Editorial

Geringonça à Direita: habituem-se que eu pus-me a jeito!
Picture of Damião Cunha Velho

Damião Cunha Velho

Partilhar

As últimas sondagens da Pitagórica para a TVI/CNN Portugal dão vantagem ao PSD sobre o PS. 

O PS (26,9%) a descer acentuadamente e o PSD (30,6%) a subir ligeiramente. Se esta tendência se mantiver o próximo primeiro-ministro só não é do PSD se o PSD não quiser.

 

Segundo a sondagem, PSD (30,6%) e IL (8%) juntos (38,6%) já têm maioria em relação a toda a esquerda (37,5%).

(PS 26,9% + BE 5,6% + CDU 2,2% + Livre 1,9% + PAN 0,9%).

 

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Considerando a margem de erro, pode acontecer à direita o que aconteceu em 2015 à esquerda. Quando António Costa perdeu as eleições e Jerónimo de Sousa na noite eleitoral disse que Costa só não era primeiro-ministro se não quisesse, e assim nasceu a Geringonça com PS, CDU e BE.

 

Sucede que Ventura vai querer fazer parte desta nova geringonça à direita. Não na bancada mas com ministérios, ao contrário do BE e da CDU em 2015.

Ventura empolgado por esta subida de 5,1 pontos nas sondagens tudo fará para ser o predileto do PSD, e não será difícil conseguir mais votos em geral e da própria direita. Tem vários fatores a seu favor: a saída do líder carismático Cotrim de Figueiredo da IL, a fraca subida de um PSD sedento de poder face a tanto demérito do PS e, sobretudo, o crescente descontentamento dos portugueses devido ao elevado custo de vida.

O caldo perfeito para o populismo, que já mostrou onde pode chegar como chegou em França e em Itália, por exemplo.

Ou seja, o Chega mesmo tendo uma representação minoritária face ao panorama político português (agora na sondagem 14,2%) pode ser uma espécie de queijo limiano e comandar toda a nova geringonça.

O Chega poderá então nas próximas eleições legislativas ser poder.

 

Se isso vier a acontecer o principal responsável será António Costa.

Costa conseguiu uma maioria absoluta alimentando o fantasma do Chega, o que fez com que muitos que iam votar no PSD não o fizessem com o medo de uma possível aliança entre o PSD e o Chega.

 

Acontece que com estes últimos dez meses de maioria absoluta, o governo praticamente não governou mas sim geriu casos e mais casos, escândalos atrás de escândalos e respetivas demissões de assessores, secretários de Estado e ministros.

Os portugueses tão cedo não vão querer entregar todo o poder a um só partido.

Se existia algum trauma das maiorias absolutas de Cavaco e Sócrates, Costa oficializou esse trauma. E maiorias absolutas jamais.

 

Tal como ocorre já em muitos países europeus, os futuros governos serão de coligações partidárias.

No caso de Portugal as trapalhadas foram tantas que isso por si só explica este tombo de 9 pontos do PS nestas sondagens.

 

Costa pôs-se a jeito e o “habituem-se” pode vir a ter um efeito bumerangue e será o próprio Partido Socialista e toda uma maioria de portugueses que abominam o Chega a ter que se habituar a uma geringonça de direita com Ventura no leme!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas