1. Eis o tempo favorável, eis o dia da salvação! Será com estas palavras que, na Quarta Feira de Cinzas, São Paulo (em 2 Cor 6, 2) irá apresentar-nos o tempo pascal que então iniciamos.
É tempo de salvação, por nele celebrarmos o mistério salvífico que está no seu centro e o Apóstolo resume assim: A Cristo, que não conhecera o pecado, identificou-O Deus com o pecado por nosso amor, para que em Cristo nos tornássemos justiça de Deus (5, 21). É tempo favorável, em especial, para acolhermos o convite que precede e torna possível viver essa oferta da vida e vitória sobre a morte da parte de Cristo: Deixai-vos reconciliar com Deus! (5, 20). Que o mesmo é dizer: deixai-vos acolher por Deus, que no dom do seu Filho nos mostra até ao extremo como nos acolhe; e, por Ele acolhidos, acolhei-vos, a vós próprios e uns aos outros, morrendo com Cristo para o pecado, para vos deixardes invadir pela alegria daquele amor que é fonte de vida sem fim, a alegria da ressurreição.
2. O próprio Cristo nos sugere, no Evangelho da mesma celebração de Quarta Feira de Cinzas (Mt 6, 1-6.16-18), os meios para esse acolhimento a que, na nossa Diocese e no presente ano pastoral, damos especial relevo:
A oração, para o acolhimento de Deus: uma oração pela leitura ou escuta mais frequente e atenta da sua Palavra e pela recepção devidamente preparada dos seus sacramentos, com destaque para o da Penitência ou Reconciliação; uma oração em que nos unimos de modo especial a Maria, a Mãe do acolhimento, meditando no amor que a fez estar junto de seu Filho crucificado, o momento em que Ele levou o seu amor até à consumação de se dar todo por nós.
PUB- O jejum, para o acolhimento de mim próprio: um jejum, primeiramente, de uma alimentação excessiva e, porventura, menos saudável; mas jejum também de tudo o que pode escravizar-me, alienar-me, antes de mais, de mim próprio: hábitos ou vícios que prejudicam a saúde, minha, dos outros ou do meio-ambiente; ocupações que me não deixam encontrar comigo e com os que mais precisam de ser acolhidos, sabendo que, quanto mais acolher mais acolhido serei.
- A esmola, para o acolhimento dos outros: uma esmola que seja partilha de vida, de bens que dela fazem parte, porventura adquiridos a gastá-la; uma partilha que nasce da convicção de que o que tens e és provém, directa ou indirectamente, de Deus, recebido através das pessoas de que se tem servido para o dar; uma partilha que te possibilita prolongar a tua própria vida nas vidas daqueles a quem a dás; uma partilha que, deste modo, te conduz à alegria da ressurreição.
3. Desta partilha, que está aliada ao jejum e se alimenta da oração, faz parte o nosso contributo penitencial, que, este ano, será canalizado, em partes iguais, para dois fins:
- Na Diocese, para o Gabinete de Atendimento à Família (GAF), ligado à Ordem dos Carmelitas Descalços e especialmente vocacionado para o acolhimento de pessoas, vítimas de desprezo e rejeição, violências e carências, e a precisar do nosso apoio solidário.
- Fora da Diocese, para a construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus, na aldeia de Tando-Zinze, Paróquia de Nossa Senhora das Vitórias do Lucala-Zenze, Diocese de Cabinda (Angola), no lugar da que foi destruída durante a guerra que devastou este País irmão.
Congratulo-me, desde já, com todos os diocesanos pelos frutos salvíficos do tempo favorável e de salvação assim vivido. Para isso, que o Senhor, por intercessão de Maria sua e nossa Mãe, a todos encha das suas bênçãos!
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Viana do Castelo, 18 de Fevereiro de 2020, Memória de São Teotónio
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† Anacleto Oliveira,
Bispo Diocesano de Viana do Castelo
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