Editorial

A MEIA IDADE: O QUE VAMOS DEIXAR AOS NOSSOS FILHOS
Damião Cunha Velho

Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Professor

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Quando chegamos aos cinquenta, tendencialmente fazemos um balanço da nossa vida passada.

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GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Os homens gostam de dar nas vistas e quem pode compra um Ferrari vermelho descapotável. Um adereço para compensar os vinte anos que já não temos, mas que à força queremos mostrar que ainda não nos fugiram.

 

A mim aconteceu-me como as mulheres e a maioria dos homens, mas que não assumem, tive afrontamentos. Entrei na andropausa.

 

A minha filha tinha ido para a faculdade e fiquei sozinho e perdido. O trabalho mais importante da minha vida entrou em modo “pausa”. Educar a minha filha.

 

Tive uma crise de angústia e não conseguia respirar. Os músculos da garganta ficavam rijos e só relaxavam com a falta de oxigénio no sangue. Só desmaiando por falta de oxigénio é que voltava a respirar.

Fiquei uma semana internado no hospital.

 

Reparei que muitas das coisas materiais que tenho não são o que me faz mais feliz, mas sim as pessoas que me rodeiam e sobretudo aquelas que não podem viver sem mim.

 

Uma nova missão dei à minha vida.

Preparar a minha filha para um dia viver sem os pais, porque isso é uma inevitabilidade.

Terá a sua vida e os seus filhos, o amor maior de uma mãe tal como ela é o meu maior amor.

 

Outra coisa me ocorreu.

Sem a proteção dos pais, quem vai ser a sua âncora?!

Quero partir tranquilo e isso só é possível se conseguir que a minha princesa fique rodeada de pessoas que a amem incondicionalmente.

Essa tarefa depende dela, de mim depende o mundo que ela vai herdar.

 

Cabe-me a mim e outros que se identificam com esta situação lutarmos no tempo que nos resta para construir um mundo melhor.

 

Para isso, é preciso fazer um exercício de adivinhação do que vai ser o futuro.

Perceber o que vai valer a pena viver daqui a 20 anos.

E, chegados aos cinquenta, percebemos que muitas coisas que fizeram parte ou condicionaram a nossa vida não fazem sentido, não têm interesse e não contribuem para a felicidade de ninguém.

 

Entre elas imensos preconceitos sobre profissões, estilos de vida ou o que é certo ou errado. Sendo que isso depende do contexto ou da época.

Algo que agora muda à velocidade da luz.

 

A minha missão é essa mesma.

Dizer à minha filha para não vestir uma roupa em casa e outra na rua.

Ser-se autêntico e assumido e viver a vida que nos faz feliz é o importante.

 

Tudo o resto são adereços.

A vida tem que ser vivida ao máximo, em pleno e sem complexos.

É a nossa vida ponto.

Só uma coisa importa: ser feliz.

 

Se todos estivermos bem connosco próprios o mundo também será um lugar melhor.

 

Por isso, cabe-nos a nós desmistificar os nossos heróis. Encontrar neles o ponto comum com quem os idolatra.

E esse ponto é a fragilidade do ser humano perante a dimensão de uma força maior: a natureza.

 

Lá no fundo somos todos iguais.

Não existe ninguém mais do que alguém. Ninguém.

Todos precisamos uns dos outros e todos fazemos falta.

Ninguém vive sozinho.

 

Urge conquistar esse mundo de igualdade e fraternidade e cabe-nos a nós, pais, trabalhar nesse sentido.

 

Pois, essa será a melhor herança que podemos deixar aos nossos filhos.

 

Deixar-lhes um mundo melhor!

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