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Minhotos têm dois Amores: o Minho e Loures!

Passam precisamente 24 anos desde que foi constituído o Grupo Etnográfico Verde Minho. Constituído pelos minhotos radicados no Concelho de Loures com a missão de preservar e divulgar as suas raízes culturais, este grupo folclórico encontra-se inserido no meio social do concelho de Loures que tão bem acolheu as suas gentes que um dia partiram das suas terras de origem à procura de melhores condições de vida e aqui se fixaram.

Texto: Teotónio Gonçalves (Loures)

Os minhotos vieram para a região de Lisboa sobretudo a partir dos começos do século vinte. Eram eles os taberneiros e carvoeiros que emparceiravam com os seus vizinhos galegos – da Galiza d’Além Minho. Do Concelho de Caminha vieram os pedreiros e estucadores, de Arcos de Valdevez os padeiros do Soajo e ainda os ervanários de Melgaço, os taberneiros de Vila Nova de Cerveira e os hoteleiros de Monção e Terras de Bouro. Com a expansão urbanística verificada para os concelhos da periferia da capital verificada na década de sessenta do século passado, muitos minhotos acabaram por fixar-se nomeadamente no concelho de Loures.

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Os minhotos são gente alegre e festeira, mas trabalhadora e respeitadora das normas vigentes pelo que facilmente se integrou no meio social que o acolheu, respeitando os costumes locais e contribuindo com o seu esforço e dinamismo para o progresso local. Não admira, pois, que as gentes minhotas que vivem no concelho de Loures mostrem com frequência terem dois amores – o Minho, extremosos filhos que nunca esquecem as suas raízes. Mas, para além da sua dedicação filial à terra que os viu nascer, trazem ainda no coração aquela que no seu seio os acolheu como terra natal e dos seus ancestrais e, em relação à qual dedicam todo o seu afeto, quais se aí tivessem nascido – o concelho de Loures!

Se ao Minho devotam todo o seu amor filial, por Loures nutrem um profundo sentimento de gratidão pela forma hospitaleira como os acolheu. Foi aqui que, à falta de melhores condições na sua terra natal, estabeleceram o seu lar, construíram a sua vida profissional e o seu sucesso e é ainda no concelho de Loures que dão largas à sua maneira de ser, alegre e festeira, transmitindo a outras gentes as grandezas da sua terra de origem. E, se os minhotos jamais esquecem as suas origens, não é menos verdade que os que vivem no concelho de Loures se tornaram lourenses de alma e coração!

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Ao escolheram a designação “Verde Minho” para identificarem as suas origens, foi com toda a propriedade que o fizeram. Afinal de contas, o Minho é a região mais profusamente verdejante de Portugal. E, são eles próprios que citam o escritor transmontano Miguel Torga quando este disse “…no Minho tudo é verde, o caldo é verde, o vinho é verde…“. Com efeito, não podiam, pois, os minhotos que vivem no Concelho de Loures deixar de tomar para si a identificação cromática que caracteriza a sua terra de origem e que, curiosamente, aqui vêm encontrar, ainda que de uma forma menos exuberante.

Através da sua atuação, visa ainda a promoção cultural, sobretudo junto dos mais jovens e a sua identificação com as tradições culturais da região de origem dos seus pais, a valorização dos seus conhecimentos musicais e da etnografia Portuguesa.

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As danças e cantares que exibem são alegres como as mais exuberantes romarias do Minho. Trajam de linho e serrobeco e vestem trajes de trabalho e domingueiros, de mordoma e de lavradeira, de noivos, de ir ao monte e à feira. Calçam tamancos e ostentam o barrete e o chapéu braguês. As moças, belas e graciosas nos seus trajes garridos, mostram os bordados que constituem obras primorosas das suas delicadas mãos, denunciando o seu tanto artístico. Exibem com garbo os seus colares de contas e a reluzentes arrecadas de filigrana que constituem obra-prima da ourivesaria minhota, de ancestral tradição.

Cantam ao som da concertina e da viola braguesa, do bombo e do reque-reque, dos ferrinhos e do cavaquinho, dançam a chula e o vira, a rusga e a cana-verde, com a graciosidade e a desenvoltura que caracteriza as gentes do Minho. O seu reportório foi recolhido em meados do século passado, junto das pessoas mais antigas cujo conhecimento lhes foi transmitido ao longo de gerações, nas aldeias mais remotas das serranias da Peneda e das Argas, nas margens do Minho e do Lima, desde Melgaço a Ponte da Barca, do Soajo a Viana do Castelo. Levam consigo a merenda e os instrumentos de trabalho que servem na lavoura como a foicinha e o malho, os cestos de vime e os varapaus, as cabaças e os cabazes do farnel.

O Minho foi a sua primeira pátria – o berço da nossa nacionalidade. Qual hino a louvar o Criador, terra luminosa e verde que a todos nos seduz pelo seu natural e infinito encanto, salpicado de capelinhas aonde o seu povo acorre em sincera devoção, o Minho é representado em Loures por cerca de meia centena de jovens, uns mais do que outros, que presenteiam a quem lhes assiste com o que de mais genuíno têm para oferecer – o seu Folclore! O seu encontro de culturas denominado FolkLoures, mudou a sua data para o primeiro sábado de julho em cada ano. O Grupo Etnográfico Verde Minho encontra-se ao dispor de Loures e das suas instituições. Ele encontra-se à disposição para abrilhantar qualquer espetáculo ou festa local com a alegria e colorido caraterísticas das gentes minhotas, bastando para tal contatá-lo através do número 964 006 657.

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