Estarei porventura a ficar louco?

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te (Nietzsche)

Por maior que seja o arrependimento do pecador nunca o inferno se apagará…

Ser inferno o pecado só o é quem pensa ser quieto, ser quieto é ficar em casa, e ficar em casa é um pecado, e ser pecado é viver por sua conta e risco no inferno…

Ficar em casa é ficar quieto. Este paradigma esconde qualquer coisa de grave, e ao esconder qualquer coisa de grave tem uma matriz, e tem uma causa: a matriz chama-se liberdade, e a causa é ficar quieto, amorfo, sem opinião à espera que os dias passem…

Ficar em casa quieto é ter medo, é ser obediente, e ser obediente é não possuir liberdade, é o mesmo que dizer, ter medo da opinião ou não ter absolutamente opinião nenhuma…

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Confortavelmente adaptado, estar quieto, ficar em casa refém dos seus direitos constitucionais, sobretudo no âmbito de agir e dizer o que pensa, caso duma pessoa persuadida, hedonista, democrata, é não ter a liberdade de pensar pela sua própria cabeça, é viver sem dignidade, e viver sem dignidade é permanecer na antecâmara de uma ditadura  como se fosse um programa de publicidade ou propaganda do medo a desumanizar o respeito por si próprio.

Por isso, a continuar assim, onde a demagogia vai pouco a pouco demolindo a democracia, aliás, ambas receberam zelosamente a unção da síndrome do covil e os novos bufos escabrosamente começam a tomar posições saudosistas…

Sustentar esta tese, vale o que vale, pouco importa, porém, procuro aliados, não para se juntarem a mim, porque quero ser louco sozinho, ter uma patologia só minha, à minha maneira, que ninguém interpele as minhas antipatias, quero experimentar a graça da minha loucura… E não me interessa saber se sou o único ou não que habita esta patológica avenida.

Ao ler certos discursos, certas palavras de pessoas valentes, especialistas importantes, com capacidade de falar de tudo sem compromisso… errado, porque falar é comprometer-se e quem não se compromete deve ficar calado.

Por perceber esta vaidade, sinto vontade de voltar à minha loucura, penso que a única maneira de dizer não aos especialistas deste pântano é ter a dignidade de os ignorar.

Obviamente, se assim for, sentirei uma enorme satisfação e orgulho, ser louco sozinho.

Por fim, fluindo, porque todo o resto é recreio.

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