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Damião Cunha Velho

Professor
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Abriu este ano o curso de medicina na Universidade Católica.
A Católica é uma universidade prestigiada na área da gestão e da economia.
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Acontece, que há muito que se exigiu o aumento de vagas para medicina pelas universidades estatais dada a necessidade de mais médicos per capita. O que nunca aconteceu, apesar de estarem a trabalhar em Portugal centenas de médicos estrangeiros no Serviço Nacional de Saúde.
E, o SNS é pago pelo contribuinte.
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A Ordem dos Médicos nunca aprovou este aumento de vagas porque os interesses corporativos deste grupo de amigos falou mais alto.
Menos médicos igual a mais dinheiro ganho por cada amigo médico.
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É certo que um curso exigente como o de medicina implica recursos humanos e materiais de valor muito elevado.
Abrir só vagas não chega.
É necessário um investimento a sério por parte do Estado.
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A qualidade do ensino é fundamental.
Os médicos lidam com a vida dos doentes.
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Também me parece inaceitável que ao fim de seis anos de formação muitas centenas de médicos, todos os anos, não consigam colocação na especialidade.
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Algo tem que mudar neste aspecto.
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O ministro que tutela a pasta, Manuel Heitor, quer abrir mais três escolas médicas em 2023.
Mesmo que as condições estejam reunidas, o que não me parece, não acredito que a Ordem dos Médicos vá estar de acordo pelas razões já referidas.
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Mas, com a crescente deslocalização de estudantes portugueses para o estrangeiro, para cursarem medicina, nomeadamente para a República Checa, a necessidade de abrir um curso privado de medicina imperou.
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Calhou, porém, à Igreja Católica essa benesse.
Uma benesse cheia de interesses ocultos a uma entidade de causas duvidosas.
Quem quis levar para a fogeira Galileu não é certamente um grande amante das ciências.
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A Igreja Católica vive dos pobres (a miséria faz muitos crentes) mas nunca viveu muito para os pobres.
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As 50 vagas de Medicina em Lisboa não foram ocupadas por pobres bons alunos mas por ricos sem notas para entrar para a universidade pública.
Só a propina mensal ronda os 1600 euros.
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E, o Estado dá a sua ajuda, através do contribuinte que não tem dinheiro para lá pôr os filhos. Dá com benefícios ou isenções fiscais inaceitáveis para um Estado que se diz laico.
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As cadeiras do curso fazem lembrar mais um curso de filosofia do que um curso de medicina.
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Assim sendo, os futuros médicos filósofos da Católica quando fizerem o juramento de Hipócrates deviam antes fazer o juramento aos hipócritas!