Em honra à memória daquela que é grande no panorama da Cultura Lusófona.
Garras dos Sentidos
( Agustina Bessa-Luís – 1922-2019)
Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.
São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.
Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.
São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto.
São furor obediente,
São frios raios solares.
Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.
Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.
a AUAgustina Bessa-LuisTORA
Fado deste poema cantado por Mísia:
Há garras nos meus sentidos
( Eugénio de Sá )
( Inspirado no poema de Agustina Bessa-Luís: “Garras dos sentidos”)
Há garras nos meus sentidos
Pontos de apoio da vida
São aduncas, mas devidas
São duras, como os gemidos.
Há garras nos meus sentidos
Plasmadas na dor do ser
São curvas do padecer
São saudade d’entes queridos.
Há garras nos meus sentidos
Cravadas no coração
São mágoas, desilusão,
Dos agravos recebidos.
Há garras nos meus sentidos
Que não as quero lembrar
São correntezas de mar
Marulhares não desmentidos.
Nem quero lembrar d’amores
São destinos corrompidos !
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Eugénio de Sá