Lendas e Mitos do Leste Brasileiro: A Vingança de Anhangá

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.”

A VINGANÇA DE ANHANGÁ [história folclórica | lenda] Anhangá, para os índios, é o deus protetor da caça. Tem a forma de um veado branco com olhos vermelhos de fogo. Todos os que perseguem um animal que amamenta correm o risco de serem castigados pelo deus.

Conta a lenda que um índio perseguia uma veada que amamentava seu filhote e, com uma flechada certeira, feriu o veadinho. Depois, para atrair a atenção da mãe, torturou o filhote para que ele berrasse. Ao aproximar-se, o índio flechou a veada. Quando, repleto de alegria por sua astúcia, foi buscar o corpo do animal, o índio havia sido vítima de uma ilusão criada por Anhangá. À sua frente, encontrava-se o corpo de sua própria mãe, morta por suas mãos.

 

Contam que um índio perseguia a veada que amamentava seu filhote. Com uma flechada certeira ele feriu o veadinho. Depois ele agarrou o pequeno animal e, ocultando-se atrás de uma árvore, o torturou para fazê-lo gritar. Ouvindo os gritos do filhote, a vedada aproximou-se da árvore. O índio, então, a transpassou com juma flechada.

Mas quando, muito alegre, foi contemplar o corpo de sua vítima, o índio verificou que tinha sido vítima de uma ilusão, criada por Anhangá para castigar sua crueldade. Na sua frente, achava-se o cadáver de sua própria mãe, morta por suas próprias mãos

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

O poeta Affonso Celso narra essa lenda com os seguintes versos:

 

“ANHANGA

Era anhangá, entre os selvagens,

O deus da caça, o protector

Dos animaes contra as pilhagens

E as vexações do caçador.

 

Muitas historias estupendas

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Delle se contam, por ahi. —

A mais gentil dessas legendas Quereis saber? Pois bem, ouvi :

Persegue um indio uma veada

Que amenentava un veadinho..

Fogem os dois… Não ha caminho

Vão pela matta emmaranhada.

Rasgam o corpo em muito espinhos

Correndo sempre…

A mãi, coitada,

Correr podia mais depressa,

Mas o filhote é pequenino,

Vacilla, esfalfa-se, tropeça,

E o caçador veloz, ladino,

Já quasi a flecha lhe arremessa.

 

E correm… correm… Repentino,

O arco se enteza, a flecha vôa…

O veadinho cai ferido,

Emquanto a mãi que se atordoa,

Sem ter o lance percebido,

Segue a fugir, correndo á toa,

E o rastro seu ficou. perdido.

Da preza, então, se apoderando,

O indio se pôe a comprimil-a,

Gritos atrozes lhe arrancando…

A,mãi, bem sabe, ha de attrahil-a,

Por esse embuste miserando,

Lá do escondrijo onde se asyla.

 

Eil-a que vem… Eil-a… Não tard’.

Em acudir do filho ao grito,

Que mãi nenhuma se acobarda,

Si o filho ouvio chamal-a afflicto.

 

O caçador, occulto, a aguarda,

E, quando perto a vê, perito,

O arco dispara…

A flecha… zás…

O coração delia trespassa…

Exulta o indio… Bella caça!

 

Mas a cadáver que ali jaz

Corpo de bicho não parece.

E’ gente!… E’ gente… Que desgraça

E’ uma velhinha… Quem será?!

O indio se achega e reconhece

A sua própria mãi querida

De quem assim tirara a vida

Por um castigo de Anhangá!

 

Anhangá

Veado com olhos de fogo, que além de enganar os caçadores, desviando o tiro de suas armas rumo às pessoas queridas, traz febre e loucura em quem o vê.

Visagem ou fantasma de tatu, pirarucu, tartaruga, boi, cachorro e mesmo gente.

Mito geral no Brasil.

Anhangá – Animal

Os animais das florestas e campos vivem tranquilos, pois tem um defensor contra o homem-caçador. Seu nome é Anhangá.

Anhangá é o Deus protetor das matas. Ele é grande veado branco encontrado, com olhos vermelhos. Um caçador que ameaça algum animal, principalmente se for uma fêmea amamentando seu filhote, é perseguido por anhangá.

Dizem que há muito tempo, um índio insistiu em perseguir uma veada, mesmo vendo que ela estava com sua cria. No alto de uma montanha, anhangá, com seus olhos vermelhos e ar majestoso, observava a cena.

Com grande crueldade, o índio armou seu arco e fecha e disparou contra o filhotinho, ferindo o pobre animalzinho. Não satisfeito com tanta crueldade, agarrou o pobrezinho e escondeu-o atrás de uma árvore.

Anhangá

Apavorado, o veadinho gritou pela sua mãe. Ao ouvir os gritos desesperados do filhote, a veada aflita correu na direção da árvore.

O índio, com sua arma preparada, disparou uma flechada no pobre bicho. Todo alegre aproximou-se do animal caído e para sua surpresa… viu a sua mãe caída no lugar do grande cervo.

Aos gritos o índio o percebeu que fora vítima de uma ilusão criada pelo grande veado branco. E saiu correndo pela floresta.

 

Anhangá – Vale do Anhangabaú

O vale do Anhangabaú é envolto em mistérios, em seu subsolo passa o rio Anhangabaú que em tupi-guarani significa mau espírito, ou seja rio do mau espírito, ou onde mau espírito bebe água.

Ele nasce no atual bairro do Paraíso, no subsolo de onde hoje fica a Avenida 23 de Maio. Segue pela própria Avenida 23 de Maio, Vale do Anhangabaú até desaguar no rio Tamanduateí na Avenida do Estado.

Na época da colonização de São Paulo, indígenas tinham medo de cruzar o rio, diziam que sofreriam ataques do Anhangá, uma criatura maligna da mata.

Anhangá se apresenta sob a forma de vários animais, entre eles galinha do mato, morcego, macaco, rato, humano mas principalmente como um veado branco com olhos de fogo e uma cruz na testa entre os olhos.

Veado

Quando tem contato com algum humano, traz para quem o viu a desgraça e os lugares frequentados por ele são ditos mal-assombrados. Ele protege os pequenos animais e plantas dos seres humanos, ou seja, não deixavam nem os índios caçarem para subsistência.

Na atualidade o vale do Anhangabaú abriga em sua volta centenas de prédios altos e alguns centenários, dentre esses são tidos como mal-assombrados o prédio dos correios, o teatro municipal, o edifício Martinelli, Edifício Joelma o Edifício Andraus e a câmara dos vereadores de São Paulo.

Os 4 últimos são palcos de grandes desgraças, que são os incêndios do Joelma e Andraus e a morte do garoto que caiu de vários andares no poço do elevador do edifício Martinelli e a câmara dos vereadores de São Paulo foi por onde ficaram os corpos dos mortos do incêndio do Edifico Joelma.

Até o famoso castelinho da Rua Arpa, não fica tão distante do Vale do Anhangabaú.

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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3 comentários

  1. Trata o cronista de trazer à tona uma lenda brasileira que tem o caráter educativo: a vida selvagem precisa ser preservada e quando aviltada as consequências são imprevisíveis e podem resultar em morte que trará consigo dor e sofrimento irreparável. Pode ter aplicação em qualquer época da vida humana. Brota, na singeleza, uma advertência aos que praticam o mal.

  2. Antônio JCCUNHA, traz pra todos nós as lendas brasileiras que com certeza a grande maioria desconhece. Anhangá esteja sempre atento em combater a todos que não respeitam a nossa fauna e flora desse rico ambiente que contempla as nossas terras que abriga a maior diversidade do meio ambiente mundial. Tudo é muito belo ,mas, a cobiça tem trazido muitas mazelas pra essa população ribeirinha e principalmente aos indígenas. Parabéns pelo seu prazer de nós oferecer cultura. ???

  3. Nossa!!!
    Quanta cultura vc tem pra ensinar, pena que não desfrutei desses momentos!
    O tempo passou tão rápido!!
    Parabéns meu amado primo!!

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