Nem sei bem se estas recordações de tempos idos serão prenúncios de algo que se avizinha…
Digo isto porque acho esquisito lembrar-me tão bem de factos passados há oitenta anos e ver-me “da cor da abelha “ quando o meu homem me pergunta onde guardei a camisola azul que comprou ontem nos saldos. Sei lá eu… Nem me lembro de ele ter saído de carro… É estranho…
Hoje vieram-me à ideia alguns amuos que me custavam uns tabefes ou açoites que, por injustos, me revoltavam e fomentavam vinganças engendradas na minha mente rebelde: – Mãezinha, posso ir lá para fora jogar à macaca? – Não, preciso que limpes a loiça. Lá escorregava um pires para o chão… – Agora podes ir.
– Agora já não me apetece… -Mãezinha, a Bina está a perguntar-me se posso ir brincar com ela para o pátio da avó Rosa. Posso? – NÃO! Vai mas é fazer os deveres e depois vais. Lá escrevia as letras da cópia ora para a esquerda, ora para a direita. Bem feita! A Professora que se danasse a adivinhar-lhes o sentido… E já não me apetecia ir brincar. – Oh que miúda rebelde esta Zita! Muita cabeçada deve dar na vida!
Adivinhou e não era bruxa. Mas voltando à minhas dúvidas existenciais: esta posição de “agora já não quero, agora que se dane…” tem a ver com quê? Haverá, bem lá no fundo, alguma analogia com o nosso momento político? Se calhar…
Acho que vou mas é procurar a camisola azul dos saldos. Ou era laranja? Depois se verá…
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