Eu te evoco, Egas Moniz!

Este homem rico e honrado que viveu no século XII e foi aio de D. Afonso Henriques, o nosso bravo primeiro rei, sempre me impressionou.

Ao tempo, prometeu ao senhor de Leão e Castela, Afonso VII, então também Imperador de toda a Hispânia, que o Condado Portucalense, sua parcela integrante, lhe renderia vassalagem. Contudo, o seu amo D. Afonso Henriques, conquistador de Guimarães, cuja educação lhe fora confiada por seu pai, o Conde D. Henrique, negou-lhe o cumprimento dessa promessa, recusando a subordinação prometida. Vendo-se impossibilitado de levar por diante a garantia dada a Afonso VII, Egas Moniz, fazendo-se acompanhar de toda a sua família singelamente indumentada, apresentou-se ao Imperador. Todos levavam uma corda ao pescoço, prontos para pagar, no cadafalso, o incumprimento da palavra dada. Consta que o poderoso monarca o perdoou e mais tarde o fez regressar à pátria, aliviado de toda a culpa.

 

ONTEM, HOJE, E… ATÉ QUANDO?

Vejamos porque me decidi evocar semelhante personagem da nossa história:

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Como qualquer criança do meu tempo, aprendi a amar e a respeitar o meu país como a nobre pátria lusitana, conhecendo-lhe a gesta através dos nove séculos da sua existência. Confesso que sempre me marcou sobremaneira a honradez de Egas Moniz, demonstrada no gesto acima descrito. Já homem, e deixada para traz a inocência dos verdes anos, aos poucos fui constatando que as coisas nem sempre foram assim, ou então as pessoas haviam mudado muito desde o longínquo século XII. Mas ainda me lembro bem de que, em meados do século em que nasci, muita gente havia ainda escrava da sua palavra. Infelizmente, hoje também esse valor maior se desvalorizou, a ponto de poucos ainda assim o qualificarem.

Na realidade, a vergonha na cara desapareceu de vez das fácies e das atitudes dos actuais descendentes das gentes portucalenses, cujos mais altos representantes prometem tudo e mais alguma coisa ao povo que deles depende, e a quem juram servir os interesses e defender dos males. Quase todos eles são ricos, ou almejam sê-lo, como o foi – mas por justa herança – Egas Moniz.  Mas só nisso são parecidos, desgraçadamente para os restantes, os papalvos que, como eu, lá vão deitar o papelinho na urna quando chega o dia das eleições. Ou melhor; ia, porque não vou mais!, Prometi a mim próprio só voltar às urnas se, e quando, reconhecer verdadeira honradez nos cidadãos auto propostos para se baterem pela cousa pública. Duvido é que seja no meu tempo de vida.

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2 comentários

  1. Pois é, o cientista, parente do aio, passou a usar Egas Moniz, para ter mais impacto.
    Outros tempos, das vontades, que, agora, apenas, são continuadas.
    Ouvi dizer, a pessoas centenárias, que, antigamente, era, bem roubadinho e bem poupadinho.
    Santos de pau carunchoso.
    Os de agora, como eu, mais, com tudo, não são santos, são descendentes.
    Isto não muda, prossegue.

  2. ONTEM, HOJE, E… ATÉ QUANDO? Até quando DEUS apiedando-se de nós, permita que sobrevivamos com as armas mais poderosas que ELE nos deu ” O Poder da Oração” que ninguém nos pode tirar! Se continuar comentando, vou acabar plagiando… ou então qualquer semelhança será mera coincidência ( nefasta…)!
    Um grande abraço 2025
    BOA SEMANA AMIGO
    05/01/2025

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