Editorial

GERAÇÃO COM OS VALORES BARALHADOS
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

A situação passada no dia 15/05/2018 com os “hooligans” do Sporting em Alcochete, lembra-nos determinadas pessoas que ao verem o “mau da fita” de uma representação: no teatro, no cinema ou na televisão; ficam-lhe com um ódio de morte, chegando até a agredi-lo e a insultá-lo quando se cruzam com ele na via pública.

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Outros confundem o virtual dos “joguinhos de consola” com a vida real. Depois acontece como nos EUA, onde os estudantes, quando se zangam com os elementos da escola que frequentam, matam toda a gente. Tal como acontece para ganhar o jogo virtual.

Realmente esta nossa nova geração está com os valores muito baralhados, senão vejamos:

– Nas horas em que deveriam estar a produzir para a sua sustentabilidade, vemo-los a perseguir e a agredir jogadores de futebol;

– Confundem simpatia por um clube com honra própria;

– O comportamento do seu clube é mais importante do que a família, a sustentabilidade, a carreira e a honestidade dos governantes;

Sejamos coerentes! Dá a sensação que educamos muito mal os cidadãos que serão os nossos sucessores na continuidade deste país tão maravilhoso, o nosso Portugal.

É que um espetáculo de futebol existe para nos divertir e dar algumas alegrias, mas os valores pessoais estão relacionados com a nossa vida própria, ou seja, com a nossa felicidade e a dos nossos familiares.

Não podemos esquecer que a instituição mais importante que existe é a família e não a equipe de futebol.

O facto de não ganharem um jogo muito importante, não é caso para lhes bater nem para os insultar, isso é uma atitude irracional. Aqueles profissionais estão ali para fazerem o seu melhor, é a sua profissão e a sua carreira que estão em risco. Se isso não acontecer, como são profissionais e não agradaram à entidade patronal que é o clube, serão despedidos ou dispensados.

Claro que se as coisas não correrem bem, a culpa pode não ser atribuída apenas a eles, jogadores, existem muitos intervenientes no bom funcionamento dos clubes que por vezes complicam os resultados finais.

No fundo, trata-se de uma empresa que se preocupa com o fornecimento de bons espetáculos e bons resultados desportivos, por isso têm que reunir um elevado grupo de profissionais competentes que complementam a eficiência da equipe.

Este problema, infelizmente não é recente, ele existe porque o nosso Ministério da Educação não se tem preocupado suficientemente com a cidadania nem com a aprendizagem de uma escala de valores fundamentais para o comportamento do Ser Humano.

No tempo em que estudamos os últimos anos do Liceu, existia uma Disciplina que se chamava “Organização política e administrativa da Nação”. O seu currículo ensinava-nos quais os direitos e obrigações do cidadão além da forma como estava organizada a gestão do nosso país.

A maioria dos professores dessa disciplina, de acordo com os de Filosofia, também nos davam noções sobre as várias ideologias políticas. Em suma, saíamos para a Universidade com um sentimento de cidadãos suficientemente adultos. Esta Disciplina foi retirada do ensino regular logo após o 25 de abril de 1974.

Hoje, temos a sensação de que esta geração não se preocupa muito com o seu futuro nem com o do país. Alguns querem um emprego que não dê muito trabalho, mas nada de responsabilidades porque a vida é para ser gozada. Depois chegam aos 50 anos de idade a viver ainda na casa dos pais e em alguns casos a ajudar a gastar a curta reforma dos velhotes.

Mas quem governa também não ajuda nada a entender a verdadeira postura na vida.

São exemplos péssimos para esta nova geração: a permanente falta de respeito pelo cidadão e a falta de cumprimento das carreiras, desincentivam a produtividade e o brio profissional. Não esqueçamos que os ordenados são normalmente, três vezes inferiores aos da média europeia e os direitos sociais estão permanentemente a ser reduzidos.

Mas as mordomias, carreiras e vencimentos dos senhores políticos, vão sendo atualizados com a concordância plena do Parlamento, embora continuem a não compensar o que retiraram ao cidadão que produz a sustentabilidade do país.

Seremos nós que estamos desatualizados ou é esta Democracia que anda pouco democrática?

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