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Escassez de água em Entre Ambos-os-Rios: reflexo da seca ou incompetência camuflada?

Desde há alguns anos que a Freguesia de Entre Ambos-os-Rios, em Ponte da Barca, sofre com a falta de água. Situação por demais caricata já que geograficamente encontra-se situada entre dois rios: Tamente e Froufe. Os moradores dos cinco lugares que conformam esta freguesia há muito que sofrem com a falta de água, que tem vindo a piorar com os anos. Antes era um cenário que só ocorria no verão na chegada dos emigrantes à terra, mas desde há algum tempo a falta de água está presente em qualquer altura do ano.

No passado dia 1 de dezembro, os moradores do lugar de São Miguel viram as torneiras secar durante o dia. Júlio Calçada, empresário na área do turismo, explica que “desde há pouco mais de uma semana a água vinha faltando constantemente, até que já estava regulada por relógio”. E acrescenta: “Fechavam-na às 20:00 horas e só reabria por volta das 7:00, já de manhã”, mas com a chegada do fim-de-semana prolongado a situação agravou-se e nem sequer durante o dia havia água. O empresário tentou contactar a Junta de Freguesia na sexta-feira e sábado, mas não obteve qualquer resposta.

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No dia 5 de dezembro, quase uma semana depois do agravamento da situação, a Corporação dos Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca deslocou-se ao lugar de São Miguel para abastecer o tanque, o qual se encontrava praticamente vazio. O Comandante interino da Corporação, Jorge Gonçalves, explica que “o camião para abastecer este depósito de água foi enviado pela Câmara Municipal”. E esclareceu que “não temos conhecimento que tivesse sido mediante qualquer outro contacto”. O adjunto informou que o tanque, o qual para o momento do abastecimento estava praticamente vazio, leva ao redor de 40.000 litros de água e o camião cisterna só consegue carregar 9.000 a 10.000 litros, por isso duvidava que esse abastecimento resolvesse a situação. Confidenciou que, provavelmente, teriam de o abastecer pelo menos mais duas vezes naquele dia.

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Outro elemento da corporação dos bombeiros e também morador da Freguesia, Joaquim Dantas Lopes, alertou que, além do desabastecimento, algumas das águas existentes na freguesia não são próprias para consumo. Assim como afirmou que o problema do desabastecimento vai muito mais além da seca que se faz sentir a nível nacional. “Não sei o que é que eles estão à espera (Junta de Freguesia) … É necessário limpar os filtros e agora no inverno não dá porque aquilo é um rio e depois não conseguem entrar na foz”, garante.

 

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Em declarações ao Minho Digital (MD), Pedro Esteves Gomes, que é funcionário da Junta de Freguesia e chefe dos Sapadores Florestais de Entre Ambos-os-Rios, explicou que a falta de água se deve efetivamente à seca que se faz sentir há quase um ano em Portugal, mas também “por causa das condutas de água precisarem de manutenção”. E justificou que “foram feitas há mais de 20 anos e nunca se fez ali qualquer trabalho de manutenção”. Segundo dados apurados pelo MD, estão a ser efectuados, atualmente, trabalhos de limpeza nas condutas para tentar minorar os efeitos deste desabastecimento de água.

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É importante destacar que a gestão das águas nesta freguesia do Alto Minho não depende da Câmara Municipal, mas sim diretamente da Junta de Freguesia que podia ter tido toda a liberdade de contactar os Bombeiros e requerer junto deles o deslocamento do camião para abastecimento do tanque. No entanto, ao que tudo indicia, preferiu aguardar até ao domingo e só nesse dia contactar a Câmara Municipal para resolverem a situação junto com os Bombeiros.

O Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, explica que efetivamente foi contactado no passado dia 3 de Dezembro pela União das Juntas de Freguesias de Entre Ambos-os-Rios, Ermida e Germil por causa da existência de falta de água no lugar da Igreja. Garante que este ano, ainda quando a gestão da água é da única responsabilidade da Junta, a Câmara Municipal já investiu perto de 15.000 euros entre custos de energia, manutenção, análises das águas, inclusive deslocações dos bombeiros.  

Augusto Marinho afirma, ainda, que quanto à responsabilidade não compete a Autarquia. “Decidiu-se enviar o camião para abastecer o reservatório de água porque acima de tudo está a população” – acrescentou o autarca. Acredita que tem de haver uma discussão séria acerca da questão da água identificando fragilidades e trabalhando a questão em particular, com cada uma das Freguesias.

À hora de fecho desta edição do MD, sabe-se que o abastecimento de água no lugar da Igreja está restabelecido mas ainda regulada por … relógio!

 

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