Longevidade continua a aumentar mas saúde das mulheres ainda é esquecida

Três mil mulheres são diagnosticadas com cancro ginecológico por ano, em Portugal. Desigualdade entre géneros nos cuidados de saúde também é uma realidade de acordo com um estudo. Existem 700 doenças nas quais as mulheres são diagnosticadas mais tardiamente face aos homens.

Em Portugal, cerca de três mil mulheres são diagnosticadas com cancro ginecológico a cada ano. Normalmente silenciosos e detetados em fase avançada, os cancros ginecológicos são por vezes esquecidos, tal como acontece com a saúde das mulheres. Dados divulgados no Fórum Económico Mundial, apontam que: combater a menor atenção que é dada à saúde das mulheres, em comparação com a dos homens, permitiria estimular a economia mundial com 920 mil milhões de euros por ano até 20402. Diminuir a falta de equidade no acesso ao tratamento do cancro e combater as disparidades na incidência e mortalidade provocadas por esta doença, são os principais objetivos do Dia Mundial do Cancro Ginecológico que se assinala no dia 20 de setembro.

Os números apresentados revelam que as mulheres são diagnosticadas mais tarde do que os homens em relação a 700 doenças diferentes. Esta disparidade no diagnóstico reflete a necessidade urgente de consciencializar para a importância da prevenção, do rastreio regular e da atenção aos sinais de alerta. Ao aliar esta diagnóstico tardio ao facto de os tumores ginecológicos serem detetados tardiamente, por se tratarem de doenças silenciosas, percebemos a urgência de investir na saúde das mulheres – um dos melhores investimentos que os países podem fazer nas suas sociedades e economias.

Fazer regularmente o exame do Papanicolau é uma estratégia essencial para monitorização da saúde ginecológica, apesar deste método de rastreio não ser eficaz para todas as doenças ginecológicas, tal como a realização de exames sempre que haja alterações nas citologias. Para além de priorizarem uma visita regular ao ginecologista, as mulheres devem ter conhecimento e estar atentas a fatores de risco para os diferentes cancros ginecológicos, podendo reduzir a possibilidade de consequências mais graves.

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“É fundamental que cada mulher saiba ouvir o seu corpo e não ignore sintomas que ao princípio podem não ser nada de especial. Aumentar a consciencialização de todas as mulheres para os principais fatores de risco e sinais de alarme é neste momento a única arma que temos para antecipar os tumores ginecológicos. Nesse sentido, a MOG deixa o seu apelo para que todas as mulheres, visitem com regularidade o médico ginecologista para monitorizar de perto a sua saúde”, alerta Cláudia Fraga, Presidente da Associação MOG e sobrevivente de cancro do ovário.

Ao longo dos últimos séculos a longevidade sofreu um enorme avanço com a esperança média de vida a passar dos 30 para os 73 anos entre 1800 e 2018. Ainda assim, e apesar de existir uma esperança média de vida superior, em média, uma mulher passará nove anos com problemas de saúde, mais 25% em relação aos homens.

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Os cancros do endométrio, colo do útero, ovário, vulva e vagina são os cinco principais tumores ginecológicos em Portugal, sendo o do endométrio o mais frequente e o do ovário o mais letal. Em especial, o cancro do ovário que progride de forma silenciosa e com sintomas inespecíficos, pelo que adotar estratégias para aumentar o diagnóstico precoce é um passo decisivo para garantir um prognóstico mais favorável.

Segundo aponta este estudo, uma melhor saúde global, com foco na saúde da mulher, reflete-se em prosperidade económica. Em causa está uma lacuna que equivale a 75 milhões de anos de vida perdidos devido a problemas de saúde ou morte prematura por ano, o que corresponde a sete dias por ano na vida de cada mulher. Colmatá-la poderia gerar um impacto equivalente ao acesso de 137 milhões de mulheres a empregos a tempo inteiro até 2040.

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