Editorial

ESTE MUNDO É UMA PASSAGEM DA NOSSA VIDA
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Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Professor Universitário

(Aposentado)

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

É verdade, estamos por aqui neste mundo, de passagem. Nada nem ninguém veio para ficar, “…e se não fosse assim talvez se tornasse insuportável”, como disse Siza Vieira numa conversa com Eduardo Lourenço.

Lembramo-nos disso porque os noticiários começaram a ficar repetitivos.

Assuntos do dia:

  • Quantos casos foram registados hoje?
  • Quantas pessoas faleceram?
  • Quando temos vacinas?
  • Quais as vacinas mais poderosas?
  • Quantas camas ainda existem disponíveis nos cuidados intensivos dos hospitais públicos?
  • Quantas pessoas deixaram de estar contaminadas?
  • E por aí fora…

Bom, claro que falamos da pandemia. Ela é a ordem do dia e está a transformar as nossas vidas num inferno.

Já existe quem faça “contas à morte” e “não contas à vida”, aliás, como todos deveríamos fazer.

Sim, temos que nos preocupar com o vírus, mas devemos insistir fundamentalmente na nossa proteção e na dos outros porque é a única forma de escaparmos a esta tortura.

Uma coisa é certa! Estamos cá de passagem, por isso temos que aproveitar o melhor possível dessa prioridade pois não existe ainda ninguém que possa afirmar ser eterno.

Nem a natureza da qual fazemos parte, é eterna!

Com esta insistência paranóica, acabamos por ficar com outras doenças. Lembrem-se que devido ao vírus pandémico todo o sistema de saúde está a abarrotar de doentes contaminados e, nem médicos nem enfermeiros têm tempo para atender outras doenças.

A única solução é tentarmos dar a volta por cima, ou seja, esquecer a pandemia, com os devidos cuidados, e aproveitar a estadia no planeta da melhor forma possível, quando não, arriscamo-nos a diminuir precocemente esta nossa passagem por cá.

Uma grande maioria das pessoas está com problemas gravíssimos de falta de emprego ou de faturação nas empresas, com as óbvias consequências.

Não podemos “chorar sobre o leite derramado,” mas sim, procurar soluções que provisoriamente nos resolvam os prejuízos para que possamos, no futuro, prosseguir com as mesmas ou outras fontes de receita.

Se não tentarmos, apenas acumulamos resultados negativos que irão contribuir para um fim menos agradável ou até trágico.

Então a nossa vida não vale muito mais do que isso?

“O que ficará de nós, homens e mulheres, quando partirmos em férias?” Pergunta Siza Vieira a Eduardo Lourenço.

“Quem dera que a resposta à sua pergunta fosse essa, tão lírica, tão futurante como partir em férias.

A nossa morte é tão hostil que nós, nem nos sonhos morremos. Agora, a morte verdadeira é a do outro. A do outro que existiu para nós.” Respondeu Eduardo Lourenço.

Esta conversa continua, mas o que fica de tão elucidantes palavras é claramente o significado da vida passada por cá.

O que será melhor?

Continuarmos a pensar se vamos “partir em férias” deixando o lamento para o “outro que existiu para nós”?

Ou continuarmos a lutar por boas marcas eternas desta nossa passagem pela vida?

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