Miguel Alves: «A ponte é uma miragem e com 150 mil bilhetes vendidos o ferry é sustentável»

Ferry-boat

A aposta do município de Caminha é reactivar a navegação do ferry-boat, pois é de extrema importância a ligação entre esta vila e A Guarda.  Miguel Alves diz para quem ainda tinha alguma dúvida que a ponte «é uma miragem».

 

O ferry-boat Santa Rita de Cássia que navega desde 1995 unindo as duas margens tem sido de alguma forma alvo de contestação e dúvidas. Isto é: se é rentável e se não será um peso financeiro demasiado elevado para o município de Caminha e se não será preferível apostar numa nova forma de ligação sendo este concelho,  o único do vale do Minho que depende do transporte fluvial para garantir a ligação regular à Galiza, enquanto os restantes quatro concelhos da região dispõem de pontes internacionais.

Neste campo Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, é peremptório e diz que tal é uma «miragem» e recorda as palavras do ministro Poiares Maduro, aquando da visita a esta vila que afirmou «falar de uma ponte é estar a enganar as pessoas», salientando, ainda, este edil caminhense  que num momento como este em que «há uma quebra no investimento, as infraestruturas rodoviárias não têm dinheiro no próximo quadro comunitário», pelo que isso «leva a quem defende uma ponte   estar enganar as pessoas pela falta de condições financeiras e ambientais para a concretização da mesma».

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Houve, efectivamente, a oportunidade da referida ponte existir mas, sem definir quem foram os responsáveis, Miguel Alves salienta que agora é tarde demais, até porque existe uma num espaço de pouco mais de 10 quilómetros. Para o autarca a opção a ser feita deveria ter acontecido antes da construção da ponte de Vila Nova de Cerveira e num enquadramento que a pudesse colocar na descida da autoestrada em Lanhelas. «Alguma indecisão», mencionou Miguel Alves, levou a que neste momento seja demasiado complicado dizer a um agente que deverá aplicar milhões numa ponte quando bem perto já existe uma.

«É uma miragem» falar de uma ponte em Caminha que «nunca» vai acontecer, insiste o edil.

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Apostar ou deixar «cair» o ferry…

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Esta foi uma questão que esteve em cima da mesa quando este presidente caminhense assumiu funções no ano de 2013 na Câmara Municipal de Caminha. Mais: Miguel Alves salienta que «devido à falta de investimento do anterior município na embarcação e limpeza do canal, estava a caminhar-se para ter um ‘elefante branco’». Nesse tempo havia redução de horário nas travessias, redução do pessoal da embarcação, falta de limpeza do canal e, ainda, tinha sido vinculado que as travessias iriam acabar em Dezembro.

Há cerca de vinte anos que esta embarcação liga as margens de Caminha e A Guarda e no presente, segundo Alves, mais importância tem que ela exista em prol do desenvolvimento económico da região. Apesar de o município se enfrentar com uma dívida de 5 milhões de euros, a curto prazo,  somente havia duas possibilidades: apostar ou deixar ‘cair’ o ferry. Assim, a opção passou pela aposta na embarcação e efectuar a limpeza do canal e da desembocadura do ferry a «expensas próprias». Esta acção teve de ser desenvolvida com alguma precaução e melindre, e foram retirados cerca de 30 mil metros cúbicos de areia. O investimento efectuado custou aos cofres do município de Caminha cerca de 120 mil euros e a A Guarda com zero. Nesse sentido, foram feitas diligências por forma a tornar mais justo os lucros efectuados pela embarcação. Assim, neste momento, a venda de todos os bilhetes quer do lado de Portugal e Galiza revertem a favor da tesouraria do município de Caminha, cabendo ao outro lado assegurar os encargos com os funcionários da bilheteira e licenças necessárias. «É justo», acredita Miguel Alves.

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«Neste impasse, não»!

A aposta está feita e o grande esforço vai passar por voltar a cativar os utentes desta travessia, agora de uma forma normalizada, isto porque as travessias iniciam-se por volta das 8.00 até às 20.00 horas, sendo às meias horas do lado galego e às horas certas de Caminha.

Com vista a dinamizar ainda mais, recentemente foi feita divulgação turística para captar os turistas e excursões que se deslocam ao monte de Santa Tecla, que é o segundo ponto mais visitado na Galiza.

Voltar a dinamizar esta travessia e torná-la viável em termos financeiros não parece uma missão impossível, até porque há cerca de 8 anos eram vendidos cerca de 150 mil bilhetes, por forma a conseguir pagar as despesas da embarcação a nível do combustível e pessoal administrativo;  apesar de que em 2013 a queda foi acentuada, sendo vendidos unicamente 40 mil.  Miguel Alves considera que é possível voltar a estes números efectuando uma dinamização e divulgação adequada. No entanto, «não podemos esquecer que a limpeza do canal terá de ser novamente efectuada», e nesse sentido o presidente da Câmara Municipal de Caminha conjuntamente com o anterior alcalde de A Guarda enviaram uma carta para as tutelas para que estas assumam as suas responsabilidades na limpeza do canal e que se defina se esta travessia é prioritária, «pois a sua parte, Caminha faz, mas a limpeza de todo o canal é incomportável». Ainda sem resposta, Miguel Alves diz que sabe o que dizer à sua população: «o Governo não considera prioritária a travessia do rio Minho nem vai investir no ferry, e isso significa que nós temos de investir nele e custa x. Ou não temos capacidade financeira e temos de deixar cair o ferry». Neste impasse é que Miguel Alves diz «não poder continuar»!

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No que respeita à dívida do município galego para com Caminha já foram devolvidos 150 mil euros, mas o processo continua no tribunal, pois existe o argumento de que «alguma dívida tenha prescrito», mas o edil caminhense espera que esse argumento caia em julgamento, ao mesmo tempo  que se mostra ciente de querer resolver este impasse na base da «confiança».

Mais do que notório é o desassoreamento do rio Minho, e logo a diminuição do seu caudal. Nos picos da maré vazia, o manto de areia é enorme, e foi aumentando a olhos vistos nos últimos anos. Miguel Alves acentua que este é um fenómeno que tem vindo a «agravar-se» e que recentemente a Uniminho tomou uma posição quanto à «desresponsabilização do Governo regional galego e  das hidráulicas», por forma que a situação tem vindo a deteriorar as necessidades da classe piscatória. Haja vontade política para resolver o impacto ambiental que vive o rio Minho!

 

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