Lendas e Mitos do Leste Brasileiro: o Segredo de Robério Dias

Diogo Alvares e Paraguaçu tiveram muitos filhos.

Seus descendentes desempenharam papel importante na colonização do Estado da Bahia. Alguns deles se tornaram famosos. É o caso, apontado como exemplo, de Robério Dias que vivia com grande luxo. Todos os objetos de sua residência eram de prata. Mas ninguém sabia de onde vinha sua riqueza. O povo murmurava que Rogério Dias descobrira uma prodigiosa mina de prata, de cuja existência e situação guardava o mais absoluto segredo

Os fatos vieram provar que o povo tinha razão. Robério Dias, no desejo de conquistar um título à altura de sua fortuna, seguiu para a Europa a fim de solicita-lo do rei Filipe II. Nessa época, Portugal e o Brasil se achavam sob o domínio espanhol.

O monarca recebeu Robério Dias friamente, apesar das promessas que lhe fez o ricaço brasileiro, de conseguir para a Espanha, prata suficiente para calçar as ruas de Madri. Quando Robério Dias falou do título de “Marques das Minas”, que ambicionava, o rei fechou a cara e disse-lhe que apenas lhe concederia a honra de ser o administrador das minas que descobrisse.

E com receio de que Robério Dias não revelasse a localização das minas que dizia possuir, Filipe II despachou o Brasileiro para sua terra natal, sob a vigilância de pessoa de sua confiança – D. Francisco de Souza, nomeado então governador e capitão-general do Brasil. Sua missão principal era promover o descobrimento das famosas minas de prata.

Contudo, Robério Dias não revelou o segredo de suas minas. Percebeu claramente que se dissesse a D. Francisco de Souza o local de seu tesouro, perderia, na certa, as minas, o título e a vida.

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Mas, perseguido, sem descanso, pelo capitão-general, teve de refugiar-se nos longínquos sertões da Bahia.

Lá não pode gozar as delícias proporcionadas pela sua prata inesgotável. E acabou morrendo na mais  extrema pobreza, levando para o túmulo o segredo de suas maravilhosas jazidas.

 

Leiam mais sobre o Segredo de Robério Dias

O Manuscrito 512

A História da cidade perdida na Bahia

Manuscrito512 in Uncategorized Here 6, 2015 355 Words

A LENDA DE MURIBECA

A lenda das minas de Muribeca remonta ao século XVI, quando o português Diego Álvares foi o único sobrevivente de um desastroso naufrágio próximo à costa do Brasil. Salvaram-no alguns indígenas tupis-guaranis e, nos meses seguintes, aprendeu o idioma dos nativos e se casou com uma jovem, chamada Paraguaçu. Álvares teve vários filhos e netos. Um deles, que viveu durante muito tempo com os autóctones tupis, chamou-se Muribeca. Depois de uma viagem ao interior do continente, guiado por nativos tapuias, Muribeca encontrou uma riquíssima mina de ouro, prata, diamantes, esmeraldas e rubis. Com o tempo, organizou a exploração da mina e se tornou riquíssimo, pois vendia pepitas de ouro e pedras preciosas no porto da Bahia (atual Salvador). O filho de Muribeca, cujo nome era Robério Dias, era muito ambicioso e, durante uma viagem a Portugal, pediu ao rei do Portugal o título de marquês.

O rei prometeu conceder-lhe o almejado título, mas só se Robério Dias revelasse o segredo de seu pai e cedesse as minas à Coroa portuguesa.

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Robério Dias aceitou, mas quando a expedição chegou à Bahia, pouco antes de empreender a viagem em direção às minas, persuadiu o oficial do rei de que lhe abrisse a carta que continha o título de marquês. Deu-se conta, ao contrário, de que tinha só um título de pouca importância, quer dizer, capitão de missão militar. Negou-se então a indicar o caminho em direção às minas, e foi encarcerado por muitos anos.

Quando morreu, em 1622, levou consigo à tumba o segredo da exata localização das minas achadas e exploradas por seu pai, Muribeca.

Desde então, muitos partiram em busca da fabulosa veia de ouro, mas quase todos morreram no intento ou regressaram sem haver alcançado o objetivo de sua viagem.

O documento mais importante sobre as minas de Muribeca apareceu casualmente em 1839, no Tomo I do periódico do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tratava-se do relato da viagem do aventureiro Francisco Raposo, efetuada em 1753.

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(Várias fotos do Buraco do Muribeca podem ser vistas na indicação acima)

Buraco do Muribeca:

história e mistério. de Macaúbas em Foco

 

BURACO DO MURIBECA

Na serra do Carrapato, na comunidade de Olhos d’Água dos Barcelos, distante 15 Km da cidade de Macaúbas, encontra-se o Buraco do Muribeca, provavelmente uma antiga mineração, com seus mistérios, histórias e lendas.

No Livro Descrições Práticas da Província da Bahia de Durval Vieira de Aguiar, o coronel da polícia baiana, que esteve em Macaúbas em julho de 1882, relata o que o deixou muito impressionado, a lenda do Muribeca.

No lugar denominado Olhos d’Água do Barcelos, também a dois quilômetros da vila, onde se levanta o Morro Muribeca, veem-se muitos lugares, a que chamam lavadeiras, por indicarem ter-se ali lavado muito cascalho em bateias, como dá a conhecer o amontoado do mesmo cascalho fino e grosso, em camadas sobrepostas.

Afirmam os mais velhos habitantes existirem no termo as decantadas minas de Muribeca. Com este nome encontra-se a duas léguas da Vila uma grande serra onde existe uma profunda cavidade perfeitamente entulhada com pedras de uma qualidade diferente das da redondeza, fazendo crer que foram conduzidas de longe, necessariamente por muita gente; e como os nacionais desde que para lá emigraram já encontraram tanto isso como o nome da serra com a respectiva tradição, afirmam que esse entulho foi feito pelos índios até então únicos moradores, os quais com tais preocupações incontestavelmente cumpriram uma ordem de chefe ou, no interesse próprio, ocultaram uma preciosidade.

Da tribo apenas ficaram na povoação duas velhas indígenas, cujo viver misterioso mais confirmou todas as suposições, pois que viviam escondidas nas serras, de onde só saíam nos dias de feira para virem vender uma ou duas oitavas de ouro, de origem nunca confessada; comprando, com o produto da vendagem, o mantimento da semana, abastecimento que no sertão chamam – fazer o saco. Por tais índias sabe a população, um pouco fantasiadamente, a lenda do Muribeca. mesclada com a de Robério Dias. “Diz a tradição que o nome Muribeca fora apelido dado pelos íncolas a um branco, que se fez chefe da tribo ali habitada, coisa que não admira, não só pela ascendência que tinha nela como pelas recordações que lhe deixou; e tendo esse chefe descoberto o segredo das famosas minas, que sua tribo guardava, veio à capital oferecê-la ao Rei (Governador), de quem exigiu grande recompensa; porém, aceito o oferecimento, voltou Muribeca com uma grande escolta de soldados e mineiros, comandada por um capitão, o qual trazia um prego contendo as recompensas de Muribeca, das quais só podia conhecer depois que entregasse as ditas minas; mas este, desconfiado, ao chegar às serras do Rio de Contas, tais sedução fizera ao oficial, garantindo estar à vista das minas, que este abriu o prego, contendo apenas uma patente de capitão de milícias; pelo que, desgostoso, recusou-se de ir além e sobretudo a confessar o seu descobrimento, não obstante as promessas, as ameaças e até os espancamentos sofridos da escolta, que, desenganadas, o reconduziu preso e algemado para esta capital, em cujas cadeias faleceu, levando consigo o seu segredo”.

E para aumentar ainda mais o mistério, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, na seção de manuscritos, obras raras, existe um documento do século XVIII, denominado “Manuscrito 512”, no qual se narra o descobrimento de uma maravilhosa cidade perdida de casas de pedra e amplas ruas, além de numerosas inscrições gravadas nas pedras em uma língua completamente desconhecida, no interior da Bahia. Muitos pesquisadores associam esta cidade, que esconde uma enorme jazida de ouro, prata e pedras preciosas, as minas do Muribeca.

Muitos aventureiros e estudiosos já percorreram o sertão da Bahia a procura das minas e da cidade perdida: Pedro Leolino Mariz, superintendente das minas do Estado da Bahia; Os britânicos, Daniel Robert O’Sullivan Beare e o mais famoso dos aventureiros, o Coronel Percy Harrison Fawcett, entre muitos outros.

 

Curiosidade:

As minas de prata do Muribeca mexeu muito com o imaginário popular. Em 1862, José de Alencar publica As Minas de Prata, em sua versão completa em seis volumes.

Moacir Santos, João Fontoura, Afonso Sant’Ana, Fernando Amaral já desceram nesse buraco de, aproximadamente, 35 metros e encontraram uma cerca que calçavam um amontoado de pedras.

Seria o Buraco do Muribeca, em Macaúbas, um indício das minas de pratas e da cidade perdida do documento 512?

Fonte:
• O Livro de Durval Vieira de Aguiar: Descrições Práticas da Província da Bahia. 2ª edição, Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro, 1979. Páginas: 165 a 177;

• Internet: blogs, sites e artigos diversos – Google.

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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3 comentários

  1. Aí está o Antonio Joaquim a mexer em nosso imaginário. Da riqueza à desgraça. Com outros personagens, tal acontecimento se faz presente em todos os momentos da história da humanidade.

  2. Óh Antonio:
    Muito instigante o seu relato. Realmente mexeu muito com nossa imaginação. Muito bem conduzido, como sempre o fazes. Parabéns!

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