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Grande Rota é uma “autoestrada com nós de saída” para a rede de trilhos existentes

O traçado provisório da Grande Rota Peneda-Gerês (GRPG), referente ao concelho de Arcos de Valdevez, foi apresentado na Porta do Mezio a uma curiosa plateia de especialistas, operadores turísticos e amantes do pedestrianismo.

A GRPG, iniciativa da Associação de Desenvolvimento Regional (ADERE), é uma travessia de duzentos quilómetros na área do PNPG, ligando os concelhos de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Melgaço, Terras de Bouro e Montalegre. “O grande objetivo é implementar um percurso que atravesse todo o território do PNPG, desde a extremidade em Castro Laboreiro (Inverneira da Ameijoeira, em Melgaço) até à outra extremidade em Tourém (Montalegre), para proporcionar a visita, em forma de travessia, e integrar a restante oferta e todos os pontos de interesse que existem”, disse Sónia Almeida, administradora delegada da ADERE.

Segundo explicou a entidade promotora do projeto, “aGRPG não pode ir a todos os lados e não pode ir a todas as portas, mas é possível chegar a todas as portas a partir da travessia”. Como? “Comparando o desenho do traçado deste projeto com um mapa de estradas, a GRPG é um itinerário principal (autoestrada) com indicação dos nós de saída para as estradas nacionais e secundárias”, equiparou Carla Rodrigues, técnica da ADERE. De acordo com esta correlação, através da rede de trilhos a integrar na GRPG, os turistas e as empresas de animação, conforme o planeamento e o programa escolhido, podem “optar por fazer uma componente de visita em determinado lugar em vez de fazer a Rota toda”, acrescentou a técnica.

Ou seja, a GRPG “não é só para andar a pé”, mas, segundo a comunicação difundida pela ADERE, a infraestrutura está a ser trabalhada supletivamente para “suscitar a aventura e provocar nas pessoas a vontade de parar nos lugares com o intuito de explorar o património natural e cultural ou fazer um canyoning, um passeio a cavalo, uma observação qualquer… É uma Rota que vai integrar muitos aspetos”, deslindou Carla Rodrigues.

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Troço aproveita percursos antigos nos Arcos

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No percurso, para já provisório, dado a conhecer aos presentes, ficou evidenciada a valorização da rede de trilhos existentes no concelho de Arcos de Valdevez.

A travessia pela serra de Soajo, espinha dorsal do troço inserido neste concelho, segue, com efeito, o percurso da antiga GR (década de setenta do século XX), e “é lógico que assim seja, até para não haver confusão de sinalética”, insistiu Carla Rodrigues, satisfeita por “o traçado desta GRPG proporcionar a integração e a comunicação dos outros trilhos a partir deste grande projeto”.

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Noutro ponto, entre a Portela do Lagarto (onde começa o percurso nos Arcos) e o Santuário da Senhora da Peneda, a proposta é similar à da velha GR. De igual modo, o pedestrianista que está em Tibo segue para Adrão e, coincidindo com o trilho já implementado no terreno, atravessa a branda de Bordença até ao caminho que vai desembocar nas Ínsuas (percurso sujeito a alterações como adiante se verá).

Nas proximidades, há um troço da Pequena Rota, sob denominação de “Caminhos do Pão, Caminhos da Fé”, onde existe a ligação para Soajo pelo percurso da antedita Pequena Rota e o trilho rumo à Porta do Mezio pela GR.

Para além disso, pelo traçado da GR existente (e já sinalizada), faz-se o trilho do Mezio-Vilar de Suente em direção à vila de Soajo, e, daqui, atravessando o rio Lima, há a ligação até à antiga Hidroelétrica do Lima (Paradamonte).

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Propostas de alteração ao traçado

Com o objetivo de corrigir pontos críticos identificados, foram sugeridas alterações ao traçado provisório, a começar pela problemática travessia do rio Peneda, no lugar do Beleiral (Gavieira). “De facto, não faz sentido passar numa zona que, sabemos, vai ficar submersa em determinada época do ano”, anuiu Sónia Almeida, que registou a construção de um passadiço no local como alternativa viável.

A segunda proposta de alteração saída desta sessão no Mezio prendeu-se com a necessidade de acautelar a ameaça dos caninos posicionados no exterior de uma exploração de bovinos em Tibo (Gavieira). “Uma das situações de dúvida e bastante explorada por nós, mas sem grande alternativa, é como evitar, na encosta de Tibo, a vacaria onde existem cães”, reconheceu a técnica Carla Rodrigues, nada interessada, porém, em passar por terrenos particulares para anular este problema. Pelo público, foi sugerido que se fosse por baixo, junto ao rio, seguindo o trilho da Mistura das Águas e, na Várzea, sobe-se até ao miradouro de Tibo para tomar, depois, o caminho rumo a Adrão (Soajo) pela antiga GR.

Plano de Segurança

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Mas a iniciativa em curso não é, simplesmente, traçar os trilhos e sinalizar. A este projeto está associado, obrigatoriamente, um Plano de Segurança, que irá ser apresentado à Proteção Civil. “Nas alturas de resgate, fará toda a diferença para uma equipa de salvamento, seja ela GIPS ou bombeiros, saber o quilómetro e as coordenadas da ocorrência, assim como o número da casa-abrigo mais próxima”, vinca Sónia Almeida, que considera uma “mais-valia” ter a GRPG certificada/homologada no futuro.

Paralelamente, o modelo de segurança a adotar engloba a introdução de um sistema de check-in e de check-out, aplicação móvel em que os pedestrianistas podem fazer registos de entrada e de saída em cada troço para reduzir a área de procura em caso de operação de resgate ou socorro (por acidente, desorientação, cansaço extremo…).

Também influirão na segurança e na operacionalidade da GRPG a limpeza/manutenção dos trilhos e a capacidade das comunicações móveis.

Desenvolvimento económico

A GRPG, que resulta da candidatura feita ao Norte 2020, denominada “Caminhar Conhecendo”, visa “criar um produto de excelência” para “promover e suscitar o desenvolvimento local”, pelo que “o sucesso desta GRPG será tanto maior quanto maior for o impacto na economia e nos negócios existentes e gerados por esta travessia”, concluiu Carla Rodrigues.

O projeto, que reorganiza os trilhos existentes, terá de estar todo ele ultimado até dezembro de 2018, mas, sem imprevistos, a GRPG deverá estar pronta a ser percorrida no próximo outono.

 

GRPG em números

. 200 (cerca de):os quilómetros da travessia.

. 20: número aproximado de etapas.

. 300 mil (euros): custo estimado da intervenção.

 

Perguntas & Respostas

P.: Como é que nasceu o projeto da GRPG?

R.: A ideia surgiu da necessidade de recriar o percurso implementado na década de setenta do século passado que permitisse percorrer o PNPG a pé e explorar o território.

P.: Que fatores presidiram à elaboração, pela ADERE, da proposta de traçado da GRPG?

R.: A proposta de traçado obedece ao Plano de Ordenamento do PNPG; não passa em Reservas integrais; valoriza a rede de trilhos/caminhos existentes; resulta da consulta feita aos órgãos de gestão dos Baldios; identifica povoações com serviços de apoio ao pedestrianista (mercearia, cafés, restaurantes, alojamentos…); cobre a rede de portas do PN; favorece o interesse patrimonial (natural e cultural); facilita a manutenção ao fazer coincidir a GRPG com trilhos já balizados; e assegura a acessibilidade à rota quer para os pedestrianistas quer para o socorro.

P.: Que queixas foram difundidas na apresentação do dia 11 de janeiro no Mezio?

R.: Foram feitos reparos à omissão do nome da serra de Soajo no mapa (carta militar) que serviu de suporte à apresentação do traçado da GRPG.

P.: A GRPG foi pensada numa perspetiva de negócio?

R.: Sim. As empresas de animação turística podem oferecer diversos “pacotes” em função do público. A GRPG adapta-se a programas de três, cinco, sete ou dez dias.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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