Lendas e Mitos do Sul Brasileiro: O Milagre de Anchieta

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.” 

O Milagre de Anchieta

Entre os muitos índios catequisados pelo padre Anchieta, havia um que deveria receber o nome de Diogo, quando fosse batizado. Antes de realizar essa cerimônia, o “Apóstolo do Brasil” teve de atender uma longa viagem , para pacificar uma tribo de índios que tinha se rebelado contra os portugueses.

Achava-se ele no Rio de Janeiro, a muitas léguas da aldeia do índio convertido, quando este adoeceu gravemente e faleceu. Reuniram-se, então, os índios e foram velar o cadáver do companheiro, numa choça humilde, no meio da mata.

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Estavam todos muito tristes, ao lado do corpo de Diogo, quando este estremeceu. E com grande espanto de todos, o índio levantou-se e disse calmamente:

– Tive de voltar … É que encontrei no caminho o Senhor Padre Anchieta, que mandou que eu voltasse para ser batizado …

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

– Mas, Diogo __ observou um dos presentes __ você esteve como morto. Passou aqui deitado o tempo todo. Como pode  ter encontrado o padre que se acha muito longe da nossa aldeia ?

– Não ! Respondeu o índio com firmeza. Estive viajando e encontrei o padre no caminho para cá. Ele não tardará. Vamos esperá-lo.

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Mal havia proferido estas palavras, quando entrou na choupana o padre Anchieta. Estava coberto de poeira e com o bastão de peregrino na mão. Sorriu com bondade para o índio e disse.

– Vim batiza-te, Diogo. Fica tranquilo.

Com ar sereno e feliz, Diogo preguntou a Anchieta:

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– Senhor Padre ! Tem ainda o escapulário que me mostrou na viagem ?

– Aqui está …

E Anchieta ministrou o sacramento do batismo ao índio. Depois disso, Diogo adormeceu. E desta vez para sempre. …

Muitos milagres, como este, são atribuídos ao padre Anchieta.

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E não é de admirar diante da bondade, da doçura e do heroísmo do “Apóstolo do Brasil”.

Dizem que, quando Anchieta morreu, as andorinhas, que muito o amavam, voaram para o céu, formando uma cruz, por cima de sua sepultura.

E assim permaneceram por muito templo.

Anchieta foi considerado santo ainda em vida. Registros contam milagres, que se tornaram lendas, dizendo que a alma dele voava, que ele conseguia estar em diferentes lugares ao mesmo tempo, que ele levitava, que a natureza obedecia às suas ordens,  relatos de pescas milagrosas, entre outros feitos. O processo de canonização dura mais de 400 anos, um dos mais longos da história, foi iniciado logo após sua morte.

 

Padre Anchieta

Padre José de Anchieta, missionário da Companhia de Jesus, também conhecido como o apóstolo do Brasil, foi assim distinto pelo fato de ter participado do início da catequização em terras brasileiras. José de Anchieta foi beatificado em 1980 e canonizado em 2014.

 

Biografia

José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em Tenerife, Arquipélago das Canárias – Espanha. Filho de João López de Anchieta com Mência Diaz de Clavijo y Llarena e era parente do fundador da Companhia de Jesus – Inácio de Loyola.

Estudou em Portugal e, decorrente da doença de ossos de que sofria, por orientação médica, foi ainda noviço para o Brasil onde, através do contato com os índios aprendeu a linguagem indígena e passou a comunicar e a defendê-los dos colonizadores portugueses.

 

Missão

Com a finalidade de ensinar e catequizar os nativos, José de Anchieta participou da fundação do colégio da vila de São Paulo, que viria a ser mais tarde a própria cidade de São Paulo, com esse nome porque no dia da sua fundação, 25 de janeiro de 1554, é comemorado o dia do apóstolo São Paulo.

José de Anchieta acumulou várias funções durante a sua vida. Para além de padre jesuíta, foi historiador, gramático, teatrólogo, poeta e, assim, merece lugar de destaque na literatura brasileira, dada a riqueza e relevância dos seus trabalhos.

 

Obras

Anchieta escreveu Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões publicados pela Academia Brasileira de Letras em 1933. Escreveu, ainda, os seguintes autos: Auto Representado na Festa de São Lourenço, Na Vila de Vitória e Na Visitação de Sta. Isabel.

Dentre as suas obras mais conhecidas se distingue o Poema à Virgem, escrito durante o tempo em que se fez refém dos índios enquanto era negociada a paz entre indígenas e portugueses, e Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil, gramática sobre o tupi que foi utilizada na missão jesuíta.

O Poema à Virgem é composto por mais de cinco mil versos. José de Anchieta decorou todos os versos, escritos na areia da praia de Ubatuba e, somente meses mais tarde, transcreveu-os para o papel em São Vicente, primeira vila do Brasil.

 

Homenagens

No Brasil, destaca-se o dia de José de Anchieta na data do seu falecimento, que ocorreu no dia 9 de junho de 1597.

Além disso, o nome da cidade onde ele faleceu – antiga Iriritiba ou Reritiba, no Espírito Santo, atualmente tem o nome de Anchieta, bem como uma das principais estradas de São Paulo recebe o nome de Rodovia Anchieta.

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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2 comentários

  1. Excelente artigo d a verdadeira ajlz de história fo Brasil.
    Parabéns do autor, Antônio Cunha

  2. Os comentários já feitos pelo autor da matéria tornam desnecessários quaisquer outros. Destaco apenas a menção feita pelo autor à gramática da língua indígena primitiva que se constituiu no primeiro registro escrito da fala do indígena brasileiro.

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