Editorial

FALECEU OTELO
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Professor Universitário

(Aposentado)

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Otelo Saraiva de Carvalho, figura controversa da “Revolução do dia 25 de abril de 1974”, faleceu. Com todos os seus prós e contras, merece bem que sejam recordadas e de certa forma explicadas, algumas reações, por vezes perigosas, que ele teve naquela época recheada de acontecimentos novos numa sociedade paralisada durante 48 anos.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Para conseguirmos entender melhor os acontecimentos temos que recuar na nossa história e verificar o que se passou com alguém que marcou também com factos fundamentais, a história do nosso país. Duas pessoas claramente controversas são o exemplo de D. Afonso Henriques e Otelo Saraiva de Carvalho.

O primeiro ofereceu-nos a pátria que temos e o segundo a liberdade que possuímos. Ambos foram arrojados heróis, digam o que disserem os mais incrédulos.

D. Afonso Henriques, inicialmente Conde Afonso Henriques de Borgonha, estratega da formação do reino de Portugal, matou imensa gente nas lutas necessárias para conseguir construir e defender a independência do condado Portucalense até ao Tratado de Samora (Zamora) em 1143 que lhe garantiu o título de Rei e por consequência do Reino de Portugal. Para o conseguir, aprisionou a mãe após a morte do pai e assim assumiu o governo do Condado, mais tarde Reino.

O que resta de relevante é a pátria Lusitana com independência do reino de Leão e Castela.

Já Otelo, estratega da revolução de abril, tendo-nos oferecido a liberdade sem derramamento de sangue, também saiu das regras da moralidade em várias situações naquela época complicada e muito difícil de avaliar.

Alguns críticos entendem que se tratava de uma pessoa ingénua com ótima formação intelectual, física e moral tal como acontece com praticamente todos os formandos do Colégio Militar. Serve como testemunho a sua recusa em aceitar títulos e cargos que lhe quiseram entregar pois entendia que tinha cumprido o seu papel. Estava aberto o caminho para os políticos, não para ele.

Conta-se que durante uma comemoração da revolução entre os populares, determinada menina lhe perguntou onde se encontrava no dia 25 de abril e ele respondeu-lhe “Eu sou o 25 de abril”.

Tudo isto para salientar o facto de ter saído das marcas com alguns exageros e patetices próprias de quem não estava preparado para tantas honras. Isso não anula o que conseguiu de muito bom para todos nós. E a história vai confirma-lo, mesmo com a má vontade de alguns políticos.

Só quem não viveu aqueles tempos da ditadura é que não consegue dar-lhe o valor necessário.

Sabiam que antes da revolução:

  • Existia uma polícia política, a PID/DGS, que prendia, torturava e matava alguns daqueles que não concordassem com as atitudes do Governo;
  • Não podiam conversar, em simultâneo na via pública mais de duas pessoas, por ser considerado ajuntamento político;
  • O serviço militar era obrigatório durante uns meses de treino e dois anos, no mínimo, de guerra a milhares de quilómetros de casa, da família e dos amigos;
  • Isso implicava que quase todos os cidadãos masculinos, a partir dos dezoito anos, eram mobilizados para uma guerra que ninguém desejava;
  • Implicava também entre dois a quatro anos perdidos para o futuro da juventude portuguesa;
  • De salientar também os prejuízos económicos que tal situação acarretava sem qualquer proveito para o cidadão comum;
  • Na população, ninguém tinha experimentado a liberdade ou a democracia exercida por esse Governo durante 48 anos;
  • Os Direitos Humanos adotados pela Carta das Nações Unidas entre 1945/48, eram do quase total desconhecimento dos nossos políticos tanto antes como depois da revolução. Portugal apenas assinou o acordo em 22 de setembro de 1976 embora o Decreto/Lei 65 só tenha sido aprovado em 13 de outubro de 1978 com entrada jurídica em novembro.

Pior ainda é a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, apenas aprovada em 7 de dezembro de 2000, mas ainda com imensas questões por cumprir e outras por esclarecer.

Serão só os nossos políticos? Não!…

Na Europa também há problemas…

Tenhamos esperança!…

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