Giovana Azinari regressa de missão no Quénia com coração cheio

Giovana com crianças

Giovana Azinari esteve em missão no Quénia. Seis semanas depois da experiência, aquela jovem considera que “foi tudo muito giro”. Valorizando toda a experiência, a jovem fala de “uma experiência para a vida” e até assume a culpa no assalto que sofreu.
A 12 de Outubro iniciava a sua experiência em Nairobi, Quénia. Integrada num grupo de missão, Giovana Azinari ia trabalhar com portadores do vírus da Sida. Contudo, a realidade foi outra. A dificuldade na língua nativa e ainda a necessidade noutro serviço fizeram-na ficar na pesagem e medição de bebés. “Eu trabalhei sempre numa clínica. Eu era para trabalhar com pessoas portadoras do HIV, mas quando cheguei lá apercebi-me que na parte dos bebés para os pesar e medir só trabalhava uma pessoa. E que tinha de pesar e medir cerca de 100 crianças só de manhã. Era muito trabalho. Eu fiquei a ajudar, porque uma pessoa sozinha não consegue fazer isso. Limitei-me a ficar ali a medir as crianças, porque as consultas são feitas na língua deles e eu não podia fazer nada”.
Apesar de a maior parte do tempo estar a trabalhar sozinha, a jovem fala do “amor” das crianças. Algumas vezes por semana substituía um professor e dava aulas de matemática. “Dei também aulas de matemática na escola. Eles gostam porque de nos receber, mas não estamos a ajudar as crianças apenas a ajudar os professores a descansar. São cinco professores para turmas de todos os anos”.
Com a sensação de “dever cumprido”, Giovana acredita que as instituições humanitárias devem mudar a postura. “Nós levamos prendas para as crianças e nem sempre é bom, porque eles estão habituados a ter tudo assim. Achei que isso não era bom. Consegui perceber que essa não é a melhor forma de ensinar as crianças, porque elas já nascem assim. Aprendendo que todos lhes vão dar coisas. Vamos ter pena deles e vamos dar-lhes sempre alguma coisa. A percebi-me que a prenda não é o melhor caminho. O problema deles é mesmo a educação. Não se limitar pelo mais fácil, porque é o que eles têm tido”, explica.
Num dia foi assaltada e nem isso marcou negativamente a experiência. A jovem assume o erro que levou ao ato. “Mesmo quando fui roubada não me importei e culpei-me a mim por ter sido roubada. Se nós facilitamos. Tinha algum cuidado, andava depressa e com a mochila na frente. Tentava não fazer todos os dias o mesmo caminho. No dia em que fui roubada andava devagar e tinha a mochila nas costas”, frisa.

Com a certeza de que “a maldade está nos olhos das pessoas”, Giovana, que nasceu no Brasil encontrou em África uma realidade idêntica e fala, com um sorriso aberto, da chuva na rua e de colocar o pé na lama. “Eu não consegui ver a maldade que as pessoas falam tanto de África. A beleza está nos olhos de quem vê. Eu não vi nada de mal. Mesmo a favela, o cheiro nunca me incomodou. Nem enterrar o pé na lama também não. Por isso é que eu digo que a beleza está nos olhos de quem vê. Eu abracei tudo. E ia com o espírito de aprender o máximo”.
“O nosso impacto na vida destas crianças não vai durar para sempre. Claro que elas se vão lembrar, mas não vai durar para sempre. É um impacto momentâneo. Acho que nós aprendemos mais do que eles”, revela. Esperando no futuro ter notícias daquelas crianças com quem viveu seis semanas.

Experiência de voluntariado é aconselhada
Giovana Azinari não tem dúvidas de que uma experiência de voluntariado é necessária. Conhecer outro país, outra realidade fê-la ter certezas de que “na Europa somos uns privilegiados”. Depois de conhecer a realidade do Brasil, onde as dificuldades também são muitas para a maioria das pessoas, Giovana encontrou no Quénia algo parecido. “Eu tenho a realidade do Brasil e vi que a realidade de África é muito semelhante. Na Europa temos acesso a um estudo óptimo. Aquilo é muito idêntico ao Brasil, por isso é que me senti tão bem”.

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