Quando estamos a crescer, a nossa cor e animal favoritos parecem determinar quem nós somos.
Se eu soubesse que a criança x gostava de rosa e preferia cães a gatos, já podia dizer que a conhecia melhor que ninguém (hoje em dia até melhor do que os próprios pais, que se limitam, na maioria, a dar telemóveis como companhia).
Porque é que quando somos adultos a situação já não é igual? Eu sei que o Presidente da República gosta de gelados de framboesa e chocolate, aliás, nem durante a crise política com Galamba os dispensou. Ok que não sei o animal favorito dele, entendo que não me deixasse entrar na sua moradia de Cascais, mas julgo que os gelados Santini seriam suficientes para pelo menos ficar no jardim.
Porém, não chega só conhecer a pessoa de forma unilateral, a menos que queiram acabar com um cadastro prisional por assédio ou perseguição. É preciso haver uma conexão mútua, uma partilha de informações entre ambas as partes. Mas até aqui depende, por um ladrão expressar o interesse em roubar o telemóvel de um cidadão e o lesado recusar-se a dar, não deixa de ser uma troca de informação na qual ambos preferiam não ter de se conhecer um ao outro.
Então o que realmente define “conhecer” alguém? Ter confiança na pessoa? Haver um certo sentimento de lealdade? Ser incluído na vida do outro? Se assim fosse, se calhar Zelensky não conheceria Trump, ou não teria ficado de fora na reunião de terça-feira.
Sinceramente, nem sempre nos temos de dar bem com pessoas que conhecemos, certo? Às vezes as pessoas preferem seguir aquilo que convém. Se o mundo estiver mais inclinado para a direita, é para a direita que vão. Se estiver inclinado para a esquerda, é para a direita que vão. Quer dizer, esquerda. Quer dizer, hoje em dia já ninguém sabe. Entre empresas imobiliárias e malas de aeroportos, Portugal já podia ter resolvido a questão da falta de alojamentos e da privatização ou não da TAP.
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Agora outra questão de grande importância, a decadência de maior parte das relações é a união, não de facto, mas de pacto. Se formos bem a analisar, o que é sabem um do outro? Se calhar não mais do que aquilo que eu sei do Presidente da República. De 20 países da UE, de acordo com a Pordata, fomos o nono país com mais divórcios em 2022 (Divórcios Por Modalidade Do Casamento, 2025). Podia ser pior, mas se seguirmos o provérbio “antes de casar, arranja casa para morar” fica tudo explicado.
Está mais difícil encontrar uma casa do que 10 euros no chão. E mesmo que encontrássemos esta nota todos os dias até ao ano acabar, não dava nem para uma entrada de um T0 no Porto. Mas se calhar dava para uns bons jantares num restaurante de luxo.
A verdade é que, a menos que estas notas comecem a chover do céu, mais vale optar por um piquenique num encontro. Quem sabe? Pode ser que os animais favoritos da outra pessoa decidam aparecer para roubar a comida, ou que o vento leve os pratos e deixe no ar a questão: será que a sua cor preferida é o verde da alface ou o vermelho do tomate? E se tiverem mesmo muita, muita sorte, com a crise política que se avizinha, talvez me avistem na gelataria de Cascais, ao lado do Presidente, a discutir o estado do país entre uma colherada de framboesa e outra de chocolate.
Fontes utilizadas: Pordata. (2025). Divórcios por modalidade do casamento. Pordata.
https://www.pordata.pt/pt/estatisticas/populacao/casamentos-e-divorcios/divorcios-por-
modalidade-do-casamento, consultada a 19/02/2025