Joaquim Vasconcelos
Engenheiro e Ambientalista
Numa visita à Mata Nacional da Gelfa relembrei uma obra realizada na década de 90 do século passado que abrangia toda a área referente a essa mata e também á Duna dos Caldeirões.
Aquela área que independente da cor política de quem a gerisse foi deixada ao abandono, porque tudo o que fosse ambiente podia dar muito dinheiro a uns tantos, mas a sua gestão implicava a existência de alguém sensível para fazer um trabalho que dignificasse Vila Praia de Âncora e quem lá vivia.
O que vi foi a execução de uma ETAR inter-concelhia que foi mal dimensionada e executada, a qual poucos meses depois de começar a funcionar originou problemas ambientais graves, que deram razão a técnicos do ambiente independentes dos “clubes políticos”.
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A situação continua e a beneficiação daquele espaço, que tinha como objectivo eliminar a poluição do rio Âncora, ainda este ano trouxe problemas à praia de Vila Praia.
Em 21 de Julho de 2016, mais uma vez, a praia de Vila Praia de Âncora viu a bandeira azul, ser substituída por uma vermelha!…
Naquela data, Gonzalez dos Paços, comandante da Polícia Marítima (PM) local, em declarações à agência Lusa, adiantou que “por indicação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) foi arreada a bandeira azul e içada a bandeira vermelha, tendo sido colocada sinalética a indicar que se tratava de água não recomendável a banhos”.
Estranhamos que estas coisas aconteçam com tanta frequência e não se elimine em definitivo o problema que as causa.
Agora vemos a entrada da Mata a ser delimitada por uma corrente que condiciona o acesso motorizado aos diversos parques de merendas existentes, mas nem assim parecem travar utilizadores dos mesmos, pois os caixotes do lixo estão cheios o que prova que os utilizam. No entanto, também comprova que de facto é condicionado por aquelas correntes no acesso à limpeza, pois parece não ser feita a recolha desse lixo.
Será que estão a fazer crer que é um local que necessita de ser intervencionado com futuras urbanizações?
Quem tem o mínimo de bom senso fica consciente de qual é a forma de gerir o espaço público, que depois de se gastarem “pipas” de dinheiro em certos projectos, vemos um património a degradar-se, mas procurando implementar outros projectos em vez de realizar a manutenção das obras existentes. A “parolagem” dos que gastam o dinheiro dos contribuintes é avassalador…
PUBLembro-me que essa obra incluía um Circuito de Manutenção e um Circuito da Natureza que através dos anos deixaram-no degradar, muito lentamente, até que presentemente já não se consegue vislumbrar nada. Afinal quem são os vândalos?
O ano passado ainda se pensou que ia haver pelo menos uma intervenção de limpeza, mas só se limitaram a colocar montes de resíduos de árvores na referida mata.
Depois … bem … depois podem arranjar mais alguma situação disparatada para agradar a alguém!