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Imagem Poética e Timbres de Ouro – 6ª Edição de Viana está na Moda

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O percurso artístico da Fashion Designer Isabel Lima foi feito de mãos dadas com o desígnio superior da valorização e divulgação dos símbolos da identidade vianense e da cultura popular.

A intervenção criativa que  apresentou no dia 15 de agosto, tendo como cenário o emblemático Edifício da Estação Ferroviária de Viana, foi inspirada no povo, nos seus códigos, ritos e tradições, projectando no presente a herança popular revestida de contemporaneidade.  

 

Na 6ª Edição de Viana está na Moda com o tema “Imagem Poética e Timbres de Ouro”, Isabel Lima construiu uma síntese artística, feita de sinestesias de sons, ritmos, cores e movimento, captando na sua plenitude as vibrações da alma e do sentir do povo Vianense.

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O folclore e a música de raiz popular, que encontra no Alto Minho e em Viana um dos seus expoentes mais reconhecidos a nível internacional, foi a inspiração primordial da colecção da estilista.

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O FOLCLORE

O folclore, que brota de forma espontânea do quotidiano do povo, viria já no século XX a institucionalizar-se como veículo da imagem do povo trabalhador e exemplar que se pretendia propagandear.

 

A folclorização dos costumes consubstanciou-se na criação de grupos de danças e cantares, chamados “ranchos” que acompanhavam as grandes manifestações: como a Exposição do Mundo Português em 1940, apresentando o retrato das “Aldeias de Portugal”, onde não faltou o fator humano a cantar.

  

Isabel Lima foi à procura da verdade do povo, da sua essência, procurando-a junto daqueles que amavam o povo, a cultura popular e o folclore, nas suas mais diversas manifestações como forma da sua expressão. Manuel Couto Viana, José Rosa de Araújo, Abel Viana e Pedro Homem de Mello, todos eles estudiosos e grandes impulsionadores do folclore, das danças e cantares e do traje vianense, nas esferas artística, histórica e antropológica, foram referências essenciais do processo criativo da estilista.

 

Pedro Homem de Mello foi um folclorista com notoriedade. Os seus poemas estão cheios de episódios e alusões de fusão com o “Povo”, uma fusão realizada na dança, no canto, no arraial da romaria.

A constituição dos Ranchos, de que foi pioneiro Abel Viana e a campanha pelo ressurgimento do “Traje à Vianesa”, dinamizada por Manuel Couto Viana, termina com a elevação do Traje à vianesa como símbolo Regional.

 

É a partir do Largo da Estação dos Caminhos de Ferro, em Viana do Castelo. que todos os anos se iniciam os alegres desfiles dos ranchos, ouvindo-se entoar: “Vamos para a Romaria da Senhora d’Agonia”. Esta Romaria Maior, não obstante a sua evolução ao longo dos tempos, apresenta manifestações que encerram a tradição e a memória do passado, patentes no desfile da mordomia, os cortejos etnográfico e histórico, gigantones, cabeçudos, zés pereiras e as procissões.

 

Isabel Lima aproximou-se da essência da “festa popular”, com um desfile onde os símbolos da musicalidade e da vida do povo mais festivo de Portugal estiveram presentes.

 

Viana é um território com uma história cultural ímpar, de um passado que se revelou persistente na continuidade das tradições e que se prolonga no presente.

Este ano foi delegada a Presidência da Comissão de Honra das Festas da Senhora d’Agonia ao Senhor Agostinho Pereira e à Senhora Rosa de Jesus da Silva, ambos fizeram parte do Rancho Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, e figuram numa foto de uma “beleza sublime” o Senhor Agostinho a tocar concertina e a Senhora Rosa a dançar, na eira ao lado do espigueiro, foto que foi usada no cartaz da Romaria d’Agonia em 1959. Ambos fizeram parte desta intervenção.

 

Isabel Lima aproximou-se da essência da “festa popular”, com um desfile onde os símbolos da musicalidade e da vida do povo mais festivo de Portugal estiveram presentes.

 

A CONCERTINA

A preservação e valorização da cultura popular, dentro da qual se inscrevem patrimónios materiais, como a arquitetura vernacular ou o traje e patrimónios imateriais, como os usos e costumes, as tradições, a história oral e a música de raiz popular, têm constituído um dos objetivos centrais de organizações como a União Europeia e a UNESCO, especialmente desde os anos 60.

 

A música internacionalmente designada como “FOLK” alcança um reconhecimento crescente e cativa públicos cada vez mais abrangentes e diversificados. Multiplicam-se os grupos musicais que reinventam a música popular, inspirados nas raízes ancestrais e resgatam instrumentos musicais singulares, de origem mais regional, cuja diversidade e especificidade encerram um enorme potencial.

 

A concertina emerge como uns dos instrumentos centrais do folclore do Alto Minho, embora possua uma forte e histórica expressão à escala internacional.

 

A concertina, referida como o segundo instrumento mais divulgado das tradições musicais populares, representa o “rosto puro do povo simples”, que com os sons do seu reportório alegre, cria discussões íntimas, e quando acompanhada de quadras entoadas, provoca emoções.

 

A intensão de projectar dentro do espaço vianense “como morada” esta moda da concertina, serve como um roteiro figurado na memória e como “mensagem” além-fronteiras de Viana do Castelo.

 

Merecendo louvor os tocadores que se mobilizam para o lado do “sonho da concertina”, pois são os anunciadores dos “sonhos do povo”, o êxtase puro das suas vidas, ctemos:

Augusto Canário, e o seu livro “Cantigas com a Amor a Viana” que inclui poemas e letras de 36 anos dedicados à Música Popular.

 

Na evocação da concertina Isabel Lima, confere novos significados e missões à moda, resgatando a imagem de um povo e a sua essência, dando-lhe uma outra espécie de vida, trazendo à presente geração, que a admira, que a usa como sucessão, “mais memória”.

 

A CRIAÇÃO

Com acordes da tradição, numa metáfora de sonho, e numa criação estética inteiramente nova, Isabel Lima, une o potencial dos tocadores, ao seu desafio alargado na projeção de moda, inspirada na estética da “favorita”.

Colocando na capacidade de fruir esteticamente um conceito a pensar na apropriação feita da concertina, que é histórica, na acção no tempo e no espaço, usa como equilíbrio a apreensão da realidade de práticas do passado, com o “princípio da inovação”. A essência estética esteve na abordagem do estilo personificado simbolicamente nas transformações da cultura popular.

A concertina é um instrumento que representa um “estilo em voga” demonstrativo de um lugar na cultura contemporânea. Isabel Lima, que é directora criativa de um curso de moda, desmistifica mudanças de paradigma.

A dimensão conceitual da Designer, reforça o pensar a moda para além dos antigos conceitos estéticos, diferenciando-a com novas abordagens.

Usando a teoria e a técnica numa perspectiva cultural e de identidade invocando a “concertina”, que faz parte de um legado de património artístico, a estilista destaca uma “modelagem” versátil um “toque” poético dos drapeados, plissados, dos tecidos em “tons” vibrantes com “botões que são jóias” e sublinha: 

“Ninguém confunda a minha visão estética com os cânones clássicos, ela situa-se entre o sentimento e a essência poética, solicitude tão característica da concertina que impregna inspiração popular e que ao longo do tempo fez apologia à “vida do povo”.

Isabel Lima, projecta no presente, uma conceção mítica da identidade do povo e das suas celebrações da efemeridade.

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