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Freguesia de Cuide de Vila Verde, em Ponte da Barca “em mãos do nacional porreirismo”

É esta a frase que José Mário Gonçalves, professor de secundária e morador da freguesia há pelo menos oito anos, utiliza para descrever aquilo que, para ele, é «uma situação vergonhosa: a falta de água na freguesia!»

“Desde que moro nesta freguesia, há oito anos, sempre houve falta de água. A justificação dada pelos que gerem os destinos da Freguesia é que a água falta porque têm de se limpar as mães de água e os depósitos. Mas isto é um disparate! É tão simples quanto isto: se só temos uma mãe de água, coloquem duas e assim, quando estão a limpar uma, temos a outra”.

Para Gonçalves existe um desperdício de água na Freguesia. “Eu percorro estes montes todos que estão, por lei, anexados à Associação de Caçadores e Pescadores de Ponte da Barca, e nós quando percorremos esses montes vemos tantas nascentes de água e tanta bica de água a perder-se, que é ali quando eu penso que alguma está a ser aproveitada, mas a gestão da água, no seu todo, não está a ser a correta”, afirma.

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A alegada falta de água na freguesia agrava-se com a chegada do verão e dos emigrantes à terra. “Cuide de Vila Verde tem uma população flutuante muito acentuada. Não foge à regra de Ponte da Barca. Na altura do verão, chegam os emigrantes e a população de Ponte da Barca quase quintuplica. Nessa altura eu vou sempre de férias, no fim do ano letivo. Em julho, eu estive uma semana inteira sem água. Sem um fio de água a correr na torneira!… E por quê?!!! Porque não têm capacidade para abastecer a população”, garante.

Nesta freguesia barquense a população paga um valor mensal pelo consumo da água. “É uma situação que eu acho ridícula e ilógica. As pessoas pagam a água, todos pagamos o mesmo valor – 12€. Mas isto é de uma injustiça tremenda. Há pessoas que têm habitação própria, eu moro arrendado, não tenho quintal. Nem todos temos água própria, só nos servimos da água pública, que tem um custo igual para todos, ninguém paga o que gasta, não se faz a contagem da água. O que acontece é que muitos deles – proprietários vão regar hortas com a água de todos, porque o valor é irrisório, e depois quem só tem água pública fica penalizado porque quando falta não tem mais onde ir buscar este bem tão essencial”, assegura Gonçalves.

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De igual forma assevera que para ele “igualdade não é justiça. Equidade, tudo bem. Mas a igualdade não pode ser. Quem está à frente da Junta de Freguesia não pode pretender unicamente agradar. Não se pode gerir uma Junta através do ‘nacional porreirismo’. Isto não pode ser assim! Eles têm de tomar uma atitude e para se tomar uma atitude as pessoas têm de estar esclarecidas. Queres água? Consomes? Pagas aquilo que consomes; ou então, constrói o teu poço e a partir dali, faz aquilo que bem entenderes”.

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A falta de água na residência da família Gonçalves, desta vez, foi pontual. Deveu-se ao entupimento do cano que leva a água desde o contador até as torneiras de casa e que os manteve alguns dias sem o serviço. “Mas o problema não é só meu. É verdade que depois de fazer o comunicado nas redes sociais, o senhor Presidente da Junta, foi lá a casa, e a situação pontual solucionou-se, mas a situação da falta de água, várias vezes no ano, é um problema de má gestão dos recursos disponíveis”, afirma.

Nesta freguesia barquense a Câmara tem 51% da gestão deste bem essencial “e cada vez mais especulativo”. Afirma que “cada vez mais são as parcerias público-privadas a nível das Câmaras, ou então vendem a água que, no meu entender, é a gestão mais errónea que se pode fazer. Eu não sou a favor de pagar exorbitâncias pela água, mas sim pagar o justo valor. Que cada um pague aquilo que gasta. Se se fizesse a contagem da água o problema ficaria resolvido”, reconhece indignado.

Por sua parte, a Junta de Freguesia de Cuide de Vila Verde, na pessoa do Presidente Manuel Lopes, explicou ao Minho Digital que “a situação da falta de água em casa do Professor Zé Mário foi pontual. No entanto ficou resolvida. Em Cuide de Vila Verde não há falta de água. Só em situações pontuais como rebentamento de um cano ou então manutenção das mães de água e depósitos”.

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De igual forma assegura que a contagem da água é feita só no verão “quando a afluência de emigrantes faz com que o fluxo das águas reduza. Nessa altura, sim, fazemos a contagem da água e cada qual paga aquilo que consome. No resto do ano aquilo que a população paga é um valor fixo de 6€. A nossa Freguesia tem água suficiente para abastecer a sua população”, acrescenta.

Pelo que conseguimos apurar a situação da gestão das águas na freguesia de Cuide de Vila Verde está a ser discutida atualmente, a nível camarário. “Iremos fazer dentro em breve uma Assembleia com a população para saber se as águas ficam geridas por nós, Junta de Freguesia, ou entregamos a gestão total à Câmara Municipal”, aclara Manuel Lopes.

Afirmou de igual forma que a responsabilidade da Junta de Freguesia referente aos contadores “é só desde o ramal principal até à entrada do contador de cada morador. E no caso do Professor Zé Mário, vivendo ele numa residência alugada, numa espécie de condomínio fechado, a gestão do contador da água não é, de todo, responsabilidade da Junta. No entanto assim que soubemos da situação, prontificamo-nos para a resolver e ficou resolvida”.

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