Editorial

A Erradicação da pobreza em Portugal
Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

É surpreendente a veleidade com que se afirma que vamos erradicar a pobreza em Portugal.

Esta afirmação de António Costa nasceu em pleno momento eleitoral, num comício do PS em 8 de setembro de 2019, na Guarda.

“A ambição que nós temos, na próxima legislatura, é avançarmos mais no objetivo de erradicar a pobreza. E se há pobreza que nós temos que erradicar é a pobreza que atinge os mais idosos, que são aqueles que estão mais frágeis, são aqueles que mais dependem outros”.

https://www.cmjornal.pt/politica/detalhe/eleicoes-costa-promete-erradicar-pobreza-e-elevar-o-complemento-solidario-para-idosos

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A ideia é, por si só, o objetivo de qualquer governante que se preze. Poderíamos considerar o milagre da governação. Mas infelizmente temos que ponderar a correcção dos imensos erros que se foram cometendo durante esta nossa democracia. Apenas o facto de pensarmos no que será necessário modificar, transforma a tarefa em algo assustador mas tremendamente glorificante.

Às tantas, foi até por isso que o nosso Primeiro Ministro se lembrou de atirar esta promessa chocante para a arena da politica.

Sejamos coerentes. Os prós seriam maravilhosos, mas os contras são tantos que, só de pensar neles ficamos com muito receio da sua concretização nos próximos 12 anos quanto mais em quatro.

Vamos lá ponderar algumas ideias:

– A pobreza acontece maioritariamente com a precipitação na “exclusão social;

– Esta, por sua vez, é também resultado da “infoexclusão“;

– As duas razões anteriores acontecem devido à “falta de nível económico“;

– Ou seja, pela “ausência de recursos formativos/culturais” que auxiliam a Pessoa Humana a atingir uma natural “auto-sustentabilidade“.

Vamos agora traduzir o significado destas quatro causas:

1º A exclusão social é a separação entre a sociedade e o indivíduo por este não ser capaz de cumprir certas regras da convivência em grupo. Ela só pode ser corrigida pela intervenção correctiva de alguns organismos governamentais;

2º A infoexclusão, retira ao indivíduo a capacidade de atualizar os conhecimentos sobre o que será melhor ou pior para a sua sobrevivência. Fica assim menos informado para a resolução rápida e acessível dos seus problemas diários e das novidades que acontecem no mundo que o rodeia;

3º O nível económico surge quando a pessoa trabalha em algo que lhe credita rentabilidade e estabilidade para uma vida social com compromissos;

4º A ausência de recursos formativos/culturais é que precipita de forma capital toda a organização social anterior.

Tudo isto parece estar sem resolução possível, mas não é verdade, basta que os nossos políticos parem para pensar um pouco mais nos cidadãos e não naquilo que eles chamam politicamente correto. Nunca chegamos a compreender esta frase, porque consideramos que aquilo que é correto, ou é, ou não é!…

“Tapar o sol com a peneira” ou adiar soluções, nunca resolveram os problemas de ninguém.

Para fazermos uma pequena ideia, só no decénio que terminou em 2013, os desempregados aumentaram 40,5% a população em risco de pobreza. Em 2014 o valor médio do subsídio de desemprego para quem o conseguia, era de 463 euros.

https://www.cidadaniaemportugal.pt/wp-content/uploads/recursos/eapn/Rediteia%2048%20-%20erradicar%20a%20pobreza_%20compromisso%20para%20uma%20estrat%C3%A9gia%20nacional.pdf

 

Muito facilmente se conclui que a estratégia para o desenvolvimento de Portugal no futuro, tem que passar pelo declínio acentuado do desemprego e pela eliminação da precariedade, não esquecendo o baixo nível salarial que caracteriza o nosso pais. Só com politicas sociais e económicas apropriadas se poderá combater a pobreza.

As pessoas têm que ser educadas para o acesso ao crédito e ao mercado de bens e serviços. Quando não, voltamos aos empréstimos desmedidos que levaram às falências dos Bancos.

Ainda temos alguma dificuldade em compreender a razão que nos leva a pagar as dívidas dos Banqueiros quando nunca nos foram distribuídas quaisquer percentagens dos lucros que eles entretanto usufruíram. Se não forem tomadas medidas, continuaremos a ver meninos que compram carros topo de gama e habitações de luxo sem terem rendimentos nem segurança profissional para a obtenção de tão elevados créditos.

Temos aqui um grave problema intergeracional de pobreza, sabem porquê?

Porque atingimos um ciclo vicioso com falta de educação e de literacia hereditários devido à incapacidade financeira.

Será assim tão difícil ao Estado financiar e promover essas necessidades?

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