Editorial

ESTATUTO DE PRÉ-ABÓBORA
Nadir Faria

Nadir Faria

Nadir Faria

Cooperante

 

Café: sempre gostei imenso do seu aroma mas muito pouco do seu sabor!

Dormir: sempre foi essencial, por um número de horas mínimo, para manter alguma capacidade de raciocínio e bom humor! Mesmo não sendo nenhuma Cinderela, as minhas pessoas próximas sabem que à meia-noite fico próxima de me transformar em abóbora, especialmente se a noite anterior não tiver sido bem dormida!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Até há relativamente poucos anos preferia não diminuir a paixão pelo aroma do café bebendo-o. Sempre me disseram que dá energia e que tira o sono. Experimentei algumas vezes comprovar essa teoria, bebendo expressos, mas só me provocaram alguns arrepios e caras feias e não resultou em relação ao sono!

Entretanto, com a “desculpa” de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, comecei a beber “água de café” (café solúvel) – seguindo a teoria de que me daria mais genica! Acho que não resulta quase nada! Mas aprendi a gostar do ritual da caneca de “água de café” quentinha – especialmente porque esse ritual se iniciou no inverno. Entretanto, fui mais além… Depois de me terem oferecido uma embalagem de café de Cabo Verde, ousei comprar uma cafeteira italiana. Escolhi uma bem bonitinha – verde! Convenceu-me! Continua a não ser um hábito diário mas sabe-me de vez em quando. Recorro à italiana verde especialmente quando sinto que o dia vai ser comprido, sempre na esperança de que de dentro dela saia a tal da genica.

Digamos que onde estou a morar os hábitos e horários não são favoráveis ao meu estatuto de pré-abóbora. A música costuma entrar no quinto andar – sem ser para mim em particular, em hora e volume aos quais não estou acostumada! Idem para os sons de obras. Idem para os sons da porta do prédio a bater quando é fechada! Idem para tantos outros sons! Tenho tido, por isso, um sono intermitente!

Há dias, a precisar de reforçar a genica, coloquei a italiana verde ao lume. Para aromatizar o café, por vezes, uso um vidrado de limão ou um pedacinho de gengibre. Nesse dia usei o vidrado. Passado um pouco, a italiana verde deu sinal de que o líquido teria subido e desliguei o fogão. Ao servir, constatei que o líquido que saía não era castanho mas quase, quase incolor! Pensei: não se dissolveu? Voltei a pensar: não é café solúvel, não podia dissolver-se! Não coloquei o pó! Fui para o trabalho sem genica! Ainda não atingi o estatuto de abóbora mas que estou lá perto, estou!

 

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