Empresas fornecedoras da PSA Vigo preferem Alto Minho à Galiza por “poupança de milhões”

Empresas estrangeiras preferem Alto Minho do que a Galiza

No dicionário das relações entre o Alto Minho e a Galiza expressões como “colaboração”, “cooperação transfronteiriça”, “em parceria” e “intercâmbio” entram em qualquer discurso e plano de intenções, mas, na captação de investimentos, sobretudo nos setores automóvel e tecnológico, as referidas regiões concorrem pelos mesmos mercados. E desde 2016 que várias multinacionais elegeram o Alto Minho pelos incentivos concedidos na instalação e/ou ampliação.

A expansão da PSA Vigo e os novos modelos adjudicados à multinacional francesa (gama de furgonetas Peugeot, Citroën e Opel, e todo-o-terreno da Peugeot em várias versões) têm permitido a instalação de novas unidades fabris no distrito, surgindo Valença, Arcos de Valdevez e Viana como importantes centros de atração para as empresas da indústria automóvel. O jornal La Voz de Galicia diz mesmo que “nenhuma empresa das novas multinacionais que chegam atraídas pelo volume de trabalho da PSA [Vigo] se instala em solo galego. Todas optaram por Portugal”, lê-se.

Ao mesmo periódico, alguns empresários, fornecedores do grupo Peugeot Citroën, explicam que não têm outra solução. “A PSA definiu o critério do custo acima de tudo o resto e, para um fabricante, a diferença entre a instalação em Portugal e a Galiza significa milhões de euros de poupança em terreno, que é o maior investimento, mas também no custo dos trabalhadores”.

No concelho de Arcos de Valdevez, depois da instalação, em 2015, da Eurocast (fabricante de peças de fundição injetada de alumínio para componentes automóveis), fruto de um investimento de quase 25 milhões de euros, outro projeto muito noticiado, no segundo semestre de 2017, disse respeito à multinacional francesa Mora, que, com um investimento de 5 milhões de euros, avança para uma segunda unidade neste concelho, para duplicar a sua capacidade de produção. Esta empresa, especializada em peças plásticas de injeção para o setor automóvel, vai dar trabalho a mais cinquenta pessoas com o intuito de, até finais de 2019, atingir vendas no valor de 10 milhões de euros.

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Também Valença tem entrado neste roteiro de investimentos. A multinacional gaulesa Bontaz Center, fabricante de peças de motor, prepara um investimento de 25 milhões de euros e a criação de perto de mil empregos em três anos.

Pelo meio, outras fornecedoras da PSA já anunciaram investimentos na capital do distrito alto-minhoto. É o caso da francesa Steep Plastique (componentes plásticos para automóveis) que prevê um investimento de 50 milhões de euros até 2021, indo gerar 250 empregos. Ou da Eurostyle Systems que vai investir 18 milhões de euros e criar cem postos de trabalho.

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Fatores de atratividade do Alto Minho

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Para além da concessão de benefícios fiscais (existem, inclusivamente, casos de isenções) por parte dos municípios alto-minhotos (e não só), há, dizem os interessados, um conjunto de fatores que explica esta avalancha de investimento no lado português, nomeadamente a qualificação dos recursos humanos, a inovação, a flexibilidade e a fiabilidade dos produtos.

Como resultado das políticas implementadas e das vantagens que Portugal oferece, a PSA Vigo passou de uma dezena de empresas fornecedoras com sede em solo luso em 2005 para perto de cinquenta unidades fabris em 2018 (metade dos quais de raiz galega), sendo o distrito de Viana do Castelo um dos principais eixos da multinacional francesa.

Não por acaso, os autarcas do Alto Minho gostam de elogiar a capacidade produtiva do território como elemento de vincada importância para captar investimento com enorme potencial de exportação. O edil João Manuel Esteves realça, frequentemente, a grande aptidão dos trabalhadores como fator de atratividade e competitividade do concelho arcuense, mais ainda do que a redução de impostos, os baixos salários ou os terrenos a preços bonificados.

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“A razão por que algumas empresas continuam implantadas ou se implantam no nosso território reside na qualidade dos nossos recursos humanos, é isso que sinaliza a grande maioria dos empresários”, sublinhou o presidente da Câmara numa acção de certificação de adultos por parte do CENFIM.

 

Efeitos da instalação no Alto Minho das multinacionais francesas

. Os municípios e os autarcas competem, cada vez mais, entre eles pelas empresas.

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. Há muitos indivíduos que voltaram a estudar francês, que estava há anos em grande regressão, porque a maioria dos empregadores pede candidatos com domínio do idioma.

. Começa a haver limitações de espaço em parques empresariais, mas o problema não se coloca no concelho de Arcos de Valdevez.  

 

 

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