políticos mas também de um conjunto de informações preciosas para o cidadão comum. Vejamos então uma síntese das suas 10 estratégias para a manipulação mediática:

  1. “Estratégia da distração”. Desviar a atenção pública dos problemas importantes como mudanças políticas e económicas com contínuas distrações e informações insignificantes. Assim o público é desviado de questões essenciais deixando distraidamente que os políticos cometam as suas traquinices silenciosamente.
  2. “Criar problemas e depois oferecer soluções”. Cria-se propositadamente um problema que causa reação do público com o fim de assim poderem ser aplicadas as medidas políticas que estavam previamente estabelecidas e que assim vão ser aceites naturalmente pelo público. Como verificamos com as alterações aos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
  3. “A estratégia da gradualidade”. Para que uma medida inaceitável passe a ser aceite basta aplica-la gradualmente. Tal como aconteceu com as privatizações, reduções salariais, despedimento e reduções dos direitos sociais.
  4. “Estratégia do diferimento”. Para forçar a aceitação de uma medida impopular ela é apresentada como dolorosa e desnecessária para que o público, depois de muita insistência, se vá habituando até que acaba por aceitá-la resignadamente mais tarde. Como tem acontecido no nosso país nos últimos anos.
  5. “Dirigir-se ao público como se fosse gente de menor idade”. Principalmente na publicidade é utilizada uma linguagem, entoação e argumentos particularmente infantis quase dando a ideia de que se trata de gente portadora de distúrbios mentais. A reação do público, por disparatada que pareça, acaba por ser desprovida de sentido crítico, caindo na lógica daquilo que lhe estão a querer vender.
  6. “Utilizar mais o aspeto emocional do que a reflexão”. É uma técnica clássica utilizada para causar um curto-circuito na análise racional confundindo o sentido crítico e assim abrindo o acesso ao inconsciente para implantar: ideias, desejos, medos, compulsões e induzir comportamentos. Como está a acontecer na generalidade da propaganda política destas nossas eleições.
  7. “Manter o público na mediocridade e na ignorância”. Fazer com que o público não entenda as tecnologias nem os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. Esta tarefa é controlada pela qualidade da educação. Como foi verificado nos anos de vigência do Dr. António Salazar e deste último governo. Defendendo a inutilidade da cultura e da formação superior, a mão-de-obra mal recompensada e pouco especializada com o objetivo fundamental da exportação pois pensam que assim obtêm preços mais competitivos.  Será que conseguem assim competir com os asiáticos?
  8. “Estimular o público a ser complacente com a mediocridade”. Convencer o público de que é moda ser vulgar, estúpido e inculto. Dá jeito a certas pessoas pois assim é muito mais fácil manipular as massas e gerir com toda a ignorância que lhes tem sido peculiar.
  9. “Reforçar a auto-culpabilidade”. As pessoas acabam por acreditar que são as únicas culpadas da sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, falta de capacidade e de esforço. O cidadão em lugar de se revoltar contra o sistema económico e a má gestão, acaba por se auto-desvalorizar e culpabilizar terminando assim no atual estado depressivo generalizado.

10. “Conhecer melhor os indivíduos do que eles se conhecem a si próprios”. Acontece que nos últimos 50 anos a ciência tem desfrutado de conhecimento de tal forma avançado sobre o aspeto físico e psicológico que acaba por conhecer melhor o indivíduo do que ele se conhece a si próprio. Por isso o sistema passou a exercer um grande poder e controle sobre o ser humano.

Na minha opinião espero ter contribuído humildemente para uma mais adulta consciencialização dos leitores/eleitores e desta forma ajudar a que a nossa democracia em cada dia fique mais eficiente e sensível aos problemas nacionais.  

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