OBITUÁRIO: Falecimento de António dos Ramos “marca” movimento associativo português em São Paulo

António dos Ramos, presidente honorário da Casa de Portugal de São Paulo, faleceu aos 82 anos de idade, no dia 26 de julho, em São Paulo. Conhecido por ser um “grande líder” e “defensor do movimento associativo português no Brasil”, o comendador Ramos, como era conhecido, foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da Casa de Portugal na maior cidade desse país sul-americano.

“É com grande pesar que comunicamos o falecimento do comendador António dos Ramos, presidente da Casa de Portugal de São Paulo. Por mais de três décadas, liderou com generosidade e dedicação a Casa de Portugal, a mais importante entidade luso-brasileira de São Paulo”, destacou a Casa de Portugal de São Paulo nas redes sociais.

“A nossa eterna gratidão ao Comendador António dos Ramos, que tanto contribuiu e se dedicou à comunidade luso-brasileira. A sua atuação tornou a Casa de Portugal numa referência na promoção cultural e um pilar fundamental na nossa comunidade”, completou esta entidade.

Por sua vez, a Embaixada de Portugal em Brasília divulgou mensagem de condolências à família e aos associados da Casa de Portugal.

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“Figura distinta da comunidade luso-brasileira, liderou a Casa de Portugal de forma singular, valorizando a identidade cultural do nosso país no Brasil e contribuindo inequivocamente para o reforço do relacionamento luso-brasileiro e a amizade entre os seus povos”, divulgou a embaixada portuguesa no Brasil.

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, lamentou a morte do comendador e enviou condolências à família e amigos, louvando o seu papel à frente dos destinos da Casa de Portugal em São Paulo.

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“O Comendador contribuiu decisivamente para a valorização da identidade cultural do nosso país no Brasil, ajudando a reforçar os laços entre os dois países e povos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, afirmou que António Ramos “era figura de referência da nossa comunidade em São Paulo. Com ele tive muitos momentos de partilha sobre o nosso querido Portugal e a comunidade. Perdemos um homem corajoso e um grande lutador pela Portugalidade”.

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O Consulado-Geral de Portugal em São Paulo ressaltou que “este insigne português deixa um legado indelével na história associativa portuguesa da cidade de São Paulo e não só. Notamos a sua dedicação permanente, espírito solidário e constante defesa dos interesses das associações portuguesas e luso-brasileiras ao longo de mais de 50 anos de contínua e infatigável dedicação em prol da nossa imensa comunidade”.

“O Consulado-Geral de Portugal em São Paulo reconhece o seu envolvimento permanente na causa associativa e na construção de pontes de entendimento, de união e solidariedade dentro da comunidade e desta com as demais que constituem o tecido social brasileiro. O legado do comendador Ramos perdurará no tempo e a sua memória servirá como farol dos valores que devem nortear a nossa comunidade. A sua postura, sempre exemplar, é um modelo a que devemos aspirar e uma inspiração para as todas as gerações de portugueses e luso-brasileiros”, frisou nas redes sociais esta unidade.

Renato Afonso, presidente em exercício da Casa de Portugal de São Paulo, adiantou que a comunidade portuguesa perdeu um “grande líder e amigo”, que “dedicou a sua vida à Casa de Portugal e à nossa comunidade”.

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“Brasil e Portugal devem muito ao comendador Ramos. Deixa um grande legado para todos nós e para as futuras gerações”, defendeu Renato Afonso.

Ricardo Magalhães, diretor de Cerimonial e Assuntos Culturais da Casa de Portugal de São Paulo, recordou o trabalho de António dos Ramos.

“O comendador António dos Ramos dedicou quase que integralmente a sua vida à Casa de Portugal. Ele foi o nosso presidente mais longevo. (…) Foi ele quem construiu a Biblioteca, foi ele quem fez toda a parte cultural, os shows, os eventos, toda a parte social. A Casa de Portugal realmente era a casa dele. Em 2012, ele voltou a ser presidente da Casa, mas eu achava, por ser ainda jovem, um retrocesso. Mas eu fiquei impressionado ao acompanhá-lo até hoje. São 12 anos que eu o acompanhei como presidente. Ele sempre me tratou com extremo carinho, doçura, como um pai, como um mentor. Me ensinou tantas coisas… (…) Hoje, se eu fosse falar sobre quem ele é, posso dizer que ele bem serviu à Casa de Portugal dedicando a maior parte da sua vida”, avaliou Ricardo Magalhães.

O velório aconteceu na Funeral Home em São Paulo, no dia 27 de julho, diante de amigos, familiares e membros da comunidade portuguesa em São Paulo.

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Percurso de valorização da ligação Brasil-Portugal

António dos Ramos nasceu em 19 de janeiro de 1942, em Vilarelho da Raia, Chaves, região de Trás-os-Montes, em Portugal. Chegou ao Brasil em 1959, com 17 anos de idade.

Era casado com Selene Fátima de Oliveira Ramos, natural de Anadia, Portugal, com quem teve duas filhas: Ana Carolina de Oliveira Ramos e Flavia de Oliveira Ramos.

Em 1960, com 18 anos de idade, fundou a firma Ramos Representações LTDA, e iniciou a carreira de vendedor viajante no ramo de autopeças;

Em 1963, fundou em sociedade com os irmãos Frederico dos Ramos e João Batista dos Ramos a Ginjo Autopeças LTDA, distribuidora de peças para automóveis, caminhões e tratores para todo o Brasil, uma das duas maiores empresas do pais no ramo;

Em 1994, também em sociedade com os irmãos Frederico e João, iniciou as obras de restauro do Forte São Francisco, um Monumento Nacional do século XVII, em Chaves, Portugal, que se encontrava em estado de total abandono, transformando-o numa das joias da hotelaria, inaugurado em maio de 1997 pelo Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio;

Vice-Presidente da ANDAP – Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças de 1972 a 1996;

Vice-Presidente da Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras de 1985 a 2000;

Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo de 1993 a 2006;

Presidente da Casa de Portugal de São Paulo de 1985 a 2007, retornando em 2013 até dias atuais;

Em 1987, o Dr. Mário Soares, Presidente da República de Portugal, em visita oficial ao Brasil, condecorou-o com a Comenda Medalha do Infante Dom Henrique;

Nesse mesmo ano de 1987, foi condecorado pelo Governo Brasileiro com a medalha da Honra ao Mérito do Trabalho;

Em 1994, a Câmara Municipal de São Paulo atribui-lhe o título de Cidadão Paulistano;

Em 2000 a Câmara Municipal de Chaves atribui-lhe a Medalha da Cidade.

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