Jorge Melo

Consultor de Comunicação

A maioria das pessoas esqueceu o que se tem passado financeiramente nas últimas décadas atingindo quase os dois séculos passados. Na prática e vistos os acontecimentos friamente acabamos por deduzir que se trata de um ciclo vicioso muito à semelhança da velha e saborosa “pescadinha de rabo na boca”.

Então vejamos a sequência:

– A origem está sempre nos EUA desde a “Grande Depressão Americana de 1929”;

– Quem salvou a crise? Foi o Congresso Americano que auxiliou na reconstrução das finanças ajudando a banca que lhes interessava e que tinha provocado a própria crise;

– Deflagra depois em 2008 esta crise global também iniciada nos EUA;

– Quem a está a salvar? O FMI com preponderância dos bancos americanos que estiveram na origem da mesma crise.

Vejamos então o que provocou este problema global declarado em 2008.

Em 1990, durante o governo de Bill Clinton, os EUA resolveram implementar a construção civil no setor imobiliário pois pretendiam aumentar o número de cidadãos proprietários. Claro está que isso só foi possível com a existência de instituições financeiras especializadas.

Ora como o crescimento dos créditos a longo prazo foi muito rápido e inseguro, os Bancos não tinham nem capacidade financeira nem plafom de crédito para acompanhar tal evolução, logo surgiram empresas como a Fannie Mae e a Freddie Mac que passaram a comprar carteiras de crédito imobiliário aos bancos americanos. Por este método financeiro, os bancos conseguiam aumentar a concessão de crédito sem possuírem capacidade financeira para tão volumoso negócio. Cá em Portugal chama-se, “tapar o sol com a peneira”, ou seja, transformou-se numa aventura financeira, que segundo o meu humilde ponto de vista deveria ser ilegal.

Pronto, foi esta moda financeira que rapidamente se espalhou pelo mundo civilizado e provocou o colapso existente. Claro que essas empresas, pertencentes aos bancos, para alcançarem os elevados valores financeiros, tiveram que recorrer à bolsa. Como todos sabemos, esta situação não dá nada a ninguém, apenas proporciona valor, mas não chega para resolver os problemas até porque passa a ser muita gente a ganhar dinheiro com o vulgar cidadão que já tem tão pouco para se governar.

Estas empresas que financiam os bancos, começaram a ter crédito malparado por falta de cuidado nos negócios e porque os amigos tinham que ter acesso ao dinheiro para poderem fazer alguns favores quando necessários. Assim surgiu na bolsa outro tipo de negócios que, para que se entenda, vende dívida incobrável como se fosse algo de valor e não é que os acionistas compram!!!!

Como “quem tudo quer tudo perde”, começa a faltar dinheiro no mercado e os governos, como de costume, vão busca-lo ao cidadão através dos impostos e de algumas leis que prejudicam o necessário e habitual rendimento familiar. Sem darem por isso, estão a “matar a galinha dos ovos de ouro”, por outras palavras, quem lhes dá o dinheirinho ao fim do mês. Assim aceleraram a falência dos bancos e das empresas porque se quem lá põe o dinheiro, deixar de o ter, tudo fica falido. É simples, o automóvel anda com combustível, a economia funciona com dinheiro. Se não houver combustível o carro não anda e se o cidadão não tiver dinheiro a economia não funciona.

Por essa razão é que já existem locais no globo onde os cidadãos, por não conseguirem acompanhar economicamente as exigências dos governos, resolvem os seus problemas monetários através da troca de bens e serviços pondo de parte a utilização do dinheiro. Este processo evita a maioria dos impostos e assim origina um modo de vida mais simples e muito mais económico.

Neste momento, no nosso país, como andamos sempre atrasados relativamente aos EUA, está a acontecer o que já se passou por lá, só que aqui estamos a dar novamente o dinheiro (pagamento da dívida e dos juros) a quem nos arranjou este sarilho com os tais negócios da bolsa, as ações sobre o crédito malparado.

Então isto não é uma pescadinha de rabo na boca? A crise começa no EUA, os nossos acionistas e os nossos bancos metem lá dinheiro que desaparece, isto origina em grande parte a crise que estamos a viver e agora são eles a emprestarem o dinheiro para resolvermos essa mesma crise e ainda pagamos elevados juros. E quem paga todo o prejuízo? O cidadão!