Editorial

AS FEIRAS DO LIVRO: PORQUE NÃO LEMOS LIVROS?
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Professor

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Esta semana, em muitas localidades decorreu a Feira do Livro.

São muitos os que vão a estas feiras, quase em passeio, mas são poucos os que compram livros.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

São várias as razões para isso.

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O preço dos livros é importante num país onde se ganha tão mal, mas esse não é o fator mais importante e que leva os portugueses a não comprarem livros.

 

Há dias, vi na televisão um debate onde se pretendia explicar o porquê de os portugueses não lerem livros ou lerem muito pouco. E, acreditem, apeteceu-me entrar na televisão.

 

A maior parte do que se dizia ponha a culpa nos baixos salários e no elevado preço dos livros.

Também é verdade porque quem mais precisa de ler e com isso aumentar os seus conhecimentos são pessoas que não tiveram as melhores oportunidades de estudar por falta de meios.

E os ricos, os novos-ricos de hoje para quem o preço dos livros é indiferente, também pouco se interessam pela leitura. Vivem mais do show off, divertem-se com bons carros, barcos ou motos de água.

E ninguém repara se alguém diz umas asneiras quando está a conduzir um Ferrari, muito menos o próprio, o que é embaraçoso para quem vê na cultura algo bem mais importante do que um bom carro.

É certo que ganhamos pouco, mas as classes média e alta também leem pouco.

 

E também há livros baratos. São difíceis de encontrar, mas para quem gosta de ler sabe onde eles se escondem. Por exemplo, um dos livros que mais gostei de ler foi uma biografia de Yitzhak Rabin, antigo Presidente de Israel, e que me custou apenas três euros numa Feira do Livro.

Tirando os livros técnicos como por exemplo a Anatomia de Gray, um livro para estudantes de medicina que custa 200 euros, podem-se encontrar, com esforço é certo, livros a bom preço. Repito, não é fácil, mas encontram-se sobretudo nestas Feiras do Livro.

  

Nesse debate televisivo, recheado de “especialistas”, o mais relevante ficou por dizer.

 

Para mim, o que ficou por dizer é que nós não temos hábitos de leitura porque vivemos 40 anos em ditadura. E, nesse período 70% da população era analfabeta.

Quando chegou a liberdade as pessoas foram alfabetizadas pela televisão, um meio mais aliciante.

O que não aconteceu noutros países com democracias mais antigas em que a única forma de se aceder ao conhecimento era através dos livros já que não existia a televisão.

E assim se foram criando hábitos de leitura que foram passando de geração para geração porque a educação também se faz pelo exemplo.

 

A Islândia, uma ilha, é um dos países onde mais se lê e onde tem mais escritores per capita no mundo. Coincidência ou não tem uma democracia mais antiga e mais madura que a portuguesa.

 

Portanto, os portugueses não leem porque saltaram do obscurantismo para os meios de comunicação social que são mais apelativos que os livros.

O preço dos livros não ajuda, mas as televisões e os ecrãs dos computadores têm som e imagens e contam-nos as histórias bastando apenas carregar num botão.

 

Mais do que o preço dos livros são os hábitos de leitura que não temos que explicam porque não compramos nem lemos livros!

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