Foi em apoteose que o público os brindou. Ensemble Risoluto participou no evento de Envolvidos, no passado dia 1 de Agosto, no terreiro em Caminha.
Para uns foi a confirmação do brilhantismo como este trio se apresenta e, claro, a música que os envolve. Para outros, aqueles que ainda não tinham tido a oportunidade de os ouvir, um momento de alguma admiração e, também, de sonho! E como os anjos têm voz!…
O Ensemble Risoluto é constituído por três músicos profissionais com formação académica superior em música: José Paulo Ribeira (piano), Paulo Barbosa (clarinete) e Sílvia Pinto (soprano lírico). Todos os elementos do grupo são amplamente reconhecidos pelo domínio dos instrumentos e elevado nível de qualidade das suas performances.
Este trio já tem provas dadas no que faz e assim é notória a « máxima organização, requinte e profissionalismo.
PUBAlgo que desde logo se sente nas suas actuações é a cumplicidade existente entre os três e que transborda com uma transparência de emoções e sentimentos.
Minho Digital, também, não ficou indiferente à magnifica actuação. A prova de que em Caminha se faz bem e com imensa qualidade.
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Fomos ao encontro de Sílvia Pinto, vocalista dos Ensemble Risoluto e conhecemos um pouco mais desta voz e do projecto.
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Os Saltimbancos, Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima), 2010
Música no Coração, Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima), 2010
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-Quem é Sílvia Pinto?
A Sílvia Pinto é uma mulher que se rege pelo sonho de ser feliz e fazer felizes os que a rodeiam.
– Quando surge a música na sua vida?
A música faz parte da minha vida desde os seis anos, momento em que os meus pais me proporcionaram este contacto aquando do ingresso no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, frequentando o regime integrado desde o 1º Ciclo ao Ensino Secundário.
PUB– Porquê o canto lírico?
Cantar é, desde que me lembro, a atividade por excelência dos meus tempos livres aliada à dança. O fascínio pela expressão corporal, pela interpretação e pelo movimento surgiu desde cedo e o meu percurso escolar sempre se complementou com atividades extra curriculares com ênfase nas áreas referidas, como por exemplo o Ballet ou o Teatro. Algures na mudança do 2º para o 3º Ciclo, assisti à minha primeira ópera, La Spinalba, de Francisco António de Almeida, no Teatro Municipal do Campo Alegre, e lembro-me perfeitamente de ter pedido à minha mãe para me transferir de Piano, instrumento que frequentava na altura, para Canto, algo que não a agradou muito e que o plano de estudos nessa época também não permitia. A partir daí começou a crescer o ‘bichinho’ pelo Canto e a insistência em deslocar-me ao Porto para poder usufruir de outros concertos e óperas. O inevitável ocorreu e, na transição do 9º para o 10º ano de escolaridade, optei pela continuidade na área de estudos da música, mais concretamente, no Curso Secundário de Canto.
– E quando canta o que sente?
É inexplicável a sensação de liberdade que o Canto me oferece. Permite-nos interpretar com o corpo de uma forma mais intrínseca e pessoal, uma vez que nos obriga a lidar com textos e diversos personagens, que, através da nossa compreensão e sensibilidade, ganham vida e nos transpõem do nosso ‘eu’. Amo a música, mas é indescritível o poder que esta abarca quando unida à palavra. Quando canto usufruo de uma sensação de preenchimento e de felicidade, e sei que ao fazê-lo comunico com as pessoas de uma forma especial, transmitindo emoções sem filtros que me caraterizam enquanto pessoa ou que me aproximam de algum modo do público. Acabamos por transportar sentimentos com os quais é necessário saber lidar, sendo fundamental o ter familiares que nos entendam e apoiem incondicionalmente. A este nível, sou uma felizarda, porque a estabilidade emocional proporcionada pela minha família diferencia sem dúvida o meu percurso, tornando-me uma pessoa capaz de amar tão verdadeiramente tudo o que faço e de aceitar tão abertamente e sempre com um sorriso cada desafio que me é colocado.
Turma de 1º Ciclo CMCG
– No entanto, é uma área pouco publicitada e apoiada em Portugal. Porquê?
Estamos numa fase em que só ouvimos falar de cortes no orçamento da saúde ou da educação, de desemprego, entre tantas outras notícias que nos angustiam. Ainda assim, nestes momentos de crise, a cultura é a mais lesada, sendo preciso inteligência e capacidade intelectual por parte dos organismos culturais na gestão financeira e procura de inovação ou criação de novas soluções que não se sustentem no gozo próprio, mas que, por outro lado, se desprendam do egocentrismo que se evidencia e passem a ponderar que o público não se alimenta apenas de um só género musical.
– Nessa área quais são os seus mentores? E porquê?
Ao longo do meu percurso, trabalhei já com vários professores de canto, quer ao nível nacional, quer ao nível internacional. Ainda assim, atribuo a minha identidade enquanto cantora lírica às professoras com quem trabalho desde 2012, a Prof.ª Dora Rodrigues e a Prof.ª Elisabete Matos, as quais me têm conduzido ao ato de cantar assente na pureza e naturalidade da voz e sido capazes de me orientar numa técnica saudável com base no que consideram correto, sem a necessidade de recorrer a elogios elaborados ou críticas pouco construtivas, mas a palavras genuínas e persuasivas aquando do processo de aprendizagem.
– Ao longo da sua carreira que momento destacava?
Destaco a minha participação na ópera A Raposinha Matreira, de Leoš Janá?ek, no Teatro Rivoli do Porto, em 2004, a qual me impulsionou na decisão em prosseguir os meus estudos na área do Canto. Destaco, igualmente, a obtenção do 1º Prémio e Prémio Revelação no Concurso Internacional Cidade do Fundão, no ano passado, motivo de um enorme orgulho pelo reconhecimento do meu trabalho e estímulo para continuar a lutar por uma carreira que tanto ambiciono.
Recital Final da Masterclasse Elisabete Matos, Ordem dos Médicos (Secção Regional do Norte), 2013
Concerto de Laureados, Auditório A Moagem (Fundão), 2014
– Como quer que o público a conheça?
Pretendo que o público me distinga pela dedicação diária e pelo profissionalismo com que me apresento, valorizando o meu investimento e respeitando-me enquanto veículo de transmissão do Canto Lírico.
– Neste momento está inserida num projecto, o Ensemble Risoluto. Quem são? E como surgiu?
O Ensemble Risoluto constitui-se por três músicos profissionais com formação académica superior em música: José Paulo Ribeira (Piano), Paulo Barbosa (Clarinete) e Sílvia Pinto (Soprano). Todos os elementos do grupo são amplamente reconhecidos pelo domínio dos instrumentos e elevado nível de qualidade das suas performances. Partindo da vontade de nos apresentarmos enquanto artistas, surge em 2010 este projeto, o qual nos tem permitido a partilha de um trabalho pelo que somos apaixonados.
– Qual a vossa aposta como trio? Que tem os Ensemble Risoluto que os outros não tem?
A formação com a qual nos apresentamos é pouco comum, resultando numa sonoridade muito caraterística que nos diferencia perante as outras formações existentes. Além disso, movemo-nos pela paixão que nutrimos pela música, levando-nos a aproximar das pessoas de um modo muito pessoal, pautado pela cumplicidade que nos une.
Ensemble Risoluto com Orquestra de Cámara Divertimento, Ponteareas, 2015
Paulo Barbosa, Clarinete, Ensemble Risoluto
– No vosso trajecto o que destaca?
Destacamos, sem dúvida alguma, não só o crescimento que temos tido ao nível musical e artístico essencialmente nos últimos três anos, bem como a aceitação e o carinho do público que assiste às nossas performances.
– Qual o vosso público alvo?
Contamos já com uma vasta experiência na área da animação musical, atuando em todo o tipo de eventos sociais, corporativos e empresariais. Ainda assim, temo-nos dedicado com especial ênfase no âmbito da cerimónia religiosa ou civil, salientando-se, além do acompanhamento musical da cerimónia, o acompanhamento musical dos aperitivos e do corte do bolo. A música ao vivo em qualquer um destes momentos proporciona um ambiente mais elegante e tem sido um privilégio partilhar este dia tão íntimo.
– Onde poderemos brevemente vê-los a actuar?
Estamos a alinhavar vários projetos para breve. Nomeadamente um deles, é um enorme desafio, pois irá expor-nos ao público de uma forma nunca apresentada. Acreditamos muito no sucesso deste projeto e esperamos que vá ao encontro das pessoas que admiram o nosso trabalho. É também por elas que nos empenhamos diariamente para levar o Ensemble Risoluto a crescer e a transpor horizontes. Cada dia há um novo obstáculo e os limites que nos circundam são imensos, mas caminhamos por amor à música e como diz o célebre provérbio “”Com trabalho e perseverança, tudo se alcança”.
José Paulo Ribeira, Piano, Ensemble Risoluto
José Paulo Ribeira, Piano, Ensemble Risoluto
– Existe alguma possibilidade do Ensemble Risoluto gravar um CD?
Existe sim. Aliás, é uma enorme vontade de todos os elementos e parece não estar tão longínqua a sua concretização. A nossa página oficial do Facebook (www.facebook.com/ensmblerisoluto) está sempre atualizada, nela fazemos questão de estar em contato com as pessoas que nos acompanham e acarinham, bem como partilhar todas as informações e futuros projetos.
– Como querem o Ensemble Risoluto serem conhecidos?
Acima de tudo, queremos que as pessoas nos reconheçam pela nossa forma de transmitir a música, pelo caráter especial que se evidencia nas nossas performances e pela paixão com que nos entregamos diariamente ao nosso projeto. A qualidade que apresentamos é fruto de muito trabalho e amor pelo que fazemos, por isso nos preenche de um modo imensurável.
– Vale a pena viver da música? O caminho é fácil?
A vida de um artista é uma vida solitária e de sacrifício. Especificamente a de um músico é caraterizada por uma exigência elevada de horas de estudo e ensaios. Tentamos conjugar tudo do melhor modo, para que não signifique abdicar da nossa vida pessoal, mas sabemos que em muitos momentos é necessário renunciar a determinadas coisas para entregar ao público o melhor de nós. Ainda assim, as contrapartidas são muitas. Estamos a fazer o que gostamos e sentimo-nos realizados por isso. Além de que estamos rodeados de familiares e amigos que nos compreendem e que partilham da nossa felicidade e das nossas conquistas.
Sílvia Pinto, Soprano, Ensemble Risoluto
Paulo Barbosa, Clarinete, Ensemble Risoluto
Uma voz que canta e encanta!
Pode parecer um «cliché», mas nada mais de verdade, pois esta voz é a prova de que «os anjos também cantam».
Sílvia Pinto, natural de Braga, entrou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga aos 6 anos de idade.
Ao longo do seu percurso teve a oportunidade de trabalhar com os seguintes professores: José de Oliveira Lopes, Peter Harrison, Ambra Vespasiani, Ettore Nova, Laura Sarti, Patricia MacMahon, Enza Ferrari, Carla Caramujo, Paulo Ferreira, Rufus Müller, Gabriella Morigi, Håkan Hagegård, Dora Rodrigues, Elisabete Matos, Martin André, Cesário Costa, Marc Tardue, Stephen Darlington, António Saiote, entre outros.
Estreou-se na ópera A Raposinha Matreira, de Leoš Janá?ek em 2004 (Rivoli Teatro Municipal, Porto) e participou, também, em Dido e Eneas, de Henry Purcell em 2006 (Auditório Adelina Caravana, Braga). Ressalvam-se também as suas participações como solista nos musicais Saltimbancos, de Chico Buarque em 2009, e The Sound of Music, de Rodgers and Hammerstein’s em 2010. Ainda a solo, apresentou-se nas seguintes obras: Stabat Mater, de Giovanni Battista Pergolesi, Stabat Mater, de Gioachino Antonio Rossini, Missa de Requiem en Ré menor, de Wolfgang Amadeus Mozart, Requiem en Ré Menor, de Gabriel Fauré, Te Deum, de Marc-Antoine Charpentier, e Vesperae solennes de Confessore, de Wolfgang Amadeus Mozart.
Salientam-se as participações como elemento coral nos seguintes projetos, organizados pela Casa da Música do Porto: O Lobo Diogo e o Mosquito Valentim, de Eurico Carrapatoso em 2006, e Missa da Coroação, de W. A. Mozart em 2007.
Foi laureada no Concurso Internacional Cidade do Fundão 2014 com o 1º Prémio e o Prémio Revelação na Categoria de Canto, Nível V.
Atualmente, frequenta o Mestrado em Ensino de Música, variante de Canto, na classe da Prof.ª Dora Rodrigues e da Prof.ª Elisabete Matos, na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco.
Integra, desde 2008, o Ensemble Risoluto, juntamente com o Pianista José Paulo Ribeira e o Clarinetista Paulo Barbosa.
Enquanto o dito CD não chega, não queremos que fique sem ouvir este projecto dos Ensemble Resoluto.
Fica mais que provado que, efectivamente, os Ensemble Risoluto são um projecto de imensa qualidade e que a voz da Sílvia Pinto é, além de emotiva, de grande qualidade, pelo que convidamos os nossos leitores a ouvi-los a através dos seguintes links:
https://www.youtube.com/watch?v=gkN2VFD1xxY
https://www.youtube.com/watch?v=AE7QIRfkUEU
https://www.youtube.com/watch?v=5zP6p9ZbPfk
Ensemble Risoluto
Ensemble Risoluto